Mil vítimas da Covid-19 no Piauí: familiares lamentam perda de profissionais da linha de frente

15/07/2020 14h31


Fonte G1 PI

O número de mortes registradas no Piauí por Covid-19 ultrapassou uma marca assustadora, segundo o boletim divulgado pela Secretaria de Saúde: nesta quarta-feira (14), o estado contabilizou 1019 óbitos desde o início da pandemia.

A reportagem da TV Clube e do G1 reuniu depoimentos de familiares de vítimas do coronavírus que trabalhavam nos serviços essenciais, e por isso não puderam se manter protegidos dentro de casa.

“Hoje a gente tenta seguir, mas já são muitas perdas. Não só ela, diversos outros profissionais que foram contaminados e outros que foram a óbito”,
disse a enfermeira Kassiane Rodrigues.

"Vou morrer lutando"

A lembrança mais forte que a técnica de enfermagem Antônia Maria traz é a alegria. “Ninguém conseguia ficar triste perto dela. Sempre, nos nossos eventos, ela estava presente organizando. Era uma profissional excelente, que deixa muita falta no nosso meio”, disse a enfermeira Edilene Sousa, colega de trabalho de Antônia.

A sobrinha de Antônia lembra ainda da entrega que a técnica tinha com a sua profissão.

“Me recordo com o coração apertado quando eu ligava pra ela e pedia: ‘tia, por que você não pede afastamento?’, e ela respondia: Eu não abandono minha profissão, meus companheiros. Lá é minha segunda família. Se eu tiver de morrer, que seja lutando”,
lembra.

Hoje, Antônia faz falta nos hospitais e na família. Para os filhos de Antônia, Ana e Maycon, sobra o espaço vazio de uma pessoa que não mais voltou para casa.

“O que vai ficar na lembrança é ela chegando em casa, às 8 horas da noite ou da manhã. Isso eu vou sentir muita falta: de ver ela chegando, de ver ela no quartinho dela, assistindo TV. Ela vai deixar muita saudade para nós dois”, disse Ana.

"Homem mais corajoso que conheci"

O cabo Arnaldo Alves faleceu no dia 28 de junho, aos 47 anos. O policial militar entrou na corporação em 1992, quando tinha apenas 20 anos, e dedicou mais da metade da vida ao trabalho como policial. Atuava no 9º Batalhão de Polícia Militar, responsável pelo policiamento de parte da Zona Norte de Teresina.

“Era um pai dedicado, o homem mais corajoso que conheci, e um exemplo de policial que infelizmente essa doença nos tirou”, disse o estudante de arquitetura Guilherme de Sousa, filho do cabo Arnaldo.

O rapaz comentou que a perda do policial abalou a toda a família, e apela para que as pessoas tenham cuidado com seus familiares e amigos, e que respeitem o isolamento social. Até agora, 12 policiais militares do Piauí faleceram vítima da Covid-19.

“Realmente é o que faz a diferença entre quem vai viver e quem vai morrer. Eu não desejo essa dor que nossa família está passando nesse momento para ninguém. Então, eu peço que as pessoas se conscientizem sobre a necessidade e urgência desse momento que a gente tá vivendo”, disse. 

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Tópicos: casa, policial, falta