Delegada anuncia criação de novos órgãos para combater feminicídio

07/03/2016 14h05


Fonte G1 PI

Novos órgãos para combater o feminicídio no Piauí devem ser criados ainda este ano pelo governo do estado. A medida foi anunciada pela subsecretária da Secretaria da Segurança Pública, delegada Eugênia Vila, durante audiência pública nessa quarta-feira (3) na Câmara Municipal de Teresina.

Imagem: Gustavo Almeida/G1Audiência pública debateu enfrentamento ao feminicídio no Piauí.(Imagem:Gustavo Almeida/G1)

Segundo ela, a população passará a contar com a Delegacia de Feminicídio, Central de Gênero (que funcionará na Central de Flagrantes de Teresina), uma nova Delegacia da Mulher na Zona Sul da capital e outra para investigar crimes cometidos pela internet com base nas relações de gênero, que conforme a delegada, será a primeira no país.

"O estado vem avançado com medidas para combater a violência contra a mulher, especialmente após a criação do Núcleo do Feminicídio. No entanto, precisamos de mais políticas públicas voltadas para a mulher e para reforçar o enfrentamento a esses casos",
destacou.

Somente no ano passado, 63 mulheres foram assassinadas, sendo 22 em Teresina e 41 no interior do estado. No mesmo ano, a polícia contabilizou 2.003 casos de ameaça, 1.635 registros de injúria e 664 ocorrências de lesão corporal.

Este ano, nos meses de janeiro e fevereiro foi registrado um assassinado na capital e seis nas demais cidades. Somente na primeira semana de março, três mulheres foram mortas.

Imagem: Gustavo Almeida/G1Clique para ampliarDelegada Eugênia Villa apresentou dados durnate a audiência.(Imagem:Gustavo Almeida/G1)Delegada Eugênia Villa apresentou dados durnate a audiência.

Além de contabilizar os casos, o Núcleo do Feminicídio traça o perfil das vítimas e alerta sobre como prevenir este tipo de crime.

"Nós temos leis de proteção à mulher, no entanto, é preciso uma legislação específica que atenda esse público em cada cidade. No caso do feminicídio, são inúmeras vertentes, mas nós queremos prevenir e isso perpassa por outras políticas públicas de segurança, saúde e educação. Devemos pensar também na autonomia da mulher e não apenas trabalhar no enfrentamento ou quando ela é assassinada",
avaliou a delegada Eugênia Vila.

A vereadora Rosário Bezerra (PT), que propôs a audiência pública e é autora do projeto Lei da Maria da Penha nas escolas, comentou os dados divulgados pela subsecretária. Ela destacou que fez uma cobrança para que o poder executivo mantivesse as delegacias abertas 24 horas e a capacitação das pessoas que trabalham nos distritos para receber essas vítimas.

"Não podemos admitir mulheres serem mortas por serem mulheres. Infelizmente, mesmo com a Lei Maria da Penha, os crimes têm aumentado e os homens continuam matando as mulheres. Também vamos pedir mais casas abrigo para as vítimas, porque se não houver intervenção elas continuarão sendo ameaçadas e até mortas",
comentou.

A audiência pública contou com a participação de representantes de diferentes órgãos e entidades. Entre as presentes está a promotora Amparo Paes, Nailma Freitas, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PI, e a superintendente relações sociais do governo, Sônia Terra, além da senadora Regina Sousa.

Veja mais notícias sobre Piauí, clique em florianonews.com/piaui

Tópicos: mulher, estado, casos