Solteiros têm 42% mais chance de desenvolver demência do que casados, conclui estudo
01/12/2017 13h15Fonte BBC
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O casamento pode ajudar a evitar a demência?
Uma pesquisa recente sugere que solteiros têm 42% mais chances de desenvolver esse tipo de desordem ao longo da vida do que quem é casado.
O estudo, liderado por pesquisadores da University College London (UCL), no Reino Unido, mostra que entre os viúvos, esse risco é 20% maior, enquanto os divorciados têm a mesma chance de apresentar demência que pessoas casadas.
O resultado da pesquisa é baseado na análise e comparação de 15 estudos individuais realizados previamente, com um total de 812 mil participantes, sobre a relação entre estado civil e demência.
A descoberta, publicada na revista científica Journal of Neurology, Neurosurgery, and Psychiatry, pode ser explicada de diversas formas.
Segundo os pesquisadores, o casamento pode mudar a exposição das pessoas a fatores de risco e de proteção em relação à demência. Estudos mostram, por exemplo, que quem é casado costuma adotar estilos de vida mais saudáveis.
"Os cônjuges podem ajudar a incentivar hábitos saudáveis, cuidar da saúde dos parceiros e dar um apoio social importante", avalia Laura Phipps, do Alzheimers Research UK, instituto de pesquisa sobre a doença, considerada a forma mais comum de demência.
Pesquisas anteriores já mostraram que, entre os fatores que contribuem para o aumento do risco de demência, estão: falta de atividade física, hipertensão, obesidade, isolamento social, baixo grau de educação, entre outros.
Reserva cognitiva
Segundo o novo estudo, há evidências de que pessoas casadas também são mais propensas a interagir socialmente.
De acordo com a pesquisa, a interação social ajuda a construir uma reserva cognitiva e a reduzir o risco de desenvolver demência ao longo da vida.
"O estudo sugere que a interação social pode ajudar a construir uma reserva cognitiva - uma resiliência mental que permite que as pessoas vivam por mais tempo com uma doença como o Alzheimer antes de apresentar os sintomas", explica Phipps.
Estresse do luto
Os pesquisadores também indicam que o luto pode ter relação direta com o aumento do risco de demência - o estresse provocado pela perda tem um efeito prejudicial sobre os neurônios do hipocampo do cérebro (considerado a sede da memória em nosso cérebro), o que explicaria a incidência maior da doença entre os viúvos.
Outra possível explicação é que o surgimento da demência esteja relacionado a aspectos cognitivos - que influenciam o comportamento de cada indivíduo - e traços da personalidade.
Segundo o estudo, pessoas com dificuldade de flexibilidade de pensamento ou comunicação - e consequentemente menor reserva cognitiva - podem ser menos propensas a se casar, em sociedades na qual o casamento é considerado norma social. Logo, haveria apenas uma correlação entre os fatores: pessoas que desenvolvem demência também costumam ser solteiras, e as duas condições seriam resultantes de um terceiro fator.
Novas gerações
Neste sentido, a pesquisa sugere que o risco de pessoas solteiras desenvolverem demência vem possivelmente diminuindo nas novas gerações.
"Ficar solteiro tornou-se mais comum. Pode ser que pessoas solteiras nascidas na segunda metade do século 20 tenham menos características cognitivas e de personalidade incomuns", diz trecho do estudo.
Já entre os viúvos a incidência se mantém estável ao longo do tempo.
Com prevenir?
A pesquisa mostra ainda que o risco de desenvolver demência na viuvez é atenuado a depender do nível educacional da pessoa. Já entre os solteiros, um dos componentes que afeta o aumento do risco seria o agravamento de problemas da saúde física.
"Pessoas solteiras ou viúvas podem ter menos oportunidades de engajamento social à medida que envelhecem, mas nem sempre é o caso. Essa pesquisa aponta para diferenças nos níveis de atividade física e educação subjacentes a grande parte das diferenças no risco de demência entre solteiros, casados e viúvos", pondera Phipps.
De acordo com o estudo, a prevenção da demência em pessoas que não são casadas deve "se concentrar na educação e na saúde física, considerando o possível efeito da interação social como um fator de risco modificável".
Mas, segundo Phipps, a dica vale para todos. "Permanecer fisicamente, mentalmente e socialmente ativo são aspectos importantes de um estilo de vida saudável e são coisas que todo mundo, independentemente do estado civil, pode trabalhar."
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