Medo de denunciar dificulta combate à violência contra crianças e idosos

08/03/2016 08h53


Fonte G1 PI

Imagem: TV Rondônia/Divulgação"Os que tem o poder de proteger são os maiores agressores", diz conselheiro tutelar.

A violência contra crianças, adolescentes e idosos tem um triste fator em comum, é em sua maioria cometida por pessoas próximas: pais, tios, filhos, padrastos etc. Um dos efeitos dessa realidade é a subnotificação dos casos, ou seja, a vítima tem dificuldades de denunciar os maus tratos que sofre. “Os que tem o poder de proteger e zelar são os maiores agressores”, resumiu o conselheiro tutelar em Teresina, Djan Moreira.

Segundo a diretora da Unidade de Proteção Social Especial (DUPSE) da Secretaria de Assistência Social, Daniele Travassos, a vítima tem dificuldades de denunciar por vergonha e pelo medo acusar uma pessoa próxima.

“Ainda existe muito a subnotificação. A pessoa idosa, por exemplo, é muito difícil que ela mesma faça a denúncia. Quando os assistentes sociais vão fazer uma visita por conta de uma denúncia, é raro ela se abrir naquele momento, de contar o que aconteceu. Como é a família, a vítima fica envergonhada por passar por aquilo”, relatou.

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliar50 casos de violência contra idoso em dois meses no PIauí.(Imagem:Divulgação)50 casos de violência contra idoso em dois meses no PIauí.

De janeiro deste ano até a fevereiro, a Sasc recebeu pelo menos 50 denúncias de casos de violência contra a pessoa idosa. “É um número alto. Isso (as denúncias) apenas pelo CEV (Centro de enfrentamento a violência contra a pessoa idosa)”, dando conta ainda que existem outras formas de denunciar (polícia, conselho do idoso, Ministério Público, Disque 100).

Crianças e adolescentes são vítimas contumaz de parentes e o silêncio perante o caso também é adotado por muitas famílias que não sabem como lidar com a situação. “Muitas vezes os que violentam é uma pessoa próxima, um namorado, um padrasto. A mãe fica com medo de denunciar, com medo de ela também ser punida”, contou. “Em 2013 e 2014, a mãe, o pai, o avô foram os maiores agressores no casos contra menores na Zona Leste”, complementou o conselheiro tutelar Djan Moreira.

Apesar de existir um consenso entre os profissionais que trabalham com assistência as pessoas vítimas de violência, de que existe um grande número de casos que não são denunciados, não existem dados oficiais que deem uma dimensão do fato.

Atualmente, qualquer pessoa pode denunciar maus tratos contra crianças, adolescentes e idosos. Um canal muito utilizado é o disque 100, um serviço que acolhe denúncias que envolvam violações de direitos de toda a população, especialmente os grupos sociais vulneráveis, como crianças e adolescentes, pessoas em situação de rua, idosos, pessoas com deficiência e população LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais).

Tópicos: casos, adolescentes, idosos