Alunos do IFPI tem trabalhos reconhecidos internacionalmente
21/08/2016 08h45Fonte G1 PI
Matemática. Essa continua sendo para alguns estudantes uma das disciplinas mais difíceis de ser entendida. Não para Kennedy, Manassés e João que cursam o 7º periodo do curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal do Piauí (IFPI) e que apresentaram em um congresso na Alemanha seus trabalhos de pesquisa sobre novas formas de estudar a disciplina.O grupo formado pelos três alunos e acompanhado pelo coordenador do curso e orientador Francismar Holanda desembarcou em Hamburgo, na Alemanha, para participar e apresentar trabalhos científicos no 13º Congresso Internacional de Educação Matemática. O evento é considerado o mais importante da área de educação matemática e acontece de quatro em quatro anos.
Imagem: Antônio Kennedy/Arquivo PessoalGrupo formado alunos e professores desembarcaram na Alemanha.
Tudo começou quando, durante o período de inscrição do evento, Francismar incentivou os alunos a submeterem os seus trabalhos científicos. “Eles me questionaram se poderiam submeter os trabalhos para esse evento e os encorajei a isso. Quando veio a noticia de quem eles haviam conseguido, requeri junto a Reitoria do IFPI o custeio da viagem, que foi toda de responsabilidade deles. E houve também a complementação por parte do Capes-Pibid”, contou o coordenador do curso.
Naquele momento o maior desafio dos estudantes era a língua. A professora de inglês do IFPI Fátima Sousa se prontificou a ajuda-los para que eles se sentissem mais confortáveis nas apresentações e destacou a importância do trabalho dos estudantes.
“O encontro tem como língua oficial o inglês, então foram feitas aulas intensas para que eles pudessem se comunicar melhor. Eu os orientei como deveriam falar e também ensinei expressões básicas para o convívio. Eu adorei poder ajuda-los e conhecer um trabalho tão lindo que eles fizeram, um trabalho que para qualquer professor é importante, porque eles procuram ensinar a matemática de uma forma mais leve e lúdica, chamando assim a atenção do aluno”, disse.
Para Antonio Kennedy, que fez a apresentação oral do trabalho, o evento foi um momento impar tanto na vida pessoal, quanto na vida profissional. “Poder estar entre os maiores matemáticos do mundo e apresentar meu trabalho e pesquisa é muito gratificante. Além de enriquecer meu currículo, de me tornar mais experiente, também me acrescentou vários conhecimentos. Pude discutir com vários nomes importantes e de grande conhecimento na minha área”, explica o estudante.
O estudante falou ainda da importância de conhecer diferentes culturas. “Outro ponto é o quão interessante foi conhecer outras culturas. Saber como funcionam outras universidades e ensinos de outros países foi extraordinário”, destacou.
João Alves, que apresentou o trabalho em banner, não consegue esconder o orgulho que foi participar do evento e conta como as pesquisas apresentados pelos piauienses foram muito elogiados. “Para mim foi formidável participar de um evento tão grandioso. Tinha representante de mais de 100 países e nós pudemos ver como diversos países investem na educação matemática. Mais o melhor foi ouvir os elogios aos nossos trabalhos. Estávamos entre mestres, doutores e PHDs e por diversas vezes fomos confundidos com eles. As pessoas viam nossos trabalhos e não acreditavam que ainda éramos graduandos. Éramos os únicos estudantes no meio de vários matemáticos com diferentes títulos”, contou.
Segundo o participante Manassés da Silva, foi gratificante ver que os trabalhos tiveram uma grande repercussão e reconhecimento internacional. “Nossos trabalhos foram desenvolvidos em uma escola pública, nós estudamos em um instituto público, ainda não terminamos a graduação e tivemos reconhecimento internacional. É um privilégio enorme. Sinto que fizemos nossa parte como docentes e futuros professores”, explicou.
Francismar apontou ainda a importância que é para o IFPI ter alunos como esses, que se esforçam para pesquisar novas formas de ensino. “Eles foram os únicos graduandos selecionados para estar no evento e para apresentar as pesquisas. Eles eram únicos no meio de um hall muito elevado. Foi um feito inédito e para o instituto isso é de um valor muito grande. Nós conseguimos colocar a instituição na frente de muitas outras e conseguimos passar para os colegas a importância da licenciatura”, afirmou.
Os trabalhos
Voltado especificadamente para a educação na disciplina de matemática, as pesquisas e testes dos trabalhos foram realizados na escola pública Liceu Piauiense. Durante o congresso na Alemanha, dois dos trabalhos foram apresentados em banner e um outro em apresentação oral.
O trabalho do João Alves é voltado o ensino da matemática por meio da união do teatro de luz negra e do Tangram, jogo que trabalha com formas geométricas.“Para o estudante de ensino fundamental e médio é uma ótima forma de trabalhar as figuras geométricas, que por diversas vezes é passado aos alunos de forma pouco interessante. Na minha pesquisa, nós usamos as peças do Tangram colorida com cores neon e trabalho com a luz negra, estimulando o estudo da geometria”, explicou.
Antonio Kennedy que fez a pesquisa em parceria com Neurivan Humberto, também aluno do curso de Licenciatura, explicou que em seu trabalho foi utilizado um componente bem conhecido pela matemática, que é a Torre de Hanoi, só que com algumas modificações. “O que nós fizemos foi utilizar o jogo dentro de sala de aula. Os alunos são as próprias peças, eles têm que pensar juntos. Assim se aprende muito sobre potência, um assunto por vezes maçante, mas que dessa forma se torna fácil”, contou.
Manassés da Silva trabalhou com a geometria 3D e quais conteúdos podem ser estudados com ela. “O 3D ultrapassa a geometria. Conteúdos como semelhança de triângulos e álgebra linear também podem ser estudados. É uma técnica que pode ser usada no ensino fundamental, médio e superior. A ideia é que seja usada ao menos três vezes no ano letivo. O trabalho é baseado no efeito mostrado em jogos de futebol, onde ao redor do campo tem propagandas em lonas no chão, mas que dependo do ângulo em que é filmado, fica parecendo um bloco. Para os alunos esse efeito é muito interessante, chama a atenção. Outro ponto é que essa oficina é feita com o próprio celular do aluno”, explicou.