Cinco dias antes da morte de Emily, PMs do 5º BPM balearam pintor na zona Leste

04/01/2018 08h19


Fonte Cidadeverde.com

A Polícia Civil revelou nesta quarta-feira (3) que estava investigando uma abordagem mal sucedida de policiais do 5º Batalhão da Polícia Militar, que terminou com o pintor Gustavo de Oliveira Silva ferido no abdômen. O caso aconteceu na zona Leste de Teresina no dia 20 de dezembro, cinco dias antes da morte da garota Emily Caetano, baleada por policiais do mesmo batalhão na avenida João XXIII na noite do feriado de Natal.

Segundo o delegado Ademar Canabrava, do 12º Distrito Policial, o inquérito deve ser encaminhado à justiça nesta quinta-feira (4).

“Ao analisar esse caso vimos que os depoimentos se contradiziam, por exemplo, o policial envolvido disse que a vítima, durante a abordagem, estava com uma mão para fora do veículo apontando uma arma de fogo para a viatura e, para se defender, disparou contra o carro. Depois que o motorista parou o carro, eles fizeram uma revista e encontraram um simulacro de arma embaixo do banco do motorista, mas a vítima nega a existência dessa arma”, relatou o delegado.

A prisão de Gustavo ocorreu já na Avenida João XXIII, também na zona Leste. O delegado afirmou que ele não tem passagens pela polícia. Três disparos atingiram o carro do Gusvato, somente quando ele parou e saiu do veículo foi que os policiais viram que um dos disparos o atingiram.

A vítima relatou ao Cidadeverde.com que tinha acabado de sair de um posto de gasolina na avenida Homero Castelo Branco, quando percebeu que estava sendo perseguida.

De acordo com Canabrava, a vítima afirmou que o simulacro não pertencia a ele e que foi uma situação planejada. "O próprio frentista do posto, em depoimento, disse que não sabia dessa arma e que Gustavo não teria tentado assaltar o posto, e sim danificou uma bomba de combustível e empreendeu fuga para não pagar os danos", declarou. Em depoimento, o frentista, que não teve a identidade revelada, disse que Gustavo estava em alta velocidade quando atingiu a bomba do posto.

"Eu saí do posto após quase bater na bomba de gasolina. Segui viagem, mas eles ligaram para a polícia. Os policiais foram atrás de mim e me abordaram próximo à AABB. Eles jogaram sinal alto pra mim, mas não tinha como eu parar por causa dos outros carros. Quando consegui ir para o acostamento eles foram logo atirando assim que eu parei o carro",
afirmou Gustavo.

O pintor, que estava só no carro, conta que após ser baleado nas costas foi jogado na carroceria da viatura e levado para a Central de Flagrantes. "A bala atravessou o carro, o banco, e pegou em mim. Eles abriram a porta, me bateram e jogaram na carroceria. Fui levado para a Central, depois pro hospital do Satélite, depois pra central de novo e só depois pro HUT", declarou.

O rapaz de 22 anos conta ainda que passou por uma cirurgia de reconstrução do intestino e só conseguiu contato com a família no dia seguinte. "Eles me falaram que não iam me dar o celular para ligar. Quando fui avisar minha família eu já estava na enfermaria do hospital no dia seguinte, por volta das 3 horas da tarde", afirmou.

Com o caso do pintor, sobe para três o número de ocorrências graves envolvendo policiais do 5º BPM em menos de dez dias. No dia 21 foi decretada a prisão preventiva de dois praças do Batalhão investigados pelo sumiço de R$ 300 mil no assalto ao Banco do Nordeste no dia 19. O dinheiro até hoje não apareceu.

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Tópicos: bomba, delegado, posto, policiais