Empresária do PI aposta em joias de "ETs" feitos com opala, pedra preciosa achada em Marte pela Nasa
14/02/2023 08h41Fonte G1 PI
A empresária Áurea Brandão, de Pedro II, a 206 km de Teresina, criou uma coleção de joias feitas de opala com formato de extraterrestres. A ideia de sucesso surgiu depois que a Agência espacial norte-americana (Nasa) descobriu a presença da pedra em Marte.Foram feitas mais de 100 peças e todas foram vendidas no mesmo dia em uma feira em São Paulo. Com a novidade "de outro planeta", as vendas da empresária aumentaram 47% em relação ao ano de 2022, no mesmo evento.
Segundo Áurea, foram produzidos 50 pares de brincos e 50 colares, todos vendidos ainda primeiro dia. A pedra ficou mais cobiçada depois da descoberta, já que a opala na sua forma multicolorida é encontrada em apenas dois lugares na Terra, na Austrália e no Piauí.
"Todos falaram que viram a matéria e adoraram a ideia, no primeiro dia eu já vendi tudo que eu trouxe. Todo mundo amou, com certeza vamos continuar produzindo. Agora estou só pegando pedidos, e vou continuar produzindo a coleção", comemorou.
A empresária falou ainda sobre os comentários do público ao ver as peças expostas: "O sentimento era de alegria e surpresa, muitos risos e alguns comentários tipo as opalas de Marte já chegaram na Terra", brincou.
Brincadeira com o Planeta Vermelho
Imagem: Arquivo Pessoal Joias em opala no formato de ET criadas por empresária de Pedro II, no Piauí.
Aurea contou ao g1 que é designer do ateliê há 30 anos, e que passam por ela todas as ideias e criações de projetos de joias. Ao saber da descoberta feita pela Nasa, ela resolveu apostar em uma coleção homenageando os "possíveis moradores" do planeta vermelho.
Após o sucesso das primeiras vendas, a empresária garantiu que irá continuar produzindo os pequenos "marcianos de opala".
A produção dessa coleção foi um impulso porque só faltavam duas semanas para a viagem, então tive a ideia e já fui desenhando. Por isso só fiz 2 peças, os brincos e o colar. Terminamos os produtos um dia antes de viajar. Agora vou completar a coleção com mais um modelo de brincos maiores e anel" disse Áurea.
Áurea falou também sobre a expectativa para as vendas durante o Festival de Inverno de Pedro II de 2023, considerado um dos maiores eventos culturais do Nordeste. O evento não acontece desde 2020, quando foi cancelado devido às restrições sanitárias impostas pela pandemia de covid-19.
"Quero começar logo, acredito que em 30 dias estarão nas lojas de Pedro II, Teresina e no site. Já mandei fazer algumas (peças) então nos próximos dias já vai ter. Quero fazer um brinco maior, e anel em dois tamanhos. Já tenho a coleção pré-projetada, vai ficar lindo", disse, ansiosa.
O par de brincos em prata 950 e com aplicação de mosaico em opala custa R$ 285,00, já o pingente também em prata 950 custa R$ 280,00.
Os itens da coleção que ainda serão lançados não tiveram os preços divulgados. As peças podem ser encontradas na página de instagram: @opalaspedroiioficial.
Mineraloide pouco explorado
Imagem: Reprodução/ Instagram Opalas Pedro II Joia em opala com mapa do Brasil.
Pesquisadores informaram que apenas 10% do mineraloide foi explorado, e que a falta de investimento e o comércio informal dificulta do desenvolvimento da atividade econômica. Segundo a prefeitura de Pedro II, aproximadamente 1500 famílias do município trabalham e são sustentadas com o comércio da pedra.
Da extração no garimpo até a venda das peças produzidas, mais de 10 atividades profissionais são realizadas.
“De tudo que é produzido, 30% é levado para o exterior, o restante fica no país, aqui próximo, em Teresina ou no Maranhão, Ceará são os maiores consumidores. A gente dá graças a Deus dessa pedra ter vindo para cá, porque ela dá o sustento para muitas famílias” informou Pedro Macêdo, secretário municipal de turismo de Pedro II.
Falta de incentivos no estado
Imagem: Penélope Araújo/G1 "Mosaicos" de opala são tradicionais nas joias com a pedra semipreciosa, na Fenearte.
Ao g1, o geólogo Érico Gomes, professor doutor no Instituto Federal do Piauí (IFPI) afirmou que a exploração e comercialização do mineraloide é feita na informalidade e que faltam investimentos para desenvolver o setor no Brasil.
“Não há uma política de investimento e pesquisa para desenvolvimento do setor na região. Talvez tenha tido nos anos 70, que foi o apogeu, chegando a ter a maior mina de opala no mundo, mas que foram exploradas por australianos. Eles levaram toneladas para a Austrália e lá foram vendidas como opalas australianas. Depois disso não houve mais investimento", explicou.
Além disso, o achado ressaltou a raridade desse mineraloide na Terra e o potencial ainda pouco explorado no Piauí.
"É uma pena, porque o Piauí tem um potencial enorme. Além da opala, há muitas cadeias produtivas de outras riquezas minerais, mas, infelizmente, os governos não ainda não viram isso", afirmou o geólogo Érico Gomes.
Para o professor, a informalidade é um grande problema para o desenvolvimento da atividade na região.
"A gente vê que tem porque vê as lojinhas vendendo em Pedro II, mas não é recolhido o imposto de Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), que é revertido para a prefeitura, para o estado, como ninguém recolhe, oficialmente nem conta, então é difícil até para criar uma política pública", completou Érico
Opala em Marte
Imagem: TV Clube Pedras de opala carregam todas as cores do arco-íris.
A Nasa, agência espacial norte-americana, encontrou opala em Marte. A descoberta foi divulgada em artigo científico publicado no fim de dezembro e representa uma vantagem em futuras investidas humanas no planeta. Isso porque a pedra preciosa é composta em parte por H?O e pode, caso moída e submetida ao calor, liberar sua água.
"Como a opala é rica em água, pode-se quebrar a fórmula e extrair a água. Não sabemos se tem muita que possa fornecer para o homem, mas pode ter mais dentro das rochas e abaixo da superfície", afirmou o professor Érico Gomes.
Beleza da pedra
Imagem: Arquivo Pessoal Joias em formato de ETS e opalas lapidas em Pedro II, no Piauí.
O geólogo afirmou que a opala se destaca por sua raridade e beleza. "Ela é consagrada como a mais bonita da natureza, com essas cores que ficam dançando, digamos assim, na pedra. Não tem duas opalas iguais, então elas são raras e belas", declarou.
Com a extração de opala em Pedro II, criou-se um mercado de confecção de joias. Alguns habitantes viram o potencial econômico da pedra e apostaram no setor de joalheria, como empresário Jucelino Araújo, que iniciou a atividade nos anos 90.
"Recebemos as opalas brutas e vamos fazendo a lapidação conforme a vocação delas, desde as mais humildes às mais preciosas, e direcionamos para o mercado", contou.
Com isso, são confeccionados anéis, colares e brincos, por exemplo. É comum encontrar peças que façam referência ao Piauí e ao Brasil, facilmente encontradas em lojas de lembranças em pontos turísticos do estado.
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