EUA e Brasil têm de ser 'parceiros iguais', diz Obama no Rio
21/03/2011 06h09Fonte G1
Após uma maratona intensa desde as 10h da manhã no Rio de Janeiro (RJ), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que EUA e Brasil não dever sem parceiros "sênior" e "júnior", mas parceiros iguais. Ele começou o discurso no Theatro Municipal, no Rio, informalmente, dizendo 'oi, Rio de Janeiro', 'Alô, cidade maravilhosa' e 'Boa tarde a todo o povo brasileiro'.Ele agradeceu ao "calor e à generosidade" do povo brasileiro com ele e sua família. Ele disse que "soube que tem um jogo importante de futebol" entre Vasco x Botafogo neste domingo no Rio e que "o jogo brasileiro leva o futebol a sério", então agradeceu aos presentes que preferiram prestigiá-lo.. Ele lembrou que sua primeira lembrança do Brasil foi ter isto o filme brasileiro "Orfeu da Conceição", de Marcel Camus, quando era criança, com sua mãe. Obama afirmou que sua mãe, já falecida. jamais poderia imaginar que sua primeira viagem ao Brasil seria como presidente dos EUA.
Obama também disse que nunca imaginou que este país era tão bonito, citando a canção "País Tropical", de Jorge Ben Jor. O americano falou que viu beleza tanto na natureza como nos grupos humanos brasileiros, referindo-se vários estados, como Rio, São Paulo e Minas. O democrata chamou a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, de "maravilhosa presidente" e comemorou a oportunidade que teve de conversar com ela na véspera, em Brasília. Obama disse que queria falar com o povo brasileiro sobre o que os países podem fazer no futuro. Ele lembrou que as origens históricas dos dois países são semelhantes, desde a colonização até a luta contra a escravidão.
Obama lembrou que os EUA foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil e lembrou também da atuação conjunta dos dois países na Segunda Guerra Mundial. "No Brasil, vocês lutaram por duas décadas durante a ditadura, pelo direito de serem ouvidos", lembrou. Mas, segundo ele, estes dias acabaram, e hoje o Brasil é uma democracia, onde "uma criança pobre de Pernambuco" pode chegar à Presidência, em uma alusão ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele voltou a falar sobre o fato de o país ter conseguido tirar "milhões" da pobreza.
Imagem: G1Obama no Brasil
Barack Obama também lembrou sua visita à Cidade de Deus, mais cedo neste domingo, que, segundo ele, foi "resgatada do medo". Ele disse que o Brasil saiu da posição de precisar de ajuda de outros países, e hoje ajuda outros países. Ele lembrou que o Brasil vai "receber" o mundo com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Obama brincou com o fato de que o Rio "não era sua cidade favorita" para os jogos. Ele torcia por Chicago, sua base política. Ele voltou a dizer que o Brasil não é mais "o país do futuro", mas já colhe os frutos do desenvolvimento. Obama disse que o povo americano não só reconhece, mas torce pelo progresso do papel.
SOBRE O JAPÃO
Ele lembrou a catástrofe do Japão, citando o fato de o Brasil ter uma grande colônia japonesa. Obama prometeu ficar ao lado dos japoneses até a recuperação. Obama voltou a lembrar que EUA e Brasil comungam de muitos valores, como o respeito à educação e à democracia. Ele disse que os milhões de brasileiros que chegaram à classe média não fizeram isso em uma economia fechada. "A democracia é o maior parceiro do progresso humano", disse Obama, sob palmas. Obama disse que EUA e Brasil devem trabalhar em conjunto, mesmo quando estejam discordando. "Nós sabemos que diferentes nações escolhem diferentes caminhos para a democracia", disse.
LEMBROU DE DLMA
Obama voltou a falar sobre a passagem do Brasil da ditadura à democracia e referiu-se à presidente Dilma e ao seu passado de militância durante o regime ditatorial. "Essa mulher sabe o que é vencer, e ela é a presidente Dilma Rousseff", disse Obama, também sob aplausos. Obama celebrou o fato de Brasil e EUA serem países onde "pessoas comuns" fizeram "coisas extraordinárias", com seu passado de países feitos por imigrantes.
DEU EMBAIXADINHAS
Nem os tanques do Exército, nem o policiamento ostensivo intimidaram os moradores da Cidade de Deus em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Na comunidade, crianças e idosos se espremeram em lajes na busca de um melhor lugar para ver a visita, que durou pouco mais de 20 minutos. "É um momento gistórico para a gente", disse o motorista José Carlos Melo, de 50 anos, que passou a noite acordado em uma vigília por Obama com os vizinhos. "Vale a pena, é a nossa comunidade sendo valorizada", disse ele. Por volta das 11h20, uma comitiva de mais dez carros luxuosos anunciavam a presença da família Obama na comunidade. No banco traseiro de um dos veículos, Barack e Michelle acenavam. Aos gritos de "Obama, Obama", o presidente e a esposa, acompanhados das famílias Malia e Sasha, entraram na Fundação de Apoio à Infância e Adolescência (FIA), para um espetáculo de percussão e capoeira, por crianças e adolescentes da Cidade de Deus. Logo na chegada, político cumprimentou pais e alunos, e se dirigiu a crianças que brincavam com uma bola. Arriscou embaixadinhas. Sem intimidade com a bola no pé, desistiu.
Imagem: G1Obama batendo bola
COM CAMISA DO FLA
A torcida do Flamengo já pode gritar: 'Obama é melhor que Eto'o'. A operação montada pelo clube para presentear o presidente americano funcionou, e ele recebeu a camisa das mãos da presidente Patrícia Amorim, por volta de 11h da manhã deste domingo, no campo da Gávea. A 'operação Obama' contou com lances inusitados e um diálogo entre presidentes. Como o forte esquema de segurança impede que Obama receba qualquer pacote ou envelope, Patrícia Amorim adotou uma estratégia ousada: foi vestida com a camisa do Fla para entregar ao convidado ilustre. Com uma blusa social por baixo, ela tirou a do Fla que vestia e a entregou a Obama. Na camisa, estava o número 10 com 'Barack' escrito abaixo. Detalhe: durante seu discurso ele lembrou que domingo era dia do clássico Vasco X Botafogo.
DISCURSO DE OBAMA
Na tarde deste domingo (20), o presidente norte-americano, Barack Obama, discursou para cerca de 2 mil convidados no Theatro Municipal, na Cinelândia, Rio de Janeiro. Leia o discurso abaixo: Alô, Rio de Janeiro. Alô, Cidade Maravilhosa. Boa tarde todo o povo brasileiro. Desde o momento em que chegamos, o povo desta cidade tem mostrado para a minha família o calor e a receptividade de seu espírito. Quero agradecer a todos por estarem aqui, pois sei que há um jogo do Vasco ou do Botafogo. Eu sei que os brasileiros não abrem mão do futebol. Uma das primeiras impressões que tive do Brasil veio de um filme que vi com minha mãe, “Orfeu Negro”. Minha mãe jamais imaginaria que minha primeira viagem ao Brasil seria como presidente dos EUA. Vocês são mesmo um “país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza”.
Imagem: G1Obama
BRASIL E EUA COLÔNIAS
Ontem tive um encontro com a sua presidente, Dilma Rousseff. Hoje, quero falar com vocês sobre as jornadas dos EUA e do Brasil, que são duas terras com abundantes riquezas naturais. Ambos os países já foram colônias e receberam imigrantes de todo mundo. Os EUA foram a primeira nação a reconhecer a independência do Brasil. O primeiro líder brasileiro a visitar os EUA foi Dom Pedro II. No Brasil, vocês lutaram contra a ditadura, pedindo para serem ouvidos. Mas esses dias passaram. Hoje, o Brasil é um país onde os cidadãos podem escolher seus líderes e onde um garoto pobre de Pernambuco pode chegar ao posto mais alto do país. Foi essa mudança que vimos na Cidade de Deus. Quero dar os parabéns ao prefeito e ao governador pelo seu excelente trabalho. Porém, não se deve olhar para a favela com pena, mas como uma fonte de artistas, presidentes e pessoas com soluções.
SOBRE LÍBIA E POSSÍVEL MAL ESTAR COM DILMA
O conselheiro de Barack Obama para as Américas, Daniel Restrepo, afirmou que a presidente Dilma Rousseff não expressou mal-estar sobre as operações militares na Líbia durante seu encontro com o presidente dos Estados Unidos neste sábado (19), em Brasíllia. Segundo Restrepo, Obama e Dilma conversaram sobre a questão líbia quando estiveram reunidos no Palácio do Planalto. "Não houve expressão de mal-estar por parte da senhora Rousseff" em relação à autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas para uma coalizão formada por Estados Unidos, França e outros países atacarem a infraestrutura do regime líbio, afirmou Restrepo.