Falta de oportunidades de emprego leva jovens a outros estados
26/06/2013 18h33Fonte Alepi
A requerimento do deputado Cícero Magalhães (PT) a Assembleia Legislativa realizou na última terça-feira (25) uma audiência pública para debater a questão da migração de jovens no Estado. Em sua justificativa, o deputado afirmou que foi procurado por várias entidades envolvidas com a problemática do jovem, inclusive a Pastoral do Migrante da Igreja Católica.A audiência aconteceu no plenarinho, com a presença de três parlamentares: o autor da proposta, sua colega Flora Izabel (PT) e o deputado Chico Ramos (PSB). Oito pessoas fizeram uso da palavra, começando pelo deputado Cícero Magalhães, que abordou o drama dos jovens que vão em busca de trabalho em outros estados, muitas vezes semiescravo, e quando voltam às vezes é com mutilações.
Maria das Graças Ferreira, educadora e agente da Pastoral da Juventude, destacou o tipo mais traumático de migração, o sazonal, que atrai o homem do campo para trabalhar no corte da cana. Ela destacou também a Semana e o Dia do Migrante, que estão completando 20 anos no Brasil.
O vereador Dudu (PT) afirmou que a audiência para tratar da migração de jovens era muito importante, pois as pessoas que deixam sua terra em busca de trabalho fora o fazem como última opção para escapar da fome e da miséria. Gil Neto, representante do Conselho Municipal da Juventude, falou sobre o trabalho da Igreja Católica em favor do jovem migrante, ressaltando que o Piauí é um grande exportador de jovens para outros centros. Segundo ele, a grande reivindicação dos jovens é por uma boa educação.
Fábio Henrique, presidente do Assentamento Passagem de Santo Antônio, afirmou que o poder público “amarra” o trabalhador rural, e quando ele percebe que não tem apoio resolve ir embora. Ele criticou o projeto de transposição das águas do rio São Francisco, que já consumiu R$ 4 bilhões e não apresenta nenhum resultado. Ele disse também que há oito anos o Movimento de Trabalhadores Rurais não consegue uma audiência com o governador, para solucionar um problema de terras.
O deputado Chico Ramos (PSB) afirmou que já teve oportunidade de fazer conferência sobre o tema migração de jovens, citando o seu próprio exemplo, uma vez que, ainda menino, fugiu do campo para vir estudar na cidade. Ele buscou interação com a Irmã Cristina, querendo saber a diferença entre o jovem do passado e o do presente. Ela respondeu que o jovem de hoje é mais forte em sua luta. Interagindo com uma senhora mais moça, o deputado ouviu dela que a grande oportunidade que o jovem de hoje tem é o acesso à droga.
Falou também o Padre Brasil, de longa convivência com o Partido dos Trabalhadores, um dos que colheram assinaturas para sua fundação. Ele disse que sua atuação é mais de apoio aos jovens, em suas constantes pregações no Parque Piauí. O pronunciamento mais contundente foi da Irmã Darcila, que ofereceu números estarrecedores sobre o trabalho do migrante no corte da cana. Segundo ela, cada trabalhador é obrigado a cortar de 12 a 15 toneladas por dia, sob pena de perder o trabalho, ao preço de R$ 3,60 por tonelada, sem contar as braçadas de 15 quilos da cana cortada, o que chega a gerar defeitos físicos incorrigíveis.
O deputado Cícero Magalhães relacionou os nomes dos principais faltosos à audiência, como os representantes da OAB, da Secretaria de Educação, da CUT, da Defensoria Pública do Estado e do Tribunal de Justiça, dentre outros. Ele encerrou a audiência prometendo apresentar um Projeto de Lei criando um Fundo Estadual para o jovem migrante.