Médicos suspendem mutirão de cirurgias em protesto contra corte de ponto
01/07/2017 08h03Fonte Cidadeverde.com
O Sindicato dos Médicos do Piauí (Simepi) decidiu suspender o mutirão de cirurgias eletivas do Hospital Getúlio Vargas (HGV), que tem ocorrido regularmente aos sábados. Em entrevista ao Cidade Verde Notícias, o presidente da entidade, Samuel Rêgo, explicou que a medida é um protesto em razão do corte do ponto de profissionais da rede estadual. A categoria pretende suspender atendimentos eletivos nas próximas terça, quarta e quinta-feira.Samuel Rêgo denunciou corte do salário de médicos que trabalharam e criticou a forma como o ponto eletrônico está sendo implantado. O médico disse que várias reuniões foram feitas para discutir a questão, que desandou depois da saída de Francisco Costa do comando da Secretaria de Saúde.
"Você imagina no meio da cirurgia um médico sair para bater o ponto. (..) É diferente de estar atendendo papel. Médico atende é gente, é ser humano", disse na Rádio Cidade Verde o presidente do Simepi, afirmando que o sistema é falho e cortou o salário até de profissionais que estavam de férias.
Imagem: Cidadeverde.comSamuel Rêgo
O sindicalista culpou o secretário de administração, Franzé Silva, pelo problema. "Eu queria só perguntar para ele se amanhã, que não vai ter mutirão, se é ele, seu Franzé, que vai lá fazer cirurgia. Quem faz cirurgia é médico. Você tem que respeitar essa categoria", acrescentou o presidente do Simepi. "Dessa forma que eles estão fazendo a produtividade vai cair, a qualidade da saúde vai cair".
Rêgo explicou que os médicos não pedem uma regalia, mas que sejam observadas as peculiaridades da categoria, como a imprevisibilidade da duração de cirurgias, por exemplo. O presidente do sindicato acrescentou que a rede privada não faz uso do ponto eletrônico e disse que a melhor forma de o Estado controlar a frequência dos profissionais é através da sua produtividade.
Resposta ao vivo
Franzé Silva participou, por telefone, do Cidade Verde Notícias logo após a entrevista do presidente do Simepi. O secretário explicou a situação e debateu o assunto ao vivo com Samuel Rêgo.
Segundo o gestor, houve um grupo de profissionais que ignorou o ponto eletrônico. "Se o servidor resolveu ignorar o sistema, não houve por parte da direção do hospital nenhuma orientação para a Secretaria de Administração em relação a esses fatos", disse o secretário, afirmando que casos específicos, como a denúncia de servidores de férias que tiveram o salário cortado, serão analisados.
"Esse processo de implantação do ponto eletrônico tem sido feito em todas as áreas do serviço público do Piauí. É uma determinação do governador Wellington Dias, é uma forma de a gente fazer o controle da despesa pública e acima tudo de ter a certeza que o servidor vai estar no seu local de trabalho, no horário determinado pelo seu contrato, para atender a população", disse Franzé Silva. O gestor disse que a implantação na área da saúde ficou por último por conta das peculiaridades do trabalho da categoria.
Imagem: DivulgaçãoFranzé Silva
Franzé Silva admitiu que existem situações específicas, como médicos que fazem cirurgias sem ter hora para sair. Contudo, garantiu que é necessário fazer o controle do comparecimento dos profissionais de saúde nos seus locais de trabalho. "Não iremos permitir, depois dessa gestão, de tanto trabalho com o recadastramento, que é o esse processo de integração, que a população do Piauí venha a pagar servidor que não trabalha", acrescentou.
Samuel Rêgo questionou Franzé Silva e pediu para verificar os dados do corte de ponto na Secretaria de Administração. "O fato é que foi cortado o vencimento de quem estava batendo o ponto, secretário!", disse o sindicalista. Franzé rebateu e prometeu mostrar os relatórios, que comprovariam a existência de faltas normais dos médicos por não baterem o ponto, como casos de profissionais da área de saúde com o mês inteiro sem o registro da biometria no local de trabalho.