Policiais de delegacias especializadas suspendem prisões e operações no PI
05/03/2015 09h25Fonte G1 PI
Imagem: DivulgaçãoDelegado Riedel recebeu reivindicações dos agentes das delegacias especializadas.
Policiais civis das delegacias especializadas decidiram nesta quarta-feira (4) paralisar as operações de alto risco e cumprimento de mandados de prisão, suspender viagens, assim como restringir a carga de trabalho ao horário comercial. Segundo os agentes, a ação foi tomada porque o governo do estado se nega a pagar diárias de nível superior, gratificação especial de trabalho, assim como impõe condições precárias de alojamento durante operações pelo interior do estado.
O delegado geral da Polícia Civil, Riedel Batista, reconheceu que a gratificação foi cortada, mas afirmou que o requerimento para reativação da condição especial de trabalho foi enviado e que tudo está encaminhado. "A gente fez uma solicitação para o governo do estado e esses policiais terão de volta a sua gratificação. Elas foram canceladas em janeiro para a administração saber quem de fato merece recebê-la. Todas as secretarias do estado estão passando pelo mesmo problema”, disse
Com a restrição nos serviços das delegacias especializadas, os agentes alegam que dezenas de mandados de prisão para homicidas, latrocidas, traficantes e organizações criminosas na capital e no interior do Piauí deixam de ser cumpridos.
“As especializadas tem um trabalho diferenciado. Os agentes da Greco, Entorpecentes, Polinter, Homicídios, GPS trabalham de sobreaviso todos os dias. Você é avisado para ir para a Acadepol às 4h e não sabe que horas volta. Nós tínhamos uma gratificação por condição especial de trabalho, mas foi cortada pelo governo”, disse um agente que pediu para não ser identificado.
Ao G1 , Riedel afirmou que não haverá prejuízo para a segurança, apenas uma readequação no trabalho. "O policial civil tem que cumprir uma carga horária de 44 horas por semana. Então o agente terá que trabalhar normalmente durante o seu período de trabalho. Se aparecer um mandado para cumprir às 8h, ele terá de ir. Vamos fazer uma readequação para que não exista prejuízo", disse.
Os investigadores também reclamam das condições precárias dos alojamentos nas viagens do interior, quando os policiais têm de se manter em pequenas fazendas, algumas vezes utilizando um único banheiro para mais de 40 homens. Além disso, as diárias não seriam pagas de forma antecipada e multas vezes compensadas 30 ou 40 dias depois.
Sobre essa reclamação, o delegado geral afirmou que a polícia não tem horário definido para realizar uma ação e que por isso as diárias não são pagas de forma antecipada. "Se aparecer uma operação para realizar agora, o policial não pode esperar a diária ser compensada para dar cabo do serviço. Isso é próprio da atividade policial. Além disso, o governo providencia alojamento e alimentação para os investigadores. Com relação ", afirmou.
Por fim, os policiais recebem diárias de nível médio, quando desde 2003 existe a exigência de curso superior para o concurso de policial civil. Riedel disse que existe um parecer da Procuradoria Geral do Estado dizendo que não pode pagar para o policial civil uma diária de nível superior. "Tem esse documento, mas fiz uma solicitação para que seja feita uma adequação legal para que a gente possa pagar uma diária de nível superior. Porque na administração pública é assim, a gente só pode fazer o que lei permite”, finalizou.