Arremessadores ganham R$ 70 para jogar objetos na Casa de Custódia

29/01/2019 08h05


Fonte CidadeVerde.com

A entrada irregular de objetos na Casa de Custódia de Teresina é um desafio para a Secretaria Estadual de Justiça. Dados da unidade prisional revelam que, somente neste ano, foram apreendidos 68 celulares no presídio.

Além dos celulares, 500 pilhas, 102 baterias de celular e 85 chips de operadoras telefônicas foram encontrados na Casa de Custódia neste mês de janeiro. Moradores da Rua Professor Antônio Rodrigues, onde fica localizado o presídio, relatam que são constantes as ocorrências de pessoas que tentam jogar objetos para dentro da unidade prisional. A prática faz com que os vizinhos do presídio evitem sair de casa.

“É rotina. Quase todo dia tem gente jogando coisa para dentro da Casa de Custódia e a gente escuta muito barulho de tiro. Aqui ninguém mais senta na porta de casa por medo”,
conta o cobrador de ônibus, Luís de Sousa,58 anos.

O sistema de monitoramento da Casa de Custódia flagra a ação de arremessadores e a Sejus tenta combater a prática. No última sexta-feira (26) um agente de segurança da secretaria estadual de Justiça flagrou um suspeito de tentar jogar pilhas e celulares no muro do presídio.

A TV Cidade Verde teve acesso a um vídeo que mostra a ação do agente da Sejus que estava de campana em um carro descaracterizado. Nas imagens o suspeito desce de um táxi na Rua Professor Antônio Rodrigues com uma sacola na mão. O agente pede para ele parar. Mas o rapaz segue correndo e balas de borracha são disparadas. Os tiros atingem o suspeito que, mesmo assim, consegue fugir. A Sejus conseguiu apreender quatro celulares, pilhas e baterias que estavam com o jovem.

Outro vídeo feito no sábado (27) mostra o exato momento onde um jovem arremesa uma objetos no muro da Casa de Custódia e, em seguida, foge em uma motocicleta.

Arremessadores ganham R$ 70 por "carga"

O diretor de Assistência Militar da Sejus, tenente coronel Luís Antônio Pitombeira, reconhece o desafio da secretaria para combater a prática dos arremessadores. Telas de proteção foram reforçadas no presídio e ainda sim os materias lançados pelo lado de fora entram na unidade prisional.

Segundo o diretor, jogar objetos no muro da Casa de Custódia virou rotina porque as revistas foram endurecidas e materiais irregulares "quase não entram mais" no presídio por meio de visitantes.

Por trás do ato do arremessadores de objetos, a Sejus afirma que há um grande comércio. De acordo com a diretoria de Assistência Militar, um celular chega a custar R$400. A unidade da pilha, que serve para carregar os celular, vale até R$ 60. E as baterias custam R$120. O setor de inteligência da Sejus também descobriu que os arremessadores ganham R$70 por "carga" arremessada.

No vídeo gravado na última sexta-feira o suspeito desce de um táxi. De acordom com o Sejus, os taxistas sabem que estão transportando arremessadores e cobram R$ 150 por corrida. A secretaria está monitorando este profissionais.


A Sejus deve estabalecer comunicação com outros órgãos públicos para que os alvarás de quem usa táxi para cometer crimes seja cassados.

O diretor também defende um endurecimento na legislação para que, principalmente os arremessadores, sejam enquadrados e fiquem presos. Hoje, na maiorias do casos é assinado um Termo Circunstanciado de Ocorrência e eles são liberados.

"Quando é apreensão de celular e pilha há uma dificuldade na legislação em se fazer enquadramento. A secretaria de Justiça vai conversar com o secretário de Segurança e com o poder judiciário para buscar uma forma de endurecer com essas pessoas. fica difícil tomar alguma providência ostensiva e preventiva na área externa. Sei da dificuldade do trabalho da Polícia Militar em ter que botar viatura efetiva para patrulhar 24 horas o entorno do presídio para evitar que pessoas joguem objetos. Eu acho que a caneta é bem mais barata, é uma medida mais enérgica para combater as pessoas que praticam isso de forma mais evidente e rápida".