"Não é por dinheiro", diz sobrevivente do caso Salve Rainha sobre ação de indenização

16/03/2020 09h18


Fonte Cidade Verde

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarOs amigos Bruno Queiroz, Jader Damasceno e Júnior Araújo(Imagem:Reprodução)Os amigos Bruno Queiroz, Jader Damasceno e Júnior Araújo
 Com crise de pânico, ideação suicida e marcas vísiveis no corpo, o jornalista Jader Damasceno busca viver um dia de cada vez, após sobreviver ao crime no trânsito que matou os irmãos Júnior Araújo e Bruno Queiroz, em 2016. Único sobrevivente do acidente que ficou conhecido como caso Salve Rainha, ele se viu cara a cara no Tribunal Popular do Júri com o autor das mortes dos amigos e responsável pelas sequelas em seu corpo. Moaci Moura Júnior foi condenado a 14 anos de reclusão, em março deste ano, por homicídio doloso no trânsito. Agora, Jader busca Justiça na área cível com ação de reparação de danos morais, materiais e estéticos.

"Não é sobre dinheiro, não é por dinheiro. Fiquei com tantas sequelas. Só quero Justiça já que na esfera criminal ele foi condenado que pague em todas as esferas. Não foi só meu trauma e a morte dos meus amigos. Tiveram os gastos médicos com todo o tratamento. Ele escolheu beber e dirigir e agora tem que pagar", disse Jader Damasceno.

Em decorrência do crime doloso no trânsito, o jornalista sofreu paralisia cerebral, traumatismos craniano e torácico, perda parcial da visão e audição entre outras sequelas física e psicológica.

Pelo tempo em que ficou sem trabalhar, Jader recebeu R$ 18 mil parcelados em 12 vezes referente aos lucros cessantes, os quais foram concedidos por meio de liminar nessa mesma ação.

"O lucro cessante conseguimos por meio de liminar porque era um direito garantido. Ele deixou de trabalhar por um certo período devido as lesões que o requerido fez. Já houve audiência de conciliação, nessa, diante da concessão da liminar. Fizemos acordo para que o valor de R$ 18 mil fosse pago em 12 vezes, e já foi pago. Agora resta o juiz julgar os danos estéticos, morais e materiais", explica Jakeline Carvalho, advogada de Jader.

Formalmente, o jornalista voltou a trabalhar em uma emissora de televisão dois anos após o acidente que ocorreu em 2016, mas diz que "desde que sentou em uma cadeira de rodas, voltou a trabalhar". Ele prefere não comentar sobre o valor pedido na indenização.

A audiência de instrução pelos danos estéticos, morais e materiais está marcada para esta terça-feira (17) quando, mais uma vez, serão ouvidos a vítima, os requeridos e testemunhas, bem como serão apresentadas as últimas provas.

"A ação é contra o Moaci e os pais dele. Isso porque a doutrina e jurisprudência são pacificas no sentido de que, em matéria de crime automobilístico, o proprietário e o condutor do veículo são civil e solidariamente responsáveis pelos danos causados, isso porque ao confiar o seu veículo a outrem, o dono assume o risco do uso indevido. No presente caso, o carro que o Moaci dirigia é de propriedade do pai dele que por sua vez é casado, por isso a ação é contra eles três, os quais chamamos de requeridos. Portanto, o pai e mãe foram colocados no polo passivo por essa razão", explica a advogada.

Sobre o valor pedido na indenização, Jakeline Carvalho também não se manifestou e diz que vai aguardar a sentença do juiz.

"Todas as indenizações são amparadas pelo Código Civil e quem pratica o homicídio culposo já é devedor dos danos para a vítima quem dirá quem pratica homicídio doloso, no caso dele. É direito do Jader receber. Ele não tá querendo nada a mais do que é de direito dele", finaliza a advogada

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Tópicos: liminar, advogada, sequelas