Em Teresina, 99% das armas usadas em crimes são revólveres ou pistolas
12/06/2018 08h11Fonte CidadeVerde.com
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Um levantamento inédito realizado pela Organização Não Governamental (ONG), Instituto Sou da Paz, traça o perfil das armas apreendidas na região Nordeste do Brasil e constata que a maioria é de cano curto (revólveres ou pistolas), calibre permitido e fabricação nacional.
A pesquisa analisou dados com amparo na Lei de Acesso a Informação junto às Secretarias Estaduais de Segurança Pública entre os anos de 2013 e 2016. Da região Nordeste, somente os estados da Bahia, Pernambuco e Sergipe não disponibilizaram dados.
No Piauí, a Secretaria de Estado da Segurança Pública só liberou os dados referentes às armas apreendidas na capital, Teresina, e segue o padrão de características que a maioria no plano nacional como cano curto (99% em Teresina), calibres comuns de armas de uso permitido (96% em Teresina), maioria de fabricação nacional, com índice de 95%. Armas com maior poder de fogo são 0,7% das apreensões.
O diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques, explica que nos últimos dez anos o índice de mortes no Nordeste ocasionados por arma de fogo cresceu 98%, alcançando índices alarmantes, o que explica a realização da pesquisa como forma de entender de onde procedem as armas.
"Essa constatação é importante para desmistificar a percepção difundida de que as armas usadas em crimes seriam majoritariamente frutos do tráfico internacional de armas quando, na verdade, o mercado legal, ao sofrer desvios, contribui para abastecer o mercado ilegal”, diz Ivan.
O debate acerca da liberação do porte de armas tem causado polêmicas nos últimos meses. Ainda no mês de março deste ano, o Senado Federal abriu espaço para o debate sobre a possível liberação da posse e porte de armas de fogo para cidadãos comuns.
O tema já foi alvo de intensos debates na Câmara dos Deputados e com este novo levantamento, realizado pela ONG, esclarece e desmistifica o argumento dos que defendem o armamento a pessoas comuns. Os dados também expõem a falha da segurança pública em investir no controle de armas de fabricação interna, impedindo que sejam desviadas de sua finalidade e favorecendo o crime.
Apesar dos números trazidos pelo instituto revelarem o aumento no número de apreensão de armas, o Piauí se mantém com a terceira menor taxa de homicídios do Brasil e a menor do Nordeste, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) referente ao ano de 2016.