Caso Gabriel Brenno: acusado de matar estudante é julgado no Tribunal do Júri em Teresina
07/03/2022 11h49Fonte G1 PI
Imagem: ReproduçãoJulgamento da 2ª Vara do Tribunal do Júri em Teresina.
O julgamento de Deivid Ferreira de Sousa acontece nesta segunda-feira (7), na 2ª Vara do Tribunal do Júri no Fórum Criminal de Teresina. Ele é acusado de matar o estudante Gabriel Brenno Nogueira da Silva Oliveira, de 21 anos, com um tiro na cabeça no Centro da capital, no dia 17 de julho de 2019.
A ex-mulher do acusado, Thayanne Fernandes, foi a primeira a depor na audiência e pediu que o réu deixasse o plenário por se sentir constrangida em falar na frente dele.
A juíza Maria Zilnar Coutinho Leal fez os primeiros questionamentos sobre o relacionamento de Thayanne com o acusado e com a vítima. Depois passou o interrogatório para o promotor do caso, João Malatto.
Ela afirmou que soube da morte de Gabriel por meio da Polícia Civil e foi sozinha à delegacia. “Fiquei sem saber o que fazer. Eu desmaiei”. Desde então, ela não teve mais contato com a família do réu.
Thayanne Fernandes contou como conheceu a vítima. Ela disse que começou a conversar com Gabriel Brenno pelo Instagram, que aceitou a solicitação por terem amigos em comum da academia e chegaram a conversar pessoalmente uma vez.
Ela afirmou que estava “separada de corpos” de Deivid, mas ainda morava com ele. Segundo ela, seu relacionamento com Deivid sempre foi abusivo e ele a difamava, enviando prints das conversas dela para a faculdade dela e o trabalho, relatando a traição.
Sobre o crime, ela revelou que “foi um baque muito grande. Não imaginava que ele fosse capaz de fazer isso”.
Após a primeira separação, eles tentaram salvar o relacionamento. “Se eu soubesse que ia chegar a esse ponto, eu não teria voltado”.
Thayanne Fernandes contou também que já tinha sido traída pelo réu Deivid Ferreira de Sousa e que tentou ir embora depois disso. “Eu já estava querendo ir embora e ele não deixava. Ele me fazia tortura psicológica”.
Segundo a comerciária, Deivid quebrou um celular seu e lhe deu um novo a ela, mas disse que ficaria com o aparelho porque foi ele quem comprou.
Ela destacou que com este celular, Deivid conversava com Gabriel. Thayanne não soube de ameaças por parte do réu. Gabriel dizia a Deivid, nas conversas, que não sabia que a mulher era comprometida.
Imagem: Reprodução/TV ClubeSuspeito de matar Gabriel Brenno, Deivid Ferreira pediu perdão.
A testemunha disse que dependia financeiramente de Deivid e que, se se separasse, teria que ir embora para União. Ela contou que nunca tinha visto arma de fogo na casa em que morava com Deivid.
Thayanne contou que, desde o crime, ela evita ler reportagens jornalísticas sobre o assunto. “Eu sofro muito com isso tudo”, discursou, caindo no choro.
A juíza deu uma pausa no depoimento para a informante se recuperar. Depois, ela relatou que o réu era muito ciumento e até para tomar banho ela tinha que ficar com a porta do banheiro aberta.
Segundo ela, o réu já a agrediu com dois socos, enquanto ele estava embriagado. “A gente brigava muito”, diz.
A mulher contou ainda que, após a separação, Deivid a procurou para reatar porque ele estaria sofrendo muito e pediu um encontro. Como estava com muito receio, ela aceitou rever o réu na frente de uma igreja, no Centro de Teresina.
O crime
Imagem: Arquivo PessoalGabriel Brenno, de 21 anos, foi baleado na cabeça no Centro de Teresina.
O estudante Gabriel Brenno, de 21 anos, foi baleado na cabeça no dia 17 de julho de 2019, logo após sair da pensão onde morava na Rua Paissandu, no Centro de Teresina.
O estudante foi socorrido e encaminhado para o Hospital de Urgência de Teresina, onde ficou seis dias internado até falecer no dia 23 de julho.
Imagens de câmeras de segurança (veja abaixo) de estabelecimentos localizados na região onde aconteceu o crime flagraram o momento em que o estudante foi baleado.
Nas imagens é possível ver o atirador esperar o estudante sair da pensão para surpreendê-lo. Depois do tiro, o suspeito fugiu correndo.
O suspeito foi identificado como o motorista de aplicativo Deivid Ferreira. Ele foi preso após 21 dias do crime, no bairro Verde lar, Zona Leste de Teresina.
Segundo denúncia do Ministério Público, o crime foi premeditado. "De acordo com os depoimentos prestados em fase investigativa, a vítima estava saindo da pensão em que se hospedava, quando o denunciado chegou e sem qualquer justificativa disparou contra a vítima que estava de costas, ainda fechando o portão, tendo o denunciado fugido logo após o crime. Conforme depoimentos de funcionários da pensão em que a vítima se hospedava, o denunciado, dias antes de praticar o crime, tentou se hospedar na referida pensão, o que demonstra o planejamento para a prática do crime", informou.
O MP apontou que o assassinato ocorreu por motivo fútil, porque o acusado teve ciúmes da relação da companheira com Gabriel Brenno.
"Os depoimentos das testemunhas e do próprio acusado, em seu interrogatório, apontam que o crime se deu por motivo fútil, já que o denunciado ceifou a vida da vítima por ciúmes, pela suposta ocorrência de um envolvimento amoroso entre a vítima e a companheira do autor do crime", destacou o MP.