Detentos matam companheiro de cela em punição por estupro
07/03/2017 13h26Fonte Cidadeverde.com
Mais um detento foi assassinado dentro do sistema prisional do Piauí. No início da madrugada desta terça-feira (07), Reinaldo Lopes de Moura, 33 anos, foi encontrado pendurado em uma das celas do pavilhão D, na Penitenciária Regional José de Deus Barros, em Picos. Cleiton Holanda, vice-presidente do Sinpoljuspi, explica que os detentos suspeitavam que a vítima havia estuprado a própria mãe, um crime considerado inaceitável, de acordo com uma espécie de “código penal” que se criou entre presos do sistema penitenciário brasileiro."Os detentos resolveram julgar o preso. Dentro dos presídios, a condenação para detentos que estupram a mãe é a morte. Os agentes perceberam uma movimentação estranha por volta de meia-noite e encontraram o detento morto, pendurado em uma corda de lençois. Contudo, a perícia constatou que ele foi assassinado e, inclusive, tinha hematomas e várias costelas quebradas. Os presos devem ter matado por espancamento e tentaram simular um suicídio. A vítima não teve chances de defesa ou socorro. Suspeitamos que todos os detentos do pavilhão D tenham participação na morte", disse Holanda.
O Sinpoljuspi informou que Reinaldo Lopes ( que estava preso há menos de 20 dias) estava preso por tráfico de drogas e violência doméstica contra a mãe. Já a Secretaria de Justiça do Estado diz que contra ele pesavam também as acusações de extorsão e estupro.
Imagem: Cidadeverde.com
José Roberto, presidente do Sindicato, acrescenta que, por pouco, mais um motim não aconteceu no presídio. Durante a vistoria, após movimentação estranha na penitenciária, os agentes peceberam que quase todas as celas do pavilhão C haviam sido arrombadas.
"Os pavilhões C e D têm uma rixa. Quando os detentos do pavilhão C perceberam que estava acontecendo algo no pavilhão ao lado, eles quebraram os cadeados para se proteger de um possível ataque dos rivais e todos estavam no pátio. Os agentes correram um enorme risco", diz José Roberto que denuncia a superlotação e fragilidade da penitenciária.
Com capacidade para 144 detentos, a Penitenciária Regional José de Deus Barros abriga mais de 400. Em novembro do ano passado, dois detentos foram mortos durante rebelião. De acordo com o Sinpoljuspi, esta é a sexta morte em presídios do Estado em 2017.
"Após a rebelião houve uma pequena reforma, de acordo com o Governo, acompanhada por engenheiros. Contudo, sabemos que a manutenção foi feita pelos próprios detentos e com materiais reaproveitados. Então, quando há qualquer movimentação, os presos conseguem arrebentar com facilidade os cadeados tirando barras de ferro da estrutura", denuncia o Sinpoljuspi.
Em nota, a gerência da Penitenciária Regional José de Deus Barros, em Picos, informou que ainda está investigando a causa da morte do detento. A Delegacia de Homicídios e o Instituto de Medicina Legal (IML) foram acionados para fazer a perícia e proceder com os encaminhamentos necessários sobre o caso.
A Secretaria de Justiça do Estado abriu sindicância para apurar as circunstâncias em que ocorreu a morte do detento e solicitou abertura de inquérito policial.
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