Mulher que perdeu mãe, padrasto, irmão e avó em incêndio havia perdido o filho há um mês

15/10/2024 09h12


Fonte G1 PI

Lucilene da Silva perdeu a mãe, o padrasto, um de seus irmãos e sua avó materna no incêndio que destruiu quilômetros de lavouras na comunidade Santa Clara, zona rural de Canto do Buriti, no Piauí. Há pouco mais de um mês, Lucilene perdeu o filho, de 23 anos, morto num acidente de motocicleta, e agora terá que lidar com todas essas perdas.

Lucilene da Silva perdeu a mãe, o padrasto, um de seus irmãos e sua avó materna no incêndio que destruiu quilômetros de lavouras na comunidade Santa Clara, zona rural de Canto do Buriti, no Piauí. Há pouco mais de um mês, Lucilene perdeu o filho, de 23 anos, morto num acidente de motocicleta, e agora terá que lidar com todas essas perdas.

Vítimas não acreditavam que fogo chegaria à casa

No domingo (13), durante o incêndio, o marido de Lucilene foi até a casa para convencer os sogros a irem embora. Mas eles decidiram permanecer na casa porque já haviam passado por incêndios antes.

"Há muito tempo passamos por isso. O fogo rodeia a casa, nunca chegou na casa deles. Então, eles confiaram. Se recusaram a sair. Eram gente de idade, com a cabeça dura" comentou a filha.

O fogo atingiu toda a comunidade Santa Clara e queimou diversas lavouras de banana, milho, matou animais de criação e de estimação e destruiu até apiários de produção de mel.

"Faz mais de 20 anos que moro aqui, e nunca teve um fogo como o de ontem [...] Eu tenho asma e estou ainda rouca, com dor de cabeça. Aqui na comunidade tem crianças doentes, adultos sofrendo por causa da fumaça", lamentou.

Família foi alertada sobre risco
Imagem: ReproduçãoQuatro pessoas da mesma família morrem queimadas em grande incêndio em Canto do Buriti, no Piauí.(Imagem:Reprodução)Quatro pessoas da mesma família morrem queimadas em grande incêndio em Canto do Buriti, no Piauí.

A família foi alertada sobre o risco das chamas invadirem a propriedade, informou o delegado Vinícius Araújo ao g1. O fogo permanece na região e aeronaves foram enviadas de Teresina para tentar conter os focos. Veja orientações para residências em áreas de risco.

"O filho do proprietário já tinha tentado fazer a retirada do pai, mas ele se negou dizendo que ano passado também teve um incêndio com as mesmas proporções que não tinha chegado próximo da casa, e que esse ano também não ia acontecer", contou o delegado.
Ainda conforme o delegado Vinicius Araújo, as chamas estavam a cerca de 7 km da residência por volta das 12h. Após 40 minutos, o fogo chegou até as proximidades da casa e atingiu os 4 moradores, que morreram no local.

As vítimas foram identificadas como: Ilda Pinto da Silva, o marido Aido Pereira, o filho Erisvaldo Braz da Silva, de 39 anos, e a mãe de Ilda, Raimunda Nonato Vitorino Dos Santos, que estava visitando a família. Todas as vítimas eram adultas.

Leia também: Quatro pessoas da mesma família morrem queimadas em grande incêndio no interior do Piauí

Comunidade ainda enfrenta incêndios

A comunidade Santa Clara ainda registra focos de incêndio nesta segunda-feira (14), segundo o Corpo de Bombeiros do Piauí (CBMEPI).

A expectativa dos bombeiros é extinguir as chamas completamente até, no máximo, terça-feira (15). Conforme a corporação, as pessoas que residem em áreas de risco devem desocupar as casas ou limpar uma boa área do terreno para que o fogo não se aproxime rapidamente.

Conforme o coronel Egídio Leite, comandante operacional do CBMEPI, o fogo está “menos agressivo” em relação ao domingo (13), quando as chamas se espalharam pela vegetação da comunidade. A corporação enviou equipes de Teresina e Floriano, além de um helicóptero da Polícia Militar do Piauí (PMPI), para auxiliar os brigadistas locais.

“Ainda há focos de incêndio porque tem muito material combustível, vegetação seca, e se propaga muito rápido, principalmente nas horas em que a temperatura está mais elevada. Dependendo de como vamos confrontá-lo hoje à tarde, esperamos extinguir [o fogo] até amanhã”, afirmou o coronel.

Os bombeiros aguardam o fim do combate para solicitar uma perícia no local e determinar tanto a origem do incêndio, quanto os prejuízos causados por ele. A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), de Teresina, também está se dirigindo à comunidade para investigar o caso.

Como proteger residências

Para evitar que o fogo se alastre em situações semelhantes, o coronel Egídio Leite orientou que moradores de regiões rurais façam a limpeza dos terrenos de suas casas, sobretudo no segundo semestre do ano - marcado pelas altas temperaturas do B-R-O Bró.

“Pode ter vegetação seca próxima a sua casa e, diante de um incêndio como este, a casa pode até incendiar. Se não for desocupar a casa, limpe uma margem que dê segurança e impeça que o fogo chegue até a residência. Assim, ela será um local seguro para atravessar esse momento”, apontou o comandante do CBMEPI.

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Tópicos: bombeiros, v?timas, inc?ndio