"Não sabia se acudia as coisas ou as crianças", diz vítima de enchente no PI

28/01/2016 10h42

Fonte G1 PI

As enchentes que invadiram a cidade de Dom Inocêncio no domingo (24) causaram prejuízos por toda parte e para quem teve a casa invadida pelas águas a cena jamais será esquecida. A vendedora Gisely Ramos, 26 anos, descreveu ao G1 os momentos de terror vividos na hora em que a enxurrada tomou conta da casa onde mora em um bairro localizado numa área baixa da cidade.

"Foi desespero demais, uma cena de horror. Tentamos pegar as coisas às pressas com a água dando na cintura, mas não deu tempo carregar tudo. No meu caso foi muito difícil porque eu tenho os meus filhos. Eu não sabia se acudia as coisas ou crianças", disse ela que é mãe de duas meninas, uma de seis e outra de dois anos.


A família de Gisely é umas das 11 que estão alojadas em uma escola municipal desde o dia em que a cidade foi tomada pelas águas.

A jovem conta que têm sido dias de muita dificuldade e relata que não pode mais voltar a morar na casa, que está afundada e com a estrutura totalmente abalada.

"É uma situação muito ruim. Esses dias estamos dormindo na escola com os quartos abertos e não conseguimos achar nem as roupas direito. As crianças estão achando muito ruim e ficaram traumatizadas, não querem me perder de vista por nada e nem com minha mãe querem ficar", disse.

A moradora diz que ainda não voltou para ver a casa e fala que investiu tudo o que tinha para construir a residência. "Tudo que eu tinha de criação (animais) vendi para construir aquela casa. Minhas economias estão todas lá. Só sabe dessa situação quem passou por ela", falou a jovem.


Falta de alimentos no comércio

As águas que invadiram a cidade baixaram ao longo da semana, mas os riachos cheios ainda deixam o município isolado. Sem acesso para transportes, alguns produtos estão começando a faltar em Dom Inocêncio e a procura dos moradores para garantir a cesta básica tem aumentado nos últimos dias.

Segundo o comerciante Marinho Damasceno, produtos como frios e outros itens da cesta básica estão diminuindo e alguns já faltam nas prateleiras.

O comércio dele, localizado no Centro da cidade, não recebe mercadorias há cerca de 20 dias, pois os fornecedores não conseguem levar os carregamentos devido aos acessos isolados.

"Já estão faltando muitos itens da cesta básica. A parte de frios já não tem mais. As pessoas estão procurando, principalmente as do interior, mas muitas delas não estão conseguindo vir para a cidade comprar", falou o comerciante.

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