Na linha de frente no combate à Covid-19, profissionais passam o 1º Dia das Mães longe dos filhos

10/05/2020 12h37


Fonte G1 PI

Imagem: Arquivo Pessoal/Dilia SáviaMãe e filha estão afastadas há 54 dias, desde que a profissional começou a trabalhar no combate ao novo coronavírus.:(Imagem:Arquivo Pessoal/Dilia Sávia)Mãe e filha estão afastadas há 54 dias, desde que a profissional começou a trabalhar no combate ao novo coronavírus.

Na linha de frente no combate à Covid-19, as profissionais de saúde terão um Dia das Mães bem diferente dos outros anos. Vivendo em isolamento para não correrem o risco de infectar os familiares, elas vão passar a data pela primeira vez longe dos filhos.

Há 54 dias afastada da filha, a enfermeira Dilia Sávia de Sousa Falcão, 39 anos, contou como é comemorar o seu dia longe da Maria Vitória, de 7 anos. A criança ficou com a avó paterna e o pai em Parnaíba, enquanto a mãe trabalha em Teresina, a 340 km de distância.

"É inexplicável, uma situação muito difícil. Minha filha entende que não pode sair de casa, porque o bichinho pode pegar ela, e a mamãe precisa trabalhar para eu possa ajudar muitas pessoas agora", contou Dilia, que é gerente de atenção primária da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí.

Desde que começou a atuar diretamente no combate ao novo coronavírus, a enfermeira não voltou mais para casa e se isolou no apartamento emprestado da prima. Ela entra no trabalho às 8h e não tem horário de saída, mas tenta amenizar a saudade da filha por videochamadas.

"Nós sempre ficamos distante durante a semana, porque eu trabalho em outra cidade, mas todas as datas comemorativas e eventos da escola estou por perto. Quando eu chego, faço as comidas que ela gosta, isso faz muita falta",
contou.

"Nos meus 14 anos de profissão, jamais pensei passar por isso. A gente não consegue entender o que estar acontecendo, só que temos que enfrentar para salvar o máximo de vidas possível e unir nossos esforços",
declarou emocionada.
Imagem: Arquivo Pessoal/Hellen AmaralFilho de enfermeiros, Davi foi para a casa da avó em Parnaíba.(Imagem:Arquivo Pessoal/Hellen Amaral)Filho de enfermeiros, Davi foi para a casa da avó em Parnaíba.

Hellen Amaral, de 35 anos, é mãe do pequeno Davi, de 4 anos. Ela e o marido são enfermeiros e para proteger o filho mandaram ele para casa da avó materna em Parnaíba. A profissional de saúde trabalha no Hospital Getúlio Vargas, unidade de referência no combate ao novo coronavírus em Teresina.

"São 42 dias sem abraçar o meu filho. No início, ele estava ficando com o pai, mas como o meu marido também é enfermeiro, já não tínhamos mais com quem deixá-lo quando ele ia trabalhar. Agora mandamos o Davi para a casa da avó",
disse.

Para a profissional, a ausência no acompanhamento diário do filho é pior parte nesta pandemia. Ela diz que Davi entende parcialmente o problema, mas cobra a presença da mãe.

"Ele fala sobre o coronavírus, que tem que usar máscara, que não pode ver os primos. Mas essa semana ele perguntou por que eu trabalho tanto?",
revelou.

"Como mãe, me sinto péssima. Ausente, sem poder acompanhá-lo nas atividades diárias. É muito difícil não vê-lo todo dia, não dormir junto. Choro diariamente",
declarou a enfermeira.

Como profissional, Hellen se sente sobrecarregada no trabalho direto com os pacientes com coronavírus. "São muitas responsabilidades, muitas horas de serviço. A demanda de pacientes está aumentando, assim como a gravidade dos casos", comentou.

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Tópicos: casa, combate, m?es