"Me expor é menos doÃdo que toda agressão que sofri", relata vÃtima de tentativa de feminicÃdio
29/06/2022 08h10Fonte G1 PI
Imagem: Reprodução/Redes Sociais"Me expor é menos doído que toda agressão que sofri", relata vítima de tentativa de feminicídio.
A estudante Ana Gabrielle Maia Lacerda, de 22 anos, relatou em uma rede social, nessa segunda-feira (27), ter sido vítima de uma tentativa de feminicídio cometida pelo ex-namorado. Na publicação, a jovem expôs imagens de hematomas e denúncias feitas na Delegacia Regional de Bom Jesus, município onde ocorreram as agressões.
“Me expor aqui é o de menos, pelo que passei e venho passando. Me expor aqui é menos doído que toda agressão física e psicológica que sofri e venho sofrendo. Antes de me expor aqui, eu me expus ao ridículo em perdoar e acreditar em tantas mentiras e traições. Me privei e me afastei de amigos e de mim mesma para saciar o ego doentio desse meu ex-parceiro, que de parceiro não tinha nada”, contou Ana Gabrielle.
Segundo a jovem, a tentativa de feminicídio aconteceu na própria casa, no último sábado (25). Um pedido de medida protetiva de urgência, assinado pela delegada Haline Pâmela Lima, responsável pelo caso, descreve parte do depoimento da vítima.
“A vítima afirma que entrou na sua casa, seu ex-namorado entrou junto e partiu pra cima desta vítima em um surto de ódio e lhe agrediu, lhe enforcando, deixando marcas de suas unhas. Afirma que sofreu um soco no olho direito e vários arranhões na região do tórax”, diz trecho do documento.
A medida protetiva é um instrumento legal previsto na Lei Maria da Penha e pede o afastamento do agressor da vítima, do local em que ela reside e a proibição de qualquer tipo de contato.
"A solicitação foi encaminhada ao Poder Judiciário. O acusado responderá pelos crimes no âmbito da violência doméstica e familiar, com incidência da Lei Maria da Penha”, informou a delegada.
Em depoimento à polícia, Ana Gabrielle afirmou ter namorado com o agressor, identificado como Felipe Alexandre Barros Barjud, por sete meses. O relacionamento chegou ao fim há aproximadamente 15 dias e, por não aceitar o término, o homem a agrediu.
“Me expor aqui, é expor o que todos já sabiam que poderia acontecer, pq (sic) há histórico, há denúncias e há registros de traumas de outras vítimas. Tudo isso aconteceu pq (sic) ele, meu ex namorado (e de outras tantas), não aceitou o término, não aceitou que eu não o queira mais. Não aceitou que aquele término agora era pra valer, não aceitou que agora eu não me anularia mais para aceitar todo mal que ele me oferecia", escreveu.
A delegada Haline Pâmela Lima não informou se existem outras denúncias ou mandados de prisão expedidos contra o suspeito. Procurada pelo g1, Ana Gabrielle Maia Lacerda relatou sentir medo e preferiu não se pronunciar.
O relato nas redes sociais, de acordo com ela, foi motivado pela esperança de que a justiça seja feita e pelo desejo de que outras mulheres abandonem relacionamentos abusivos e não sejam vítimas de violência doméstica.
"Resolvi vir aqui gritar por mim e por tantas outras mulheres que sofrem todos os dias e são desamparadas pela justiça, e até mesmo do apoio familiar. Estar em um relacionando abusivo não é fácil de se identificar, não é fácil de sair como todos julgam. Ser a vítima é dolorido e difícil de entender, agir e sair", destacou.
"Estou dando esse grito de socorro aqui, pq (sic) estou amedrontada, desamparada e altamente vulnerável a tudo isso. Não irei aceitar e não irei me calar! Quero justiça! Quero que ele nunca mais faça isso com ninguém!", completou.
Apoio após publicação
Após denunciar as agressões, Ana Gabrielle recebeu mensagens de apoio na rede social. Já são quase 200 comentários.
"Vi isso acontecer muito próximo de mim. É um terror pra quem vive e pra quem acompanha de perto. Que você consiga a justiça que merece! Forças", escreveu uma internauta.
"Medida protetiva já! Forças, e parabéns pela coragem de expor, pra alertar outras mulheres", comentou outra.
Como denunciar
Quem for vítima ou presenciar situações de violência doméstica, pode acionar a Polícia Militar, no momento da ocorrência, pelo número 190; ou contatar o número 180, do Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal.
A Polícia Civil pode ser acionada por meio das delegacias regionais ou Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam). Além disso, é possível pedir ajuda pelo app Salve Maria.
A Coordenadoria Estadual de Políticas para as Mulheres (CEPM-PI) disponibiliza para denúncias o e-mail ouvidoria.mulher@cepm.pi.gov.br.
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