Comunidade quilombola preserva cultura e lendas regionais no Piauí

06/11/2022 14h09


Fonte G1 PI

Imagem: ReproduçãoComunidade quilombola preserva cultura e lendas regionais no Piauí(Imagem:Reprodução)Comunidade quilombola preserva cultura e lendas regionais no Piauí

A comunidade Quilombo, na zona rural de Altos, a 42 km de Teresina, nasceu a partir de escravos que fugiam de uma fazenda situada no interior de José de Freitas, a 55km da capital. Durante anos e anos, a localidade, atualmente com cerca de 400 famílias, foi se formando e repassando seus valores, história e lendas para as outras gerações.

O programa Piauí de Riquezas deste sábado (5) visitou a comunidade acompanhado do pesquisador Maxuel Marques. Ele apresentou a fazenda que deu origem ao vilarejo Quilombo.

"Aqui, nesta fazenda, é um local que teve evasão de escravos para as comunidades quilombolas. A comunidade Quilombo é onde os escravos se situaram, formaram famílias e lá eles foram se desenvolvendo, crescendo. Foi dessa fazenda que tudo começou", afirmou o pesquisador.

Ao redor da fazenda é possível observar restos de construções de senzalas. Pela estrutura arquitetônica do local, a propriedade é do século XVIII. Por dentro da mata fechada do serrado, os escravos se estabeleceram a 6 km deste local, na comunidade que mais tarde seria denominada de Quilombo, distante a 18 km de Altos.

Na região, culturas seculares são preservadas, como a roda de São Gonçalo e a farinhada. Além disso, não existe nenhum registro escrito sobre o surgimento da comunidade, o pouco que se sabe fica guardado na memória dos moradores mais antigos, como a lavradora Maria Borges.

"Quando eu nasci, já ouvi meus pais, meus avós, falando de Quilombo. Falavam que tinham escravos aqui por conta de trabalharem obrigados, e tinham as pessoas que faziam paredão com pedra para garantir seu refúgio. E também, o Quilombo nesse tempo tinha engenho, onde se fazia o açúcar a cachaça, a rapadura e tinha um canavial muito grande. E nesse tempo era muito sofrimento", relembrou a senhora.

Apesar de Quilombo ser registrada em 1992, há indícios de que ela existe a mais tempo, provavelmente desde o inicio do século XIX. A suposição vem a partir da estrutura arquitetônica da fazenda e de uma moeda, encontrada pelo agricultor Antônio Ferreira, datada de 1816.

"Quando nós estávamos cavando um buraco para justamente por um placa sobre o calçamento da comunidade, localizamos essa moeda dentro da terra, foi uma surpresa pra gente e essa moeda veio para nos despertar que aqui é antigo, muito antigo", comentou Antônio.

A moeda pode até ajudar na contagem dos anos, mas tem pouco valor financeiro. Tesouro mesmo na região, é uma lenda contata de geração em geração.

De acordo com a lenda, em uma grande árvore do povoado, está enterrado um grande tesouro que foi guardo pelo fazendeiro José Venâncio, antes de sua morte, que era muito rico. Dias antes de seu falecimento, ele enterrou os artigos em ouro e plantou uma árvore no local.

"As pessoas contam que todos os seu objetos era de ouro, botões, abotoaduras, colares. E quando ele faleceu, foi sepultado, nenhuma dessas coisas foram encontradas. Os artigos de ouro sumiram ou desapareceram. Essa lenda mexe com o imaginário popular das pessoas da comunidade. Tanto é que os moradores locais já fizeram escavações clandestinas na tentativa desesperada de encontrar esse tesouro", afirmou o pesquisador Maxuel.

Com o passar dos anos, a lenda é repassada e novas escavações são feitas, mas até o momento, nada foi encontrado.

Tópicos: quilombo, pesquisador, lenda