Mudança de regras eleva preço de energia para novos projetos eólicos
02/09/2018 09h05Fonte Folha Press
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O leilão de energia realizado na última sexta-feira (31) contratou 2,1 GW (gigawatts) de potência em novas usinas geradoras, que deverão ser entreguem em um prazo de até seis anos.
Serão investidos R$ 7,684 bilhões para construir os projetos, com contratos que somam R$ 23,67 bilhões, com prazos de 20 a 30 anos. O destaque da concorrência foi a fonte eólica, que contratou 53% da garantia física total e obteve um desconto no preço inicial de 60,15%, a um preço de R$ 90,45 por megawatt-hora.
No último leilão, realizado em abril, as usinas eólicas haviam chegado a um recorde R$ 67,60. O aumento de preço já era esperado, devido a mudanças na forma de contratação dos projetos, que passaram a ter um risco maior para os empreendedores.
Também foram contratados projetos de usinas hidrelétricas, que tiveram um deságio de 37,4%, e termelétricas, com desconto de 41,6%.
O volume de contratação é definida pelas distribuidoras, que traçam projeções do quanto o consumo vai subir nos próximos anos. A demanda ficou dentro do esperado pelo mercado, que projetava uma alta em relação ao último leilão, porém modesta, devido à retomada lenta da economia.
O certame sofreu um atraso de seis horas, após uma decisão liminar da Justiça do Rio de Janeiro paralisar a concorrência –para a qual se inscreveram 1.090 projetos, com 59 GW de potência instalada, em 21 estados.
A liminar foi resultado de uma disputa entre uma das concorrentes, a Evolution Power Partners, e a estatal EPE (Empresa de Pesquisa Energética) sobre habilitação de uma usina térmica para disputar o leilão.
A decisão foi derrubada pela AGU (Advocacia-Geral da União) no STJ (Superior Tribunal de Justiça) à tarde. O leilão traz novidades na contratação das usinas de energia eólica e das térmicas.
No caso da energia eólica, a mudança é na forma de contratação, que passará a trazer mais risco aos investidores, o que deverá resultar em um preço mais alto -após a fonte bater recordes de barateamento, no último leilão. Até agora, os projetos eram contratados por disponibilidade, ou seja, as usinas se comprometiam a gerar uma quantidade de energia por ano e não precisavam arcar com o risco de a geração ficar abaixo do esperado em determinado mês.
Com o novo contrato, haverá mais risco: se em um determinado mês os ventos forem mais fracos que o projetado, o empreendedor terá que compensar a diferença, comprando energia no mercado de curto prazo, a preços mais altos.
"Em tese, vai subir o preço, mas talvez ele não seja tão afetado neste leilão porque a competição ainda é acirrada", afirmou Elbia Gannoum, presidente da Abeeolica (associação da indústria eólica).
Foram inscritos no certame o equivalente a 27 GW de potência, mas a expectativa do setor é que a demanda pela fonte seja de 1 GW. No leilão de abril, os projetos eólicos tiveram desconto no preço inicial de mais de 70%, com preço recorde de R$ 67,60.
Para Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, os preços serão maiores que no último leilão e acompanham um movimento do governo de retirar subsídios do setor elétrico.
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