FamÃlia de idosa vÃtima de Covid-19 que teve corpo trocado diz que vai entrar com ação contra hospit
23/07/2020 15h31Fonte G1 PI
Imagem: Catarina Costa/ G1 PICemitério Santa Cruz no bairro Promorar, Zona Sul de Teresina.
A família da idosa que morreu vítima da Covid-19 e teve o seu corpo trocado com o de outro paciente, no sábado (18), informou que vai acionar a justiça para tentar identificar os responsáveis pela troca. A confusão foi descoberta à tarde e o corpo de Francisca teve de ser desenterrado, e sepultado novamente, à noite. O Hospital São Paulo, onde a idosa morreu, informou em nota que as providências necessárias já foram tomadas junto aos familiares.
A idosa Francisca Carvalho ficou 14 dias internada em um hospital e morreu por causa de complicações causadas pela Covid-19. Segundo Jerlany Seba, filha da vítima, o corpo chegou a ser reconhecido pela família, mas ao chegar novamente ao hospital, ele já tinha sumido.
“Tinha a identificação de dois corpos masculinos, minha mãe não estava e aí entramos em desespero. Onde está a minha mãe? E o maqueiro chegou a dizer que saiu um corpo sem identificação do hospital. Eu tenho certeza que foi um descaso. Além do trauma que eu estou aqui, se eu não chegar a ver ela, eu vou achar que não é ela lá e enterrei uma outra pessoa”, relatou.
Leia a íntegra da nota do hospital sobre o caso:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Em relação as notícias divulgadas na mídia sobre o problema relatado no sábado, dia 18 de julho de 2020, o Hospital São Paulo esclarece que, todas as providências foram tomadas assim que foi dado ciência do fato à Direção.
O Hospital, prontamente, prestou assistência aos familiares para resolução do caso, de forma que o fato já foi esclarecido junto às duas famílias e todas as providências necessárias foram adotadas
O Hospital São Paulo lamenta o ocorrido e reitera sinceras condolências aos familiares.
A Direção
Ação judicial
O sepultamento, que estava marcado para as 17h só foi realizado horas depois, quando o corpo foi devolvido. Inconformada, a família da idosa resolveu procurar a Justiça. De acordo com o advogado Zacarias Barbosa, o primeiro passo a ser realizado vai ser tentar identificar os responsáveis pela troca dos corpos e em seguida pedir, na Justiça, uma reparação para a família.
“Em razão desse grande constrangimento que a família foi alvo e desse grande abalo emocional, nós estamos procurando pelos meios legais, primeiramente, identificar a responsabilidade desse grave equívoco e, em um momento oportuno, buscar uma reparação para a família que de alguma forma diminua o sofrimento causado”, explicou.
Pandemia dificulta identificação e funerárias orientam
Para respeitar as recomendações do Ministério Público do Piauí (MPPI) e do Ministério da Saúde, na maioria dos casos, os corpos acabam sendo reconhecidos somente por meio de fotos. Nesses casos, os cuidados devem ser redobrados quanto ao preenchimento das informações, tanto por parte dos hospitais quanto pelo serviço funerário.
Segundo Deusuita Cunha, gerente de atendimento funerário, a identificação do corpo por parte da funerária é feita por uma guia da certidão de óbito e por uma etiqueta que tem o nome do responsável e do falecido.
"A gente pede para que o responsável venha para a funerária com essa declaração de óbito , onde vem dizendo a causa da morte e a partir daí ela já vai providenciar a sepultura, enquanto nós vamos ao hospital buscar o corpo para levar ao cemitério, mas sempre acompanhado por um responsável, de preferência o mesmo que veio à funerária", explicou.
Segundo Maria das Dores, administradora de um cemitério, os documentos entregues ao cemitério também exigem um controle.
"A funerária recolheu o corpo com a identificação dos devidos familiares e o cemitério também já recebeu toda a documentação via WhatsApp, preencheu todos os processos de atendimento. Quando chega aqui a gente recebe uma autorização, que é uma guia de sepultamento e a declaração de sepultamento", informou.
Recomendação em casos de óbitos causados pela Covid-19
Em casos de vítimas da Covid-19, o Ministério da Saúde recomenda que não exista velórios. Os enterros foram liberados, mas com restrições no número de pessoas, para evitar contaminações.
O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) também se posicionou e recomendou que a cerimônia de sepultamento não tenha aglomeração de pessoas, respeitando a distância mínima de, pelo menos, 2 metros entre elas, bem como outras medidas de isolamento social, seguindo as normas de segurança. O transporte do corpo, o velório e o sepultamento devem seguir rigorosamente as orientações das autoridades sanitárias.
Segundo o empresário, as medidas sanitárias também envolvem uma colaboração dos funcionários. "Eles usam dois macacões, botas, luvas, máscaras, viseiras e eles devem também procurar um distanciamento dos familiares", informou.
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