'Parecia cena de filme', diz morador de cidade onde 5 morreram em chacina

31/10/2014 10h44


Fonte G1 PI

Imagem: Ellyo Teixeira/G1Homem assassinou cinco pessoas na zona rural de São Miguel do Tapuio.(Imagem:Ellyo Teixeira/G1)Homem assassinou cinco pessoas na zona rural de São Miguel do Tapuio.

“Parecia cena de filme”.
Descreveu o trabalhador autônomo Francion Alves da Silva, morador da comunidade rural Palmeira de Cima, em São Miguel do Tapuio, Norte do Piauí, que foi palco de uma chacina na tarde dessa quinta-feira (30). Após a morte de cinco pessoas, a cidade parou e o medo e tristeza tomaram de conta da população. Um homem armado identificado pela polícia como Clewilson Vieira Matias, 35 anos, assassinou a própria mulher, outras quatro pessoas e está foragido.

O G1 esteve na cidade que fica a 227 km de Teresina e por onde a reportagem passou o clime era de absoluta desolação. "Só tinha visto história como essa pela televisão. Pensei que isso não aconteceria em uma localidade como a nossa", relatou Francion Alves.

De acordo com o sargento Cunha, comandante da Força Tática da cidade vizinha de Campo Maior, populares disseram que a motivação do crime seria porque os moradores teriam feito abaixo-assinado pedidno a expulsão de homem de Clewilson Vieira pois ele estaria aliciando jovens para entrar no tráfico de drogas.

Imagem: Ellyo Teixeira/G1Clique para ampliarMãe da mulher morta em chacina disse ter ficado abalada com morte da filha.(Imagem:Ellyo Teixeira/G1)Mãe da mulher morta em chacina disse ter ficado abalada com morte da filha.

Francisca Moreira da Silva, mãe de Maria Moreira, 35 anos, mulher do atirador, conta com surpresa e revolta que o homem demonstrava ser um bom marido e que a filha nunca comentou sobre possíveis brigas do casal.

“Eles aparentemente viviam bem, nem sei o porquê dele ter feito isso. Estou bastante abalada com a morte da minha filha que deixa dois filhos, um de 14 e outro de 17”,
lamentou.

O choque pelo súbito sentimento de perda e incompreensão pela tamanha demonstração de violência atingiu também a esposa de Roberto Brito Bastos, o professor assassinado, que está grávida de oito meses, e confessou que jamais esperava que seu marido fosse morto de tal forma.

Imagem: Ellyo Teixeira/G1Clique para ampliarMulher de professor morto está grávida de oito meses.(Imagem:Ellyo Teixeira/G1)Mulher de professor morto está grávida de oito meses.

“Isso é uma coisa que eu nunca imaginei. Meu marido era um bom pai e não tinha problemas com ninguém. Não sei explicar porque ele foi morto dessa forma”,
lamenta a viúva, que teve o marido assassinado dentro da escola em que trabalhava.

De acordo com o delegado Laércio Evangelista, a mulher do atirador foi morta dentro da própria casa e o corpo encontrado pelo filho mais velho. “Ele disse para a mulher que iria matar algumas pessoas e ela tentou impedir. Houve uma discussão e ela foi baleada por cinco disparos dentro do quarto do casal e morreu no local”, disse.

Após matar a esposa e o professor, o homem saiu em uma motocicleta e assassinou ainda Cláudio Barros de Oliveira, Sidney Tavares da Silva e Juvêncio dos Reis da Silva, avô de Sidney.

“Algumas vítimas foram mortas no meio da rua. Ainda estamos investigando para saber se o atirador já sabia quem matar ou se as mortes foram por um acaso. O suspeito já era investigado por roubo e tráfico de drogas”,
afirmou Laércio.

Além da violência e frieza nas ações do suspeito, o que também causou espanto, segundo o delegado, foi o local usado para esconder as armas. Segundo ele, o atirador mantinha as armas utilizadas no crime dentro de um buraco feito no piso por baixo da sua cama.

“Ele usava esse local para que a polícia não encontrasse nada em sua casa, pois era um buraco em baixo da cama e bem camuflado”,
descreveu.

Em meio às buscas realizadas pela Polícia Militar, a dor das perdas de familiares se mistura com a insegurança e o temor de que mais violência ainda esteja por vir. Reflexo disso é a ausência de pessoas nas ruas e a predominância de residências e estabelecimentos dos mais diversos com as portas fechadas.

Com receio de outras retaliações por parte do suspeito, os moradores da comunidade temem até mesmo sair às ruas, pois o homem, segundo a polícia, já seria conhecido por outros crimes, provavelmente ligados ao tráfico de entorpecentes. Questionado sobre a falta de movimento nas ruas, um comerciante que também fechou seu estabelecimento comercial e preferiu não se identificar, justifica: “Ninguém saiu de casa e por falta de movimento e medo vou fechar mais cedo. Não sei nem que dia vou reabrir o bar, já que ele (atirador) ainda continua solto”.

Após cometer os assassinatos, o suspeito evadiu-se do local em uma motocicleta e cerca de 30 policiais e um helicóptero foram enviados para auxiliar nas buscas. Até a manhã desta sexta-feira (31) as buscas ainda continuavam na região.

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