Maniaco preso em Picos diz que vozes ordenavam assassinatos
27/07/2010 18h02Fonte cidadesnanet
Depois de sete meses de investigação, Adaylton Neiva foi preso terça-feira passada, em Picos, no Piauí, pra onde tinha fugido. O maníaco morava na cidade de Novo Gama, Goiás, e diz ter matado seis mulheres de setembro a dezembro do ano passado.“Ele fala que agia sozinho, não agia com armas. Ele esgana as vítimas”, contou o delegado Fabiano Medeiros de Souza. Adaylton foi preso, pela primeira vez, em julho de 2000. Ele matou a mulher, que estava grávida de sete meses, e a enteada, de dez anos. O assassino mostrou para a polícia onde enterrou os corpos: no quintal da casa da família.
Em 2001, a juíza Rosângela Santos, de Goiás, decidiu soltá-lo. O prazo para que Adaylton fosse a julgamento tinha vencido. Segundo a juíza, por falha do Sistema Judiciário. Logo depois de ganhar a liberdade, ele estuprou três mulheres. Voltou pra cadeia e foi condenado a 41 anos de prisão. Em 2003, um laudo psicológico apontava que havia chance de Adaylton cometer novos crimes. Em 2004, os peritos consideraram que não havia melhora no quadro.
Quatro anos depois, uma mudança no diagnóstico. O preso, segundo um novo laudo, apresentava estabilidade emocional e nenhum distúrbio psicológico. “Os psicólogos lá dentro iam só pra conversar: ‘E aí? Como você tá? Como tá lá dentro?’. Aí eu: ‘tá do mesmo jeito’”.
“O Adaylton jamais foi avaliado criteriosamente por profissionais da área de psicologia, psiquiatria”, afirmou o delegado Fabiano Medeiros de Souza. Tentamos falar com os peritos. Ligamos para a Polícia Civil do Distrito Federal, secretaria de Segurança Pública, secretaria do Sistema Penitenciário e para a assessoria do Tribunal de Justiça, mas não tivemos retorno.
O juiz Osvaldo Tovani, que concedeu a Adaylton em 2008 o direito ao regime semiaberto, preferiu não comentar o caso. Segundo a polícia, Adaylton aproveitou o direito de ficar fora da cadeia durante o dia para voltar a cometer crimes. Ivanilde Ribeiro, de 41 anos, foi uma das vítimas.
“Pra mim, ele devia estar preso e a minha mulher não tinha morrido. A minha Ivanilde não estava debaixo da terra”, desabafou o viúvo José Maria da Silva. Em outubro do ano passado, Adaylton fugiu. Dois meses depois, ele matou Alessandra Rodrigues, de 14 anos. “Muito alegre, brincalhona, estudiosa”, lembrou Alexandre Rodrigues, pai de Alessandra.
Esta semana, o maníaco mostrou onde deixou o corpo de Alessandra. “Quando eu fui com a mão no pescoço dela, ela desmaiou. Eu só lembro que ela estava morta já”. Dez dias antes de matar Alessandra, Adaylton assassinou outras duas mulheres no mesmo dia, uma pela manhã e outra à tarde. O crime foi próximo a um rio e a polícia ainda procura os corpos.
O maníaco diz ser viciado em drogas como maconha e crack e se considera um doente mental. “Eu preciso de um tratamento. Se eu sair desse jeito, eu vou matar”.