Dia do Circo: circenses comemoram retorno do público após quase 2 anos parados devido à pandemia
27/03/2022 12h16Fonte G1
Imagem: Reprodução
Segundo o diretor da companhia, Lucian Régis Barbosa, de 32 anos, o circo tinha estreado há cinco dias, na Arena Fonte Nova, Salvador (BA), quando o período de quarentena iniciou em março de 2020 no estado."A gente parou achando que ia ser 15, 20 dias, 30, no máximo, e ficamos um ano e três meses completamente parados. Quando houve uma flexibilização fomos para Maceió, mas o números da Covid voltaram a subir e ficamos mais 3 meses e meio parados. Quando as coisas reabriram fomos para Fortaleza, mas aí veio o surto de gripe H3N2. E agora estamos aqui, em Teresina", contou o diretor que também é locutor e apresentador do circo.
Nos poucos períodos de flexibilização, Lucian conta que teve apresentações muito boas, mas o público era reduzido à 80%. A temporada em Fortaleza, capital do Ceará, também foi baixa devido ao surto de gripe. Teresina é a primeira cidade a receber os espetáculos reformulados e com total reabertura dos shows.
Lucian também contou ao g1 que o ano em que o circo ficou parado, em Salvador, foi um período de tensão. Apesar do local onde estavam isentar o aluguel, ceder água e energia elétrica, a estrutura do circo se deteriorou, caminhões enferrujaram e ao saírem do local pneus estouraram porque estavam ressecados.
"Todos os materiais expostos ao tempo, chuva e sol, foram se deteriorando, enferrujando. A lona foi criando manchas e tivemos que guardar nas carretas que já estavam enferrujadas. Até hoje estamos reformando algumas coisas", lamentou Lucian.
Para ajudar a manter os artistas, os administradores do circo tiveram que vender caminhões e carros da companhia. Alguns circenses também foram à luta para arrecadar dinheiro.
Se reinventaram fazendo malabarismo nos semáforos, vendendo frutas e verduras em feiras, trabalhando como motoristas de aplicativos nas cidades e até vendendo veículos próprios.
Nesse período, a Arena Fonte Nova abrigava mais de 200 circenses. Das três unidades de circo que a companhia possui, duas se reuniram em Salvador, para se manterem juntas. Mais de 60 famílias moravam em trailers e alojamentos do circo.
"Em determinado tempo, demos carta branca para alguns artistas. Falamos que não conseguiríamos pagar o cachê, mas que ajudaríamos com a alimentação. Falei para alguns que se tivessem casa, familiares, poderiam ir. Alguns tentaram se virar, mas não é a mesma coisa, porque não estavam fazendo o que amam, o que sabem, o que conhecem", declarou o diretor.
Atualmente, Lucian e todos que vivem do circo se sentem muito felizes em poder estarem de volta ao picadeiro e percorrendo todo o Brasil. Apesar dos percalços que a vida nas estradas e de lugar em lugar oferecem, o sentimento de amor pela arte é comum em todos os artistas.
"O bom tá viajando, tá conhecendo o mundo inteiro, o Brasil inteiro, pessoas de tudo quanto é lugar do mundo, tudo isso não tem preço", disse Lucian.