Em Jaicós, famÃlias chegam a gastar até R$ 150 para ter água em casa
20/11/2014 09h17Fonte G1 PI
Imagem: G1 PICarros-pipas que abastecem a região não são suficientes.
O telejornal Bom Dia Piauí exibiu nesta quinta-feira (20) o segundo episódio da série "Quatro Anos de Seca". Dessa vez, foi mostrado os efeitos da estiagem prolongada na região de Jaicós, localizado no Sul do Piauí. A série mostra os efeitos da seca no estado durante os últimos quatro anos. No município de Jaicós, para ter água em casa os moradores precisam ir buscar em poço público ou gastar até R$ 150 para comprar o líquido.
Para o sertanejo não morrer de sede a solução é comprar água. O pipeiro adquire a R$ 20 e revende a carga com 8 mil litros por um preço que varia de R$60 a R$150. “A última carrada que eu vendi foi no povoado Lagoa Grande deu uma quantia de R$80”, afirmou o pipeiro Braúlio Santos. O agricultor Aureliano Alves levou R$64, todo o dinheiro que tinha em casa para comprar água. “O dinheiro já é pouco e às vezes a gente tem que deixar de comer para comprar água”, falou.
Na zona Rural a venda de água é feita de casa em casa e os vendedores recebem o pedido pelo celular. Nas caminhonetes, o reservatório com mil litros de água custa R$ 20 e falta tempo para atender a tantos pedidos. Às vezes é preciso virar a noite para vender água para todos.
Nas casas do município uma cena comum é o grande número de louças para lavar. “Só tem água se comprar, se não comprar não tem e com isso ficA tudo sujo”, falou a dona de casa Josafa Carvalho.
A rotina dos moradores é a mesma há mais de cinco meses. Como não tem água nas torneiras, eles precisam se deslocar cedo da manhã para abastecer baldes e outros reservatórios da casa. O desespero causado pela seca uniu os moradores que se ajudam na hora de transportar água. “Tem que ajudar para buscar água, pois não temos como comprar. Se usarmos o nosso dinheiro para não vamos ter como comprar comida. Não tenho como fazer isso”, disse Maria Silva, agricultora.
A escassez de água que atinge a região de Jaicós se reflete no açude Tiririca, que foi construído há 40 anos e agora em 2014 atingiu a reserva mínima. Com isso, a adutora que levava água até os municípios foi desligada. “É de cortar o coração. Eu tenho uma propriedade próxima ao açude e acompanho desde a sua fundação e fico muito triste com as condições climáticas que são pioradas com a ajuda do homem. Esse açude abastecia os municípios vizinhos e agora não tem mais como fazer isso”, relatou o agricultor José Gonçalves.
Além de Jaicós, as cidade de Belém do Piauí, Francisco Macedo e Padre Marcos também estão sem água. Para piorar a situação, os carros-pipa que eram mantidos pela Secretaria Estadual de Defesa Civil pararam de circular. A assistência passou a ser feita pela Operação Pipa realizada pelo Exército, mas são apenas oito caminhões para atender cerca de 50 mil pessoas. “É triste, é uma calamidade”, desabafou a dona de casa Claudevândia Luz.
A Defesa Civil foi procurada para comentar a suspensão do abastecimento pelos carros-pipa, mas ninguém do órgão foi encontrado para falar sobre o assunto.
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