Pai pede para ser condenado e recebe pena de 31 anos de prisão por matar filha de 1 ano
20/04/2022 10h52Fonte G1 PI
Imagem: Reprodução/Tribunal de JustiçaJulgamento de pai acusado de matar a filha de 1 ano a facadas no Piauí.
Leonardo Irving Daniel da Silva, 27 anos, foi condenado a 31 anos de prisão pelo assassinato da filha Nicolly Gabriel Daniel, de 1 ano de idade. O crime aconteceu em 2018 e o homem foi condenado após julgamento do Tribunal Popular do Júri, que encerrou na madrugada desta quarta-feira (20). Ele confessou o crime e pediu para ser condenado.
A sentença terminou de ser proferida após a meia-noite desta quarta. O júri iniciou ainda na manhã de terça-feira (19). O réu foi condenado à pena de 31 anos, com reconhecimento de quatro qualificadoras para o homicídio, além de dois agravantes.
As qualificadoras são: motivo torpe, motivo fútil, praticado de forma cruel e sem possibilidade de defesa pela vítima. A pena foi aumentada por ser a vítima menor de 14 anos e por ser ele pai da criança, conforme previsto no Código Penal.
Confessou e pediu para ser condenado
Durante o julgamento, Leonardo Irving voltou a confessar o assassinato da filha e disse não lembrar de detalhes do crime. O acusado pediu para ser condenado e voltar para o sistema prisional.
"As pessoas falam que eu sou um monstro e eu concordo, sei que sou, porque tirei a vida da minha filha. Eu só quero ser condenado e voltar para o presídio. Eu me arrependo de ter tirado a vida dela, choro de dia e noite por isso", declarou.
Leonardo contou que no dia do crime estava segurando a filha e com um punhal na outra mão. A criança, segundo o réu, chegou a tocar na arma, mas ele retirou. Depois disso, o acusado diz não lembrar o que aconteceu.
Ao ser preso, Leonardo disse ter dado sete golpes de faca na criança para "descontar a fúria que estava sentindo contra a ex-mulher", mãe da criança.
Imagem: Divulgação / PMCriança de um ano foi morta com sete facadas pelo pai no Sul do Piauí.
"Já perguntei para minha mãe como eu machuquei a minha filha. Eu sonho com ela nos braços do meu avô, dizendo que me perdoa, mas eu não vou me perdoar nunca. Depois minhas mãos aparecem cobertas de sangue", contou.
O acusado revelou que a união com Amanda Kelly Barbosa, mãe da criança, durou dois anos após descobrir uma traição da ex-companheira. O acusado negou que tinha a intenção de matar a ex-mulher.
Já tinha ameaçado matar a filha, diz ex
Amanda Kelly Barbosa, ex-companheira de Leonardo, foi a primeira a prestar depoimento. Ela contou que Leonardo não era agressivo, de forma geral, no relacionamento. Contudo, com a separação do casal, ele chegou a agredi-la e ameaçou matar a filha se não ficasse com a guarda da criança.
"Era um relacionamento saudável, tinha brigas como todo casal, mas era saudável. Um pouco antes do acontecido ele chegou a me agredir fisicamente, eu já tinha a Nicolly. Assim que a gente decidiu se separar, ele queria a guarda da menina e eu falei que a guarda era minha, e ele chegou a falar pra mim que seria capaz de tirar a vida dele e dela pra nem eu nem ele ficar com a guarda da criança”, disse Amanda.
Confissão e relatos de arrependimento
Na época em que foi preso, segundo a Polícia Civil, ele contou à polícia que sofria de problemas psiquiátricos. Contudo, isso não ficou comprovado com o passar das investigações.
“A relação deles era cheia de idas e vindas. Estavam terminados, mas ela tinha prometido acompanhá-lo a uma consulta psiquiátrica, só que desistiu. Nesse momento ele diz ter ficado muito nervoso e acabou cometendo o crime”, informou o delegado Daniel Alves ao g1.
Segundo o delegado, o acusado estava com a criança no colo enquanto discutia com a ex-mulher. “Ele pegou um punhal e tentou coagir a moça a ir com ele. Segurando a criança, ele perguntou para ela se matava a criança ou ela. A situação chamou a atenção de algumas pessoas e a polícia foi acionada, ele disse que foi ficando mais nervoso e começou a esfaquear a filha nas costas”, contou o delegado Daniel Alves.
O delegado afirmou que o jovem chorou durante todo o depoimento. “Ele se diz arrependido de ter matado a filha, diz que foi um momento de fúria que não conseguiu se controlar e que não era para ter acontecido”, disse Daniel Alves.
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