Exército do Irã diz duvidar que Trump tenha coragem de executar ameaças

05/01/2020 09h13


Fonte G1

O Exército do Irã respondeu neste domingo (5) as recentes ameaças feitas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra o país afirmando que "duvida" que o americano tenha coragem de executar seus planos. Em uma série de posts, Trump afirmou que os EUA têm 52 alvos para lançar ataques caso o Irã busque vingança pela morte do general Qassem Soleimani.

"Num potencial conflito no futuro, o que eu não acredito que eles (americanos) tenham coragem de realizar, vai ficar mais claro onde os números 5 e 2 vão se encaixar"
, disse o general Abdolrahim Musavi, de acordo com a agência iraniana Irna.
"Dizem esse tipo de coisa para desviar a atenção da opinião pública mundial de seus atos odiosos e injustificáveis, mas duvido que tenham coragem", completou.

O ministro das Comunicações e Tecnologia da Informação do Irã, Mohammad Javad Azari-Jahromi, também criticou Trump. Pelo Twitter, ele chamou o presidente norte-americano de "terrorista de terno".

Neste domingo (5), o Irã convocou, pela terceira vez nos últimos cinco dias, o representante suíço dos interesses americanos em Teerã para responder à ameaça de Trump de que Washington teria alvos iranianos na mira se o Irã atacasse americanos. (veja abaixo).

Ameaças de Trump

O presidente norte-americano Donald Trump disse na noite deste sábado (4) no Twitter que tem na mira 52 alvos no Irã, "alguns deles de alto nível e de grande importância" para o país, e que não hesitará em atacá-los caso os iranianos atinjam algum americano em vingança pela morte do general Qassem Soleimani.

"Que sirva de alerta de que se o Irã atacar quaisquer americanos ou instalações americanas, nós temos 52 locais iranianos como alvo (representando 52 reféns americanos feitos pelo Irã muitos anos atrás), alguns deles de alto nível e grande importância para o Irã e para a cultura iraniana, e esses alvos, e o próprio Irã serão atingidos muito rápido e com muita força. Os Estados Unidos não querem mais ameaças!"
, escreveu.

Na postagem, o presidente norte-americano classificou como audaciosas as ameaças feitas pelo Irã de vingar a morte de Soleimani e classificou o general como "líder terrorista". Ele comandava uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã e era considerado a segunda pessoa mais importante do país.

Trump acusou o militar de há pouco matar um americano e de ferir muitos outros, "sem mencionar todas as pessoas que ele matou durante sua vida, incluindo recentemente centenas de manifestantes iranianos".

"O Irã não tem sido outra coisa senão problema"
, afirmou no tuíte.

Já na madrugada deste domingo (5), o presidente voltou a postar sobre o assunto em sua rede social. Trump elevou o tom, reafirmando que se os EUA forem atacados irão revidar.

"Eles nos atacaram e revidamos. Se eles atacarem novamente, o que eu recomendo fortemente que não façam, nós os atingiremos com mais força do que nunca"

Em outro post, Trump enalteceu o poderio militar e o investimento de US$ 2 trilhões do país em equipamentos no setor e reafirmou que não hesitará em usá-los contra o Irã caso uma base ou qualquer americano seja atacado.

Funeral de 4 dias

Qassem Soleimani foi morto na última quinta-feira (2) após um ataque aéreo com drones em Bagdá, capital do Iraque. Neste sábado, dezenas de milhares de iraquianos acompanharam seu funeral.

Ao todo, a cerimônia terá duração de 4 dias. O corpo saiu de Kadhimiya, um distrito xiita de Bagdá, e passou pelas cidades de Karbala e Narjaf. No domingo (5), chegou ao Irã. Na segunda-feira (6) o cortejo seguirá para Teerã e, na terça-feira (7), chegará a Kerman, cidade natal do general, onde será realizado o enterro.

Líderes mundiais tentam aplacar tensão

A morte do general escalou as tensões no Oriente Médio e líderes de várias partes do mundo se manifestaram para tentar evitar novos ataques na região.

O presidente francês, Emmanuel Macron, se reuniu com o presidente iraquiano, Barham Salih, neste sábado. Eles se comprometeram a permanecer em contato para garantir a estabilidade no Iraque.

Macron também diz ter conversado com outros líderes mundiais sobre a situação:

"A escalada de tensões no Oriente Médio não é inevitável. A França tem duas prioridades que eu compartilho com todos os líderes envolvidos com os quais entro em contato: a soberania e segurança do Iraque, bem como a estabilidade da região; a luta contra o ISIS e o terrorismo. Nada deve nos distrair desses objetivos"
, escreveu Macron no Twitter.

Barham Salih já tinha condenado na sexta-feira (3) o ataque e pedido moderação de todas as partes.

O ministro das relações exteriores da Alemanha, Heiko Maas, disse neste sábado ao jornal "Bild am Sonntag" que vai tentar conversar com o governo do Irã e outros parceiros na região para evitar o aumento da violência.

"Todos temos que estar conscientes de que qualquer provocação pode levar a uma espiral de violência incontrolável, com consequências imprevisíveis para toda a região e também para a segurança da Europa", disse Heiko Maas.

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