"Carnaval sem escola de samba não é Carnaval", lamenta presidente do Sambão
12/02/2018 08h40Fonte Cidadeverde.com
A saudade dos desfiles das Escolas de Samba salta aos olhos do presidente do Grêmio Recreativo Escola de Samba Sambão, Manoel Messias, que não consegue esconder a tristeza delas terem ficado mais uma vez fora da programação oficial do Carnaval de Teresina em 2018.Messias conta que, neste ano, fica a esperança do edital para 2019 ser lançado pela Prefeitura de Teresina e vê com otimismo a possível parceria-público privada para que a Avenida Marechal Castelo Branco, onde ocorrem os desfiles, volte a ser a passarela do samba.
“Essa ideia foi ótima porque veio à esperança de que vamos ter carnaval próximo ano e as pessoas terão que preencher todos os pré-requisitos para poder desfilar. Agora, esperamos que esse edital venha realmente a vigorar. Todos os anos, assim que passa o carnaval, ficam falando que vão preparar para o próximo ano, que a Comissão Organizadora do Carnaval vai acontecer, mas não acontece”, conta Messias, que dois 69 anos, 45 foram como membro do Sambão, inclusive sendo um dos seus fundadores.
Imagem: Thiago Amaral
Messias lembra ainda que o carnaval é um período em que as pessoas acabam por receber uma renda extra, pois surgem mais empregos e serviços.
“O dinheiro que a gente recebe de apoio da Prefeitura acaba voltando para ela por meio dos impostos. Da costureira aos pintores, são centenas de pessoas que ficam esperando essa renda extra, assim como as pessoas que ficam vendendo bebidas e comidas durante o percurso do desfile”, reforçou o sambista.
“Nós somos a única Escola de Samba que nunca deixou de desfilar. Quando me perguntam se esse ano vai ter desfile em Teresina, chega dói dizer que não”.
Organização e Evitar infrações
Manoel Messias ressaltou que a diretoria das Escolas de Samba, assim como todos os seus membros, precisam ter mais atenção e organização para evitar infrações que pune não somente quem as cometeu; como ocorreu em 2016, quando algumas escolas não prestaram contas ao poder público, outras não chegaram a desfilar no dia marcado.
“As infratores precisam ser punidas porque não podem pegar o dinheiro público e usar indevidamente, mas ocorreu que todas as escolas foram punidas e ficaram fora do carnaval, até as que fizeram tudo certinho; a punição também foi pra própria população de Teresina que ficou sem prestigiar os desfiles”, lamenta o sambista.
No último desfile, há dois anos, o Sambão fez homenagem ao escritor piauiense Júlio Romão com samba-enredo.
O bloco que virou escola de samba, e voltou a ser bloco.
Antes de ser Escola de Samba, o Sambão era bloco e, com a ausência dos desfiles, voltou a ser bloco em 2017 para não deixar de participar da programação de carnaval, com a Bateria Pulsação.
“A Escola de Samba surgiu oficialmente no ano de 1973, antes saímos como bloco. Os moradores se reuniam para a festa, facilmente a gente juntava uns 100 jovens, o Centro naquela época era habitado por muitas famílias. Nós íamos visitar os ensaios da Império do Samba, no Mafuá, a gente achava muito bonito até que decidir fazer um aqui (na Baixa da Égua)”, conta um dos fundadores.
“O povo de Teresina já se identifica com a folia do Carnaval. Eu já estive presente em muitos eventos de Carnaval aqui e é impressionante a animação do povo. É a coisa mais linda. Mas, neste ano, não tem Escola de Samba, que é o principal, mas nós vamos fazer um desfile pequeno, com os próprios participantes, para não deixar passar em branco”.
Neste ano, a escola ganhou um novo espaço para os ensaios, também na região da Baixa da Égua, pois perderam a antiga quadra em uma disputa judicial. “A gente sofreu com essa perda, mas o carnaval continua e já estamos com um novo espaço”, disse Messias. O novo endereço é na Rua Benjamin Constant, a poucos metros da antiga quadra.
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