Maquiadora de defunto e 'coletador de sêmen' animal contam experiências

01/05/2015 09h56


Fonte G1 PI

Imagem: Fernando Brito/G1'A única diferença é que a pele é pálida e gelada', contou Lismária Farias.(Imagem:Fernando Brito/G1)'A única diferença é que a pele é pálida e gelada', contou Lismária Farias.

No feriado desta sexta-feira, 1° de maio, dia do trabalho, profissões no mínimo diferentes e desconhecidas pela sociedade acabam passando despercebidas nas comemorações pela data. Por esse motivo, o G1 abriu espaço e deu voz a duas profissões inusitadas: maquiadora de defunto, que diz não ter medo do trabalho; e 'coletador de sêmem’ animal, que contou ser "algo fascinante".

Histórias como a da jovem de 28 anos Lismária Farias, moradora do bairro Três Andares, Zona Sul de Teresina, que há quatro anos trabalha como maquiadora de defuntos na funerária do pai, são bem diferentes do comum. O pedido de maquiar os defuntos, segundo ela, veio da própria família dos mortos.

Imagem: Fernando Brito/G1Clique para ampliar'Crescemos com os caixões na sala de casa', contou a maquiadora.(Imagem:Fernando Brito/G1)'Crescemos com os caixões na sala de casa', contou a maquiadora.

"Devido ao estado do corpo, alguns acabam perdendo a aparência do natural, ficam pálidos, e a própria família pede para que o corpo já saia da funerária maquiado para parecer o mais natural possível",
disse.

Diferente? Sem ter feito nenhum curso de maquiagem, ela conta que maquiar um defunto é a mesma coisa que maquiar alguém vivo. Ela relatou não ter medo da profissão. "Eu só fico muito receosa porque às vezes eu faço isso durante a noite com a minha irmã, mas não ligo muito. A única diferença é que a pele é pálida e gelada", disse.

A maquiadora de defuntos disse ainda que o pai sempre levou caixões para casa no início do negócio e cresceu junto com a irmã, Clemária Farias, com os objetos espalhados pela sala.

"É natural que as pessoas tenham medo por não terem contato com esse tipo de serviço. Todos os amigos se assustam e acabam chamando a gente de corajosas, mas é um trabalho normal", disse ela. Hoje, Lismária pretende estudar contabilidade e Clemária administração, para juntas ajudarem o pai na empresa.

Imagem: Sousa Júnior/Arquivo PessoalProfessor retira o sêmen do macho durante cruzamento com a fêmea.(Imagem:Sousa Júnior/Arquivo Pessoal)Professor retira o sêmen do macho durante cruzamento com a fêmea.

Outra profissão desconhecida quem conta é o médico veterinário e professor doutor em biotecnologia da reprodução, Antônio de Sousa Júnior, que mesmo antes da graduação já trabalhava como ‘coletador de sêmen’ de animais para pesquisas científicas e reprodução.

"Na verdade é um segmento da medicina veterinária que a gente chama de biotecnologia da reprodução que consiste na coleta e processamento do sêmen animal, normalmente caprinos e ovinos, transferência do embrião, inseminação artificial e produção ou fecundação in vitro do embrião", disse.

Para extrair o sêmen, o professor contou que é necessário de um animal com qualidades genéticas e uma fêmea em período de reprodução para servir como 'manequim' na coleta do sêmen do macho. Normalmente, as coletas acontecem com animais caprinos e ovinos.

Imagem: Fernando Brito/G1Clique para ampliar'Sêmen é coletado em um objeto chamado 'vagina artificial', disse o Soares.(Imagem: Fernando Brito/G1)'Sêmen é coletado em um objeto chamado 'vagina artificial', disse o Soares.

"Nós utilizamos uma ferramenta na qual chamamos de 'vagina artificial', que imita o órgão feminino. Quando o animal salta para cruzar com a fêmea nós colocamos esse objeto no órgão do macho e ao invés dele ejacular na fêmea, ele ejacula no tubo coletor",
disse.

Após coletado, o veterinário contou que o material genético se perderia em apenas uma fêmea, serve para quase 50 fecundações por inseminação artificial.

"Em caprinos, por exemplo, uma coleta chega a 1,5 ml de sêmen, que vai ser misturado a um diluidor que passa por um processamento e depois congelado em nitrogênio líquido para ser usado em reproduções in vitro e pesquisas",
disse.

Diferente? O médico veterinário contou ser um trabalho fascinante uma vez porque 'trabalha na reprodução da vida animal'.

"Tem reprodutor que já morreu e eu tenho material genético armazenado. É fascinante. Para você retirar um espermatozoide do órgão do macho, despertar esse material para reprodução, é uma tecnologia muito fascinante, incrível",
disse.

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