Piauà está entre estados onde jovens negros têm mais chances de morrer
08/05/2015 08h29Fonte G1 PI
O Piauí está entre os estados com alto índice (0,477) de jovens negros em situação de vulnerabilidade à violência e desigualdade racial, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (7) pela Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República, em Brasília.Levando em conta somente o critério de homicídios, o estado ocupa a 15ª posição com 2,76 mais chance de um jovem negro ser assassinado do que um jovem branco. O levantamento feito considerou pessoas pretas e pardas com idade entre 12 e 29 anos.
Os dados divulgados pela Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República fazem parte do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014, elaborado em parceria da secretaria, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Ministério da Justiça e o escritório da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil. Os dados utilizados são de 2012.
O relatório traz um índice inédito que mostra que a cor da pele dos jovens está diretamente relacionada ao risco de exposição à violência. O cálculo leva em conta mortalidade por homicídios e acidentes de trânsito, frequência à escola e situação de emprego, pobreza no município e desigualdade.
História racista reforça atualidade, diz professor
Para o professor Marcondes Brito, que estuda a violência no Piauí, o Brasil e o Piauí têm uma história que reforçou o racismo de várias formas. "É um país que foi um dos últimos do mundo a abolir essa prática. Para se ter uma ideia, as religiões ligadas a população negra eram proibidas até 1950, a capoeira era proibida até 1960. Toda essa história racista tem consequências na nossa atualidade, onde quem morre são os jovens negros", afirmou.
Segundo ele, pesquisas mostram que a umbanda era tratada como caso de polícia até a década de 1960. "Era considerado charlatania, os pais de santo eram presos. E a maioria das pessoas que andavam nesses espaços eram negros. Então, o estado brasileiro interpreta esse homem negro como inimigo", disse.
Marcondes Brito afirma que toda essa história em que o negro é marginalizado desemboca na atualidade, onde jovens negros são as principais vítimas da violência e têm 2,5 vezes mais chances de serem assassinados no Brasil do que jovens brancos, como mostrou a pesquisa.
"Uma outra pesquisa perguntou aos policiais do Brasil qual o primeiro critério de escolha para uma abordagem. Cerca de 84% responderam que era pela cor da pele (negra), em segundo lugar vinha a vestimenta e por fim, o local. O Piauí é um dos quatro estados que não consegue baixar a mortalidade de jovens negros. Esse número aumento muito em 2011, 2012, 2013 e 2014. O estado não criou políticas para parar com isso", finalizou.
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