Defensoria Pública sabia que servidor era investigado por cobrar propina
20/02/2015 08h13Fonte G1 PI
Imagem: Fernando Brito/G1Delegados Carlos César, Riedel Batista e Kleydson Ferreira.
O delegado da divisão de combate à corrupção do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), Kleydson Ferreira Costa, informou nesta quinta-feira (19) que a Defensoria Pública do estado do Piauí sabia que o defensor, identificado pela Polícia como Adriano Moreti Batista, era investigado por cobrar propina em processos na cidade de União, a 59 km de Teresina e o manteve em atividade mesmo assim. Ninguém da Defensoria Pública do Piauí foi encontrado para comentar a afirmação da polícia.
De acordo com Kleydson, pelo menos três vítimas foram lesadas pelo defensor que chegava a cobrar até R$ 5 mil por cada ação. Adriano Moreti foi preso nesta quinta-feira (19) e em depoimento à polícia, ele alegou inocência e afirmou que quem cobrava dinheiro pelos serviço da defensoria era sua secretária.
Imagem: Fernando Brito/G1Clique para ampliarDelegado diz que suspeito está sendo investigado por corrupção passiva.
De acordo com o advogado de defesa do suspeito, Jurandir Porto, seu cliente é inocente e sua prisão foi um erro. “O decreto de prisão foi um equívoco. Os motivos alegados no decreto não se sustentam. O próximo passo vai ser provar sua inocência e fazer o pedido de liberdade”, contou.
Segundo o coordenador da Greco, delegado Carlos César, Adriano Moreti já praticava ações ilícitas na Defensoria Pública do Piauí desde julho de 2014 quando um inquérito foi instaurado contra o servidor. Segundo ele, a prisão foi decretada porque o suspeito continuava no exercício de suas atividades.
"O defensor poderia estar lesando outras vítimas em conluio com a secretária que também foi indiciada, mas não foi presa por ter confessado participação no crime. O inquérito já tinha sido instaurado no ano passado através de uma requisição da promotora de justiça de União, Giane Moura Carvalho, que ouviu as vítimas e recebeu as reclamações sobre pagamento em atendimento do defensor", contou.
O coordenador afirmou ainda que extratos bancários, documentos e os depoimentos das vítimas são consideradas provas concretas contra o suspeito. "A prisão preventiva foi decretada com um segundo inquérito policial contra o suspeito. Além das duas vítimas lesadas no ano passado, chegou ao conhecimento da Polícia uma terceira vítima. Cada solicitação de entrada em ações pela defensoria pública, ele cobrava uma quantia em dinheiro no valor de até R$ 5 mil. O que é considerado crime de corrupção, por cobrar propina por um serviço público", contou.
De acordo com o delegado Keydson Ferreira, a prisão preventiva do servidor foi decretada nesta quinta-feira (19) pelo desembargador Edvaldo Moura, que assumiu o caso e entendeu a urgência na prisão preventiva. Segundo ele, as vítimas chegaram a procurar o defensor e reclamaram que seus processos não tiveram continuidade e que por conta disso, poderiam denunciá-lo. Diante da situação, Adriano chegou a devolver R$ 10 mil para duas das vítimas.
"Ele está sendo indiciado por corrupção passiva e de acordo com o código penal, Adriano pode pegar entre oito e 12 anos de reclusão. Por ser defensor público, tem foro privilegiado e vai ficar preso no Quartel da Polícia Militar", disse o delegado. "A Defensoria atende a pessoas carentes que não tem condições de arcar com os serviços de um advogado. Portanto, se aproveitar disso, é um golpe contra a sociedade", finalizou o coordenador da Greco.