Motoristas propõem parcelar reajuste, mas Setut não aceita e greve continua
08/02/2019 07h34Fonte CidadeVerde.com
Imagem: Roberta AlineClique para ampliar
O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Rodoviários de Teresina (Sintetro) decidiu, na tarde de quinta-feira (7), continuar a greve dos motoristas e cobradores de ônibus.
O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) não aceitou a contraproposta dos trabalhadores de reajuste de 4,5% dividido em duas parcelas - sendo 4% imediato e 0,5% em maio, e sem jornada dupla. O Setut havia oferecido 4% com jornada dupla.
"Apresentamos essa contraproposta na boa iniciativa de acabar com o movimento grevista para o presidente do Setut, e ele ficou de analisar e recusou. Agora à tarde disse que não aceita. Então, é complicado negociar assim", comentou Fernando Feijão, presidente do Sintetro.
Os motoristas e cobradores pediam inicialmente reajuste de 8,43%. Em reunião no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os trabalhadores chegaram a baixar o índice para 5%. O Setut deu uma contraproposta de aumento de 4%, no entanto, exigiu jornada dupla. Na manhã de hoje, o Sintetro apresentou outra proposta, agora de 4,5%.
"Toda as tentativas nós fizemos. A última foi hoje: nós saímos de 8,5% para colocar uma proposta em duas vezes. Essa negociação acaba com a greve e vai atender a sociedade, mas pode se vê claramente que o Setut ganhou 7% de reajuste na tarifa, tem subsídio da Prefeitura de Teresina, e não quer negociar. Eles realmente querem massacrar a população. A greve não é por causa dos trabalhadores, e sim por causa dos empresários e da própria Prefeitura, que é parte dessa negociação e do transporte público coletivo, e as partes precisam ajudar", acrescentou o sindicalista.
Nesta quarta-feira (6), o desembargador do TRT, Wellington Jim Boavista, determinou que 70% da frota dos ônibus circulasse no horário de pico durante a greve. O sindicato confirmou que está sendo cumprido.
A frota normal de ônibus é de 432 veículos. A Strans (Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito) fiscaliza se o Setut cumpre a legislação. A prefeitura cadastrou 110 veículos para circularem durante a greve.
Categoria teme demissões
Feijão explicou que a dupla jornada de trabalho, a chamada "dupla pegada", pode ser uma tentativa de camuflar uma série de demissões. Além do maior desgaste físico e mental que os motoristas e cobradores podem sofrer.
"O nosso turno de trabalho começa muito cedo. Umas 4h30 da manhã. Então, geralmente, você tem que acordar às 3h para poder chegar ao local de trabalho na hora certa. Você acordar todos os dias da sua vida nesse horário é cansativo, mesmo que quem já seja acostumado", diz.
Feijão explica que a jornada de trabalho é de 7 horas e 20 minutos, divididos em "duas pegadas". De manhã, trabalha uma turma, e a tarde outra turma.
"Eles querem pegar 30% dos trabalhadores e colocar apenas em uma jornada, seria umas 4 horas pela manhã, o trabalhador iria para casa, depois retornaria a tarde para fazer as 3 horas e 20 minutos. Então, o outro motorista e cobrador seriam demitidos porque iria reduzir a demanda. Por exemplo, se o empresário tem 440 profissionais, podemos ter uma demissão de 120 motoristas e 120 cobradores. A demissão poderia ocorrer não de uma só vez, mas a longo prazo".
O Cidadeverde.com entrou em contato com assessoria do Setut que informou que os empresários não irão se manifestar sobre as negociações com os motoristas e cobradores.
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