Monitor da Violência: PI teve redução de 10% nas mortes violentas em 2023; primeira queda em 4 anos
12/03/2024 10h26Fonte G1 PI
Imagem: Laura Moura/g1 PiauíLevantamento registra números de mortes violentas no Piauí.
O Piauí registrou redução de mais de 10% nas mortes violentas em 2023, na comparação com os dados de 2022. Esta é a primeira redução em quatro anos. Os dados são do levantamento exclusivo do g1, o Monitor da Violência, divulgado nesta terça-feira (12). O número total de casos, 711, é o menor dos últimos três anos, mas resulta em uma média de 2 mortes por dia.
A redução é relativa à comparação com o ano anterior, 2022, quando o estado teve 790 mortes por homicídio doloso (incluindo feminicídios), lesão corporal seguida de morte e latrocínio (roubos seguidos de morte) - tipos de crimes letais registrados pelo Monitor da Violência.
No Brasil, o número de assassinatos caiu 4% em 2023 na comparação com 2022, mostra a edição final do levantamento anual realizado pelo Monitor da Violência.
No estado, a queda de 10% é a primeira anual apontada pelo levamento, no estado, desde 2018. A partir desse período, o Piauí apresentou sucessivos aumentos, chegando a 790 casos em 2022. A redução em 2023 foi mais significativa no segundo semestre, já que de janeiro a março o estado teve o 3º maior aumento do país: 20% a mais que o mesmo período do ano anterior.
Apesar da queda geral em 2023 o Piauí registrou o quarto maior número anual de mortes violentas da última década.
- Acesse o mapa para ver o levantamento ano a ano desde 2012 no Piauí e demais estados
Em relação aos outros estados, o Piauí seguiu a tendência brasileira, de redução. Apenas cinco unidades da federação tiveram aumento nas mortes em 2023: Amapá (49%), Rio de Janeiro (7,4%), Pernambuco (5,5%), Minas Gerais (3,7%) e Maranhão (1,8). O Ceará foi o único que apresentou estabilidade e as maiores reduções foram registradas em Sergipe (-22%), Tocantins (-19%) e Rondônia (-14%).
Levantamento periódico é encerrado
O levantamento periódico dos assassinatos é um dos projetos do Monitor da Violência, criado em 2017 pelo g1 em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP).
Naquela época, o governo federal não tinha uma ferramenta que permitisse à sociedade – jornalistas, pesquisadores, gestores públicos e demais cidadãos – acompanhar, de forma atualizada, os dados sobre homicídios do país. O único levantamento nacional era o do FSBP, divulgado no segundo semestre de cada ano.
A divulgação dos dados pelos estados também não era padronizada, e não havia uma frequência definida.
A partir da parceria, as centenas de jornalistas do g1 espalhados pelo país passaram a levantar junto aos estados dados sobre as mortes violentas ocorridas mês a mês, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e das assessorias de imprensa dos governos.
Esse trabalho contribuiu para aumentar a transparência e a precisão das informações sobre segurança pública divulgadas no Brasil e, em 2024, o governo federal passou a publicar os dados de crimes violentos em um painel interativo com informações de todos os estados.
Os dados do governo federal, embora usem uma metodologia diferente da do Monitor (por incluir, por exemplo, mortes suspeitas e encontro de corpos e ossadas, que podem não ser homicídios), apontam para um cenário semelhante, de redução de 4% nas mortes violentas em 2023.
Esse aumento na transparência levou o g1 e os parceiros a decidirem encerrar o levantamento periódico das mortes violentas.
"O Monitor da Violência teve e tem um papel estratégico para a discussão de vários temas sensíveis da agenda da segurança pública, a exemplo dos dados sobre redução e esclarecimento de homicídios, letalidade e vitimização policial, sistema prisional, violência contra mulheres, entre outros. Afinal, a experiência internacional revela que é a partir da ação intensa de disseminação de informações fidedignas e qualificadas que políticas públicas são provocadas e gestores se mobilizam", afirmam Renato Sérgio de Lima e Samira Bueno, diretores do FBSP.
A decisão não significa o fim do Monitor da Violência – apenas do levantamento periódico de assassinatos, diante de um cenário em que dados nacionais e atualizados sobre esses crimes estejam disponíveis para a população.
A parceria seguirá em outras iniciativas, como tem acontecido desde 2017. Nesse período, entre outras coisas, o Monitor da Violência realizou reportagens sobre
- Solução de investigações de homicídios;
- Letalidade policial e mortes de policiais militares;
- Feminicídios;
- Roubos de carro no Estado de SP;
- Impacto da decisão do STF que permitiu a substituição da prisão preventiva por domiciliar de grávidas e mulheres com filhos pequenos;
- Propostas para a segurança pública de candidatos à Presidência da República.
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