Mãe e tia de professora que passou mal em academia também morreram de aneurisma
28/08/2024 16h13Fonte G1 PI
Imagem: ReproduçãoProfessora passa mal em academia e morre dois dias após sofrer aneurisma.
A mãe e uma tia da professora Kércya Bispo de Freitas, de 32 anos, que morreu de aneurisma na última sexta-feira (23), também morreram vítimas da doença. Ela faleceu no Hospital Getúlio Vargas (HGV) em Teresina, dois dias após passar mal em uma academia em Santa Rosa do Piauí, 271 km ao Sul da capital.
Ao g1, o neurocirurgião Romilto Pacheco, que atua no HGV, afirmou que o histórico familiar deve ser um alerta para que as pessoas façam exames preventivos que podem, em caso de diagnóstico, evitar sequelas e até a morte.
"Ter casos de aneurisma na família deve servir como um forte alerta para buscar acompanhamento médico. Parentes de primeiro grau têm até quatro vezes mais chance de desenvolver aneurismas cerebrais. Esse acompanhamento é crucial para a detecção precoce e a prevenção de complicações graves", explicou.
Segundo o médico, o recomendado é que os familiares façam os exames, independentemente de sintomas. “Não devemos esperar por sintomas como dores de cabeça, pois a maioria dos aneurismas são silenciosos até se romperem”, disse.
“A maioria das pessoas sabe que precisa fazer exames para prevenção de câncer como mamografia, papanicolau ou colonoscopia, mas não têm a menor ideia de quem também é recomendado para o aneurisma cerebral”, completou.
Antes e depois do diagnóstico, a orientação é manter hábitos saudáveis. “É essencial controlar fatores de risco como pressão arterial, evitar o tabagismo e moderar o consumo de álcool. Essas medidas são fundamentais para reduzir o risco de desenvolvimento e rompimento de aneurismas”, afirmou.
Oportunidade de tratar
Romilto Pacheco disse que, para muitos, o diagnóstico de um aneurisma significa cirurgia e, mesmo que isso não seja necessariamente o caso, o medo de descobrir acaba fazendo com que as pessoas negligenciem a chance de evitar o pior cenário.
"É comum que algumas pessoas evitem exames ou o acompanhamento de aneurismas devido ao medo de uma possível cirurgia. Muitos se referem ao aneurisma como uma bomba-relógio e preferem não saber de sua existência", afirmou.
"Essa percepção pode ser enganosa. Identificar um aneurisma oferece a oportunidade de tratá-lo antes que ocorra uma ruptura, que pode ter consequências gravíssimas", completou.
Formas de tratamento
No caso dos aneurismas pequenos e de baixo risco, por exemplo, o monitoramento regular, com exames de imagens, é uma forma de tratamento. “Essa abordagem permite que os médicos acompanhem o aneurisma ao longo do tempo, evitando riscos associados a procedimentos invasivos e permitindo ajustes conforme necessário”, explicou Romilto Pacheco.
Conforme o especialista, a decisão de como tratar depende de vários fatores, como localização, tamanho, idade do paciente e presença de outras condições de saúde. Além do monitoramento, há duas outras opções de tratamento:
- Intervenção Endovascular: Tratamento minimamente invasivo que utiliza um cateter inserido através de uma artéria, guiado até o aneurisma no cérebro. Dispositivos como stents ou espirais são usados para reforçar o vaso sanguíneo, prevenindo vazamentos ou rompimentos.
- Cirurgia de Clipagem: Procedimento aberto que envolve uma pequena abertura no crânio para acessar o aneurisma. Um clipe é colocado na base para interromper o fluxo sanguíneo, garantindo segurança sem risco de vazamentos.
"A taxa de mortalidade de um aneurisma cerebral que se rompe é muito alta, podendo chegar a 80%. Metade nem chega ao hospital, porque não dá tempo. Em contrapartida, os riscos associados ao tratamento de um aneurisma ainda não rompido, seja por intervenção endovascular ou cirurgia de clipagem, são mínimos", alertou o neurocirurgião.
"Esses procedimentos são altamente seguros e, muitas vezes, minimamente invasivos, realizados através de um cateter sem a necessidade de cirurgia aberta. Portanto, a escolha é clara: enfrentar os riscos muito menores de tratar um aneurisma antes que ele rompa, ou arriscar lidar com as consequências potencialmente fatais de um aneurisma rompido. Detectar e tratar precocemente não só salva-vidas, mas também oferece uma qualidade de vida melhor para o paciente", completou.
Morte de professora
A professora Kércya Bispo de Freitas, de 32 anos, faleceu na madrugada da última sexta-feira (23), no Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Teresina, dois dias após sofrer um aneurisma em uma academia em Santa Rosa do Piauí, 271 km ao Sul da capital.
Ao g1, uma prima da professora relatou que Kércya foi à academia em sua cidade natal, no dia 20 de agosto, passou mal durante um exercício e ficou desacordada. Ela foi socorrida e levada ao Hospital de Pequeno Porte (HPP) do município.
Devido ao quadro de saúde da paciente, ela foi transferida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Oeiras, onde a equipe médica constatou um aneurisma com hemorragia grave no cérebro.
“Desde que ela caiu desacordada, não teve reação alguma. Ela foi estabilizada em Oeiras e, ao fazerem a tomografia, detectaram o aneurisma. Disseram que o quadro dela era gravíssimo”, contou a prima de Kércya.
Os médicos da UPA conseguiram estabilizar a pressão e saturação de Kércya, mas a pressão da professora voltou a cair. Eles precisaram aguardar a abertura de uma vaga no HGV para encaminhá-la ao hospital de Teresina, onde faleceu nesta sexta.
“No último boletim, já em Teresina, os médicos falaram que ela continuava sem evolução. Ela estava em ventilação mecânica, mas morreu durante a madrugada. A mãe dela e uma tia também faleceram após sofrerem aneurismas”, acrescentou a parente da professora.
Kércya dava aulas para os alunos da educação infantil na Escola Municipal José do Nascimento e Silva, no povoado Santana, zona rural de Santa Rosa do Piauí.
Segundo a prima da professora, apesar do momento de tristeza, a família prefere lembrar dos bons momentos vivenciados ao seu lado.
"Ela era a alegria em pessoa. Não existe falar dela e não sorrir. Adorava juntar os amigos para subir a serra, ir para o riacho, para a roça do pai fazer comida e ficar cantando. Era humana demais. A cada vídeo e foto que vamos vendo, a gente ri e chora", declarou.
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