´Esse vÃrus não escolhe raça´, diz fiscal que está há 50 dias em barreira sanitária em Fronteira
09/05/2020 12h47Fonte Cidade Verde
Imagem: Reprodução
A pandemia causada pelo novo coronavírus mudou a rotina de profissionais na tentativa de barrar a disseminação da covid-19 no Brasil. Na área de saúde, por exemplo, muitos estão se desdobrando para dar conta de inúmeras demandas. É o caso dos fiscais das vigilâncias sanitárias dos municípios piauienses. Eles estão na linha de frente das barreiras sanitárias instaladas em mais de 70 cidades. O objetivo é evitar que pessoas que chegam de outros estados transmitam o coronavírus no interior. O Cidadeverde.com foi atrás desses profissionais e encontrou a Tailândia Sousa, que está há mais de 50 dias comandando a fiscalização no município de Fronteiras.O município – que fica a 400km ao Sul de Teresina – é estratégico para o combate ao coronavírus, já que faz divisa com o Ceará, um dos mais afetados no país pela covid-19, com 14.956 casos e 966 mortes. “Estamos há mais de 50 dias nesse trabalho. Tem sido muito intenso e cansativo, mas é gratificante em poder ajudar a população do meu município no combate ao covid-19. Trabalhamos com fiscalização de estabelecimentos essenciais e não essenciais e o monitoramento na barreira”, disse ao Cidadeverde.com.
Tailândia trabalha na área de vigilância sanitária há 15 anos, destes, dez anos são como gerente da Vigilância Sanitária de Fronteiras. Mãe do Bruno e do Gustavo, ela se considera uma guerreira, mas não esconde o medo do coronavírus.
“Está na linha de frente dá medo. A gente sai cedo e não tem hora pra voltar pra casa. Estamos lidando com todo público. Estamos atuando nas barreiras sanitárias fazendo o monitoramento das pessoas que estão chegando. O meu maior medo como profissional de vigilância sanitária é contrair esse vírus e trazer pra dentro da minha casa. O medo faz parte e nos dá coragem de continuar a batalha todos os dias para retardar a chegada do vírus em nosso município. Esse trabalho precisa seguir. A população precisa muito, nesse momento, desse trabalho da vigilância sanitária”, afirma.
Para Tailândia, evitar o coronavírus é uma tarefa de todos, já que ele não distingue classe social.
“A lição que eu tiro é que nós somos acostumados a viver em sociedade e por razões obvias hoje a gente tem que se recolher. Não ir às ruas sem necessidade e em estabelecimentos não essenciais. A sensação de fragilidade hoje toma conta da gente. A gente não sabe como lidar. Esse vírus não escolhe cultura, raça e cor. Estamos todos em um mesmo barco. É difícil para a sociedade distinguir este problema. Problema que não é só meu, mas do mundo todo”, ressalta, lembrando que a “guerra” contra o coronavírus requer união.
“Ricos e pobres estão sendo enterrados ao redor de todo o mundo. O momento atual traz a oportunidade de exercitar a solidariedade e se preocupar com o bem de todos. A lição que eu tiro, é que em relação à covid-19, somos todos iguais e estamos no mesmo barco. Ou cada um faz a sua parte ou a gente não vai conseguir vencer essa guerra. Juntos somos mais fortes”, afirma.
A gerente de Vigilância Sanitária relata os mesmos medos de toda a população, só que com uma particularidade: sai de casa todo dia para tentar barrar o vírus.
“Minha rotina nesses 50 dias é trabalho e casa. Eu tenho muito medo. Como eu moro próximo aos meus pais e eles já moram em cidade com casos positivos, a tensão só aumenta. O medo de você não poder estar do lado das pessoas que você ama. Tenho dois filhos que ficam comigo. Meu medo é intenso. Mal se consegue dormir direito, mas estamos aqui firmes e fortes que tudo isso vai passar e vamos sair sem maiores estragos”, declarou.