Dom Jacinto Brito pede que ódio não volte a dominar o Brasil em 2019
25/12/2018 07h34Fonte Cidadeverde.com
O arcebispo de Teresina, Dom Jacinto Brito, pede que, em 2019, as pessoas deixem as desavenças de lado e se unam em prol do país. Para o religioso, este ano foi “difícil em muitos aspectos”, mas os cristãos não podem perder a esperança de que dias melhores virão.
Em entrevista ao Cidadeverde.com, o arcebispo faz uma reflexão sobre o período de fim de ano e diz que a mensagem principal deste Natal, 25 de dezembro, é a fraternidade. Dom Jacinto afirma que as pessoas devem ficar unidas como irmãos para celebrarem a data como uma preparação para o Ano Novo.
“O Natal vem para nós como ocasião de confraternização, de nos desarmamos. É a festa da fraternidade. O filho de Deus veio ao mundo como uma criança desarmada, sem ter nenhuma vontade própria, sem ter escolhas, frágil, e abre os braços na manjedoura. Isso é um símbolo muito forte para nós. Significa que Jesus vem para abraçar a humanidade e no momento supremo de sua vida, na cruz, está também de braços abertos. Fraternidade é a grande mensagem de Natal. Jesus veio como nosso irmão”, diz Dom Jacinto.
Dom Jacinto explica que o Natal é a celebração da vinda do filho de Deus ao mundo e que o momento tem que ser de alegria. O arcebispo explica o motivo do uso das luzes e das trocas de presentes neste período.
“Para nós esta alegria se manifesta de várias maneiras. Como o natal originariamente substituiu a grande festa do sol invicto dos romanos pagãos ela tem muito esse simbolismo da luz, então a luz verdadeira que ilumina todo homem, que é o próprio cristo. Então as luzes que nós vemos nas casas, nas ruas, nas arvores são de fato expressão, desdobramento, dessa grande luz que brilha para nós no Natal, que é cristo senhor”, explica.
A troca de presentes vai além da questão comercial. Para os cristões presentear pessoas no natal tem um significado importante, segundo o arcebispo.
“A troca de presente está ligada com troca de dons entre céu e terra. Nos damos a Deus nossa humanidade e Deus nos dá a sua divindade. Essas duas realidade humanas e divinas se encontram em Jesus. ele é filho de Deus e é também filho de Maria. ele é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. Na pessoa dele se encontram essas duas naturezas. E como o céu e a terra trocam os dons nos também trocamos os presentes em alegria , em sinal de jubilo por esse maravilhoso intercâmbio entre Deus e o homem”, esclarece.
Menos ódio em 2019
Dom Jacinto avalia que 2018 foi difícil em muitos aspectos. O arcebispo diz que o ano teve muito ódio, raiva e disputas. A preocupação de Dom Jacinto é que estes sentimentos voltem a dominar os ânimos dos brasileiros em 2019.
“Nunca se viu tanta conflagração nacional ideológica chegando até mesmo a atos bárbaros de assassinato, esfaqueamento, insultos, de torturas. Então isso é uma novidade triste para a história democrática do nosso país. Esse ranço de ódio, de competição e de poder que quer subjugar o outro certamente não desapareceu. Ele está aí, subjacente, e pode despontar a qualquer momento. Então o natal vem para nós como ocasião de confraternização para nos desarmamos”, reflete.
Dom Jacinto diz que para as coisas melhorarem é preciso que a sociedade saia de inércia. Para o arcebispo, o momento é de “colocar a mão na massa” para que esse cenário de desavenças seja mudado.
“O verdadeiro cristão não pode perder as esperanças. Nós apostamos que, de fato, vamos caminhar para uma realidade melhor. O que não é magico. Essa realidade melhor é construída também pela nossa participação. Não vamos só transferir para o outro, para o governante que chega, para os militares, cientistas, ministros. A opinião pública tem grande peso. É hora de dos desarmamos de sentimento negativos. É preciso que sejam construtores da paz”, ressalta.
“Podemos tomar atitudes concreta e, sobretudo, fazer com que as pessoas, independente da mentalidade das ideias e de partido politico precisamos dar as mãos como irmãos para melhorar a situação da nossa pátria e gestar uma realidade mais habitável e saudável para todos. Não podemos, nem de longe desejar fracasso para o país porque se o barco fundar, nós afundaremos juntos”, acrescenta.
Partes destas reflexões do arcebispo serão ditas em celebrações nas missas de Natal em Teresina. A arquidiocese divulgou a programação.