Filha chora por não se despedir do pai, vítima da Covid-19 no Piauí

12/06/2020 14h53


Fonte G1 PI

A dona de casa Marlene dos Santos não pôde se despedir do pai, vítima da Covid-19 no Piauí. O enterro do idoso de 80 anos teve que ser rápido, sem a presença de familiares. A dona de casa relatou sentir uma “dor inexplicável” por não acompanhar o sepultamento. Nem o cemitério, a família pôde escolher. Veja no vídeo acima.

“É aquela dor, uma dor inexplicável, é muito ruim, entendeu?”,
chorou ao narrar ter a sua dor ampliada por não conseguir se despedir do seu pai.
Imagem: TV ClubeDona de casa Marlene dos Santos(Imagem:TV Clube)Dona de casa Marlene dos Santos

Emocionada, ela disse que foram 35 dias sem poder ver o pai, internado, e nem com a morte dele pôde fazer uma última homenagem. Sete dias depois do enterro, no cemitério, ela contou à TV Clube o sentimento de ter um parente perdido por causa do coronavírus.

“Eu estava sem saber onde ele tinha sido sepultado. Mesmo possuindo um terreno no cemitério do Buenos Aires, eles disseram que não poderiam esperar. É morreu, enterrou, sem ver e sem nem saber como é que foi, pois foram 35 dias de angústia sem poder ver o meu pai”,
lamentou.

E não foi apenas a dona de casa Marlene dos Santos que passou por esse drama. No Piauí, foram mais de 300 mortes devido à Covid-19. De acordo com protocolos adotados pelo Ministério da Saúde, os sepultamentos de vítimas da Covid-19 devem ser feito em até três horas e com no máximo,10 pessoas na cerimônia.

“Não dei adeus. Não pude dar o último adeus. Ninguém pode. A assistente social ligou e disse que apenas uma pessoa poderia acompanhar”,
narrou Marlene.

Regras de enterro de mortos pela Covid-19

Em Teresina, os enterros de vítimas da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, seguem normas da Vigilância Sanitária, que permite a participação de apenas até 10 pessoas, desde que não sejam idosos, crianças ou pessoas com doenças crônicas.

Durante a cerimônia é exigido que as pessoas presentes permaneçam em uma distância de, no mínimo, dois metros. O caixão deve estar lacrado durante o velório.

De acordo com Isaac Meneses, da Superintendência de Desenvolvimento Urbano Sudeste (SDU), a medida adotada evita que sejam contaminados durante o velório.

“Os falecimentos que forem comprovados que foram vítima da Covid-19 ou suspeita, devem ter o enterro em um curto período, por que deve ser evitada a proliferação. Como se trata de um vírus novo e precisa de diversos estudos, não se tem dados concretos de, por exemplo, quanto tempo o vírus vai permanecer no solo”, explicou.
Imagem: TV ClubeFamílias narram drama de não se despedirem de entes mortos pela Covid-19.(Imagem: TV Clube)Famílias narram drama de não se despedirem de entes mortos pela Covid-19.

Ainda de acordo com o superintendente, caso o óbito ocorra durante a noite ou na madrugada, o sepultamento é feito em cemitério particular e sem gastos adicionais para a família, pois os públicos já estão fechados nesses turnos.

“Por não termos essa possibilidade de esperar até a manhã do dia seguinte, nós temos uma determinação, através de decreto, de dois cemitérios que possam em concessão com o município, realizarem esses sepultamentos.”,
continuou.

Segundo Carlos Júnior, gerente de uma funerária, para se adequar às determinações da vigilância sanitária, o atendimento ao público precisou passar por várias alterações.

“As medidas que nós tomamos foi de restringir, por exemplo, o acesso de pessoas às nossas salas reduziu, a duração dos velórios que não são suspeitos ou confirmados da Covid-19 e a alimentação foi retirada dos serviços oferecidos”, informou.

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Tópicos: casa, pessoas, enterro