Cabeleireiras se unem contra o preconceito e criam campanha de valorização do cabelo crespo no PiauÃ
23/05/2021 08h51Fonte G1
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As críticas, os olhares e o preconceito com os cabelos crespos fizeram com que um grupo de profissionais de cabelos naturais do Piauí iniciasse uma campanha de valorização da beleza da mulher com cabelos crespos.Elas contam que quem tem cabelo crespo precisa enfrentar diariamente algumas situações constrangedoras, simplesmente porque decidiu usar o seu cabelo natural. Pensando nisso, a campanha "Identidade Crespa" busca valorizar e mostrar como o cabelo crespo é lindo.
Uma das idealizadoras da campanha é a profissional de cabelos crespos e cacheados Kati Monteiro. Ao G1 ela afirmou que a sociedade ainda encara que o cabelo liso é a melhor opção. Ela mesma chegou a alisar os cabelos, mas hoje prefere seus cachos.
“Uma das piores coisas são os olhares. As pessoas te olham como se você não estivesse arrumada. Ainda existe a ideia que você tem que estar com os cabelos lisos ou em um coque, para estar apresentável. Isso machuca a gente. Eu usei meu cabelo alisado por uns 15 anos, até optar por usar natural. No primeiro dia que tirei toda a química do cabelo, o meu avô me falou que eu só andava ‘assanhada’. Então isso é muito enraizado e cultural, de ter que estar dentro de um padrão para se encaixar”, lamentou.
Ela explicou que a sobrinha de sete anos chegou a pedir para ter o cabelo alisado, mas com muita conversa sobre como tratar e valorizar o cabelo crespo, hoje a menina adora o cabelo natural.
“Eu e a mãe da minha sobrinha conversamos com ela, falamos que não precisava alisar, trabalhamos isso e hoje ela ama o cabelo black dela. Então o que você vê dentro de casa ajuda muito e valoriza a autoestima da criança”, destacou Kati Monteiro.
A campanha iniciou em abril deste ano, com a divulgação de vídeos mostrando a importância de aceitar o cabelo na sua forma natural. Uma segunda etapa da campanha pretende ajudar moradores de regiões mais carentes no tratamento dos cabelos crespos.
“Estamos elaborando um projeto que queremos levar serviços para a comunidade. Ainda não projetamos direito como vamos fazer, mas queremos levar cursos de embelezamento para as mães poderem cuidar das filhas, para que a gente consiga tirar das redes sociais e levar para a prática”, explicou Kati Monteiro.