Menina de 4 anos é a 5ª vÃtima de envenenamento no PiauÃ; padrasto da mãe está preso
22/01/2025 10h08Fonte G1 PiauÃ
A menina Maria Gabriela da Silva, de 4 anos, morreu na noite de terça-feira (21) depois de passar mais de 20 dias internada após comer arroz envenenado com uma substância tóxica semelhante ao chumbinho em Parnaíba, no litoral do Piauí.O Hospital de Urgência de Teresina (HUT) confirmou a morte na manhã desta quarta-feira (22) (leia a nota completa ao fim da reportagem).
A garota deu entrada no hospital em 3 de janeiro deste ano e estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do HUT. Ela apresentou uma piora no estado de saúde ainda na terça. Além dela, a mãe, dois irmãos e um tio da menina faleceram. Outros dois irmãos de Maria Gabriela também morreram envenenados no ano passado.
Ao todo, nove pessoas da mesma família comeram arroz envenenado no dia 1º de janeiro deste ano. O alimento havia sido preparado para a ceia de réveillon, como parte de um baião de dois. O principal suspeito do crime, o padrasto da mãe da menina, está preso temporariamente desde 8 de janeiro. Veja, abaixo, quem consumiu o alimento:
- Francisca Maria da Silva, de 32 anos (mãe de Maria Gabriela) - morta;
- Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (tio de Maria Gabriela) - morto;
- Maria Gabriela da Silva, de 4 anos - morta;
- Maria Lauane da Silva, de 3 anos (irmã de Maria Gabriela) - morta;
- Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses (irmão de Maria Gabriela) - morto;
- Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos (padrasto de Francisca Maria) - recebeu alta e está preso suspeito do crime;
- Uma adolescente de 17 anos (tia de Maria Gabriela) - recebeu alta;
- Maria Jocilene da Silva, de 32 anos (vizinha da família) - recebeu alta;
- Um menino de 11 anos (filho de Maria Jocilene) - recebeu alta.
Imagem: Arquivo pessoal/MontagemDa esq. para a dir.: Francisca Maria (mãe), Maria Lauane (filha), Igno Davi (filho), Manoel Leandro (irmão) e Maria Gabriela (filha)
Padrasto é suspeito do crime
Francisco de Assis Pereira da Costa, o padrasto da mãe de Maria Gabriela, nega que tenha envenenado a família, mas admitiu ter "nojo e raiva" da enteada e não gostar dos filhos dela.
Dentre os motivos que levaram à prisão de Francisco, a polícia afirmou que ele deu versões diferentes sobre o ocorrido e que houve contradições entre os depoimentos dele e dos demais familiares.
Imagem: MontagemPadrasto de mulher morta por envenenamento no PI é preso suspeito do crime; outros 4 morreram
O arroz foi envenenado com terbufós, segundo laudo pericial do Instituto de Medicina Legal (IML). Trata-se de produto químico altamente tóxico, usado em pesticidas e na composição do chumbinho. A venda dele é proibida no Brasil.
Ao ser consumido por humanos, o terbufós ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre músculos. Assim, causa tremores, crises convulsivas, falta de ar e cólicas. Os efeitos, que aparecem pouco tempo depois da exposição à substância, podem deixar sequelas neurológicas e causar a morte.
Investigação de outro envenenamento
Além das mortes ocorridas este ano, Francisco de Assis agora é investigado pelas mortes dos irmãos Ulisses Gabriel e João Miguel Silva, de oito e sete anos, mortos em agosto e novembro de 2024. Isso porque o mesmo veneno encontrado nos meninos foi encontrado nas vítimas do almoço do dia 1º de janeiro de 2025.
Lucélia Maria da Conceição Silva, a vizinha que foi acusada de envenenar os irmãos, foi posta em liberdade após um novo laudo, emitido cinco meses após a prisão, afastar a possibilidade de ela ter cometido o crime.
A Justiça deu 10 dias para que a Polícia responda se a demora para a realização do laudo prejudicou a investigação. O prazo encerra nesta sexta-feira (24). Antes disso, na quinta-feira (23), está marcada a audiência de instrução e julgamento do caso, que pode definir os novos rumos do processo.
Confira a nota completa do HUT:
A direção do HUT informa que a menor M.G.S, de 4 anos, veio à óbito na noite de ontem.
A direção informa que todos os esforços foram realizados para o pronto restabelecimento da menor, lamenta o ocorrido e se solidariza com familiares e amigos neste momento de dor.
A criança estava internada na UTI pediátrica do HUT, desde o dia três de janeiro, e o caso agravou nas últimas 24 horas.