População volta a usar lamparina por conta das quedas de energia no Piauí

06/09/2014 13h00


Fonte G1 PI

Imagem: Gilcilene Araújo/G1Moradores recorreram as lamparinas para iluminar as casas.(Imagem:Gilcilene Araújo/G1)Moradores recorreram as lamparinas para iluminar as casas.

Em Buriti dos Montes, a 250 Km de Teresina, as oscilações na energia elétrica causam transtornos à população há um ano e alguns moradores recorreram as lamparinas para iluminar as residências. Esta semana o G1 mostrou estudantes da Unidade Escolar Antônio Deromi Soares fazendo provas com luzes de aparelho de celular por conta da falta de energia. A mesma situação também preocupa os comerciantes, que já tem as vendas prejudicadas e para os habitantes, o fornecimento irregular tem sido responsável pela queima de diversos eletrodomésticos e eletrônicos. Além disso, o abastecimento de água também fica comprometido.

A dona de casa Maria das Dores, 56 anos, voltou a utilizar as lamparinas devido às constantes quedas de energia. Ela comprou os produtos por R$ 6 cada após problema. “Depois que a energia elétrica chegou, eu pensei que nunca mais usaria a lamparina, porém para não ficar no escuro voltei a utilizar. Ela é mais econômica do que ficar comprando maços de velas”, contou.

Maria das Dores não é a única moradora que voltou iluminar as casas de modo arcaico. Nas residências de Buriti dos Montes, ter uma lamparina passou a ser um objeto fundamental, mas as quedas de energia também prejudicam aos comerciantes, principalmente, aqueles que dependem da eletricidade para conservar as mercadorias.

Os trabalhos nos órgãos municipais também estão sendo paralisados, ocasionando danos ao patrimônio público e a todos que dependem dos serviços. Quando a queda de energia não é total o sistema de alimentação mantém a rede em uma fase, ou seja, equipamentos conectados têm problemas com o funcionamento e queimam.

O frentista José Edson Soares afirmou que as vendas caíram 50 % depois que a energia elétrica começou a oscilar. “As pessoas não esperaram o fornecimento ser restabelecido para abastecerem seus veículos. Muitos vão embora ou abastecem na cidade vizinha. Isso é ruim para Buriti dos Montes porque o dinheiro deixa de circular na cidade para ser usado em outro município”, comentou.

O mecânico Denilson Soares é outro habitante que sofre com a falta de energia. O trabalhador perdeu um motor de um compressor, que parou de funcionar quando a energia elétrica foi restabelecida. Ele contou não conseguir trabalhar porque a energia que chega na cidade é fraca.

“Eu recebo muitas encomendas de moradores que solicitam meu serviço com objetivo de recuperar alguns eletrodomésticos e outros equipamentos, mas como não tenho energia elétrica, não consigo entregar o serviço dentro do prazo. A energia tem hora para chegar e para ir embora também. Chega pela manhã e vai ficando fraca no turno da tarde. Quando à noite chega estamos na escuridão”,
lamentou.

Denilson Soares contou ainda que alguns moradores estão sofrendo com a falta de água, já que o abastecimento das residências é feito utilizando água de poço perfurantes. “ A prefeitura da cidade me contratou para consertar as bombas dos poços, contudo, quando falta energia fica impossível bombear o líquido até as residências. Às vezes, o equipamento queima por conta da intensidade da energia quando retorna. Ainda não consegui fazer o reparo porque no meio do processo a energia cai”, revelou o mecânico.

Para resolver o problema da falta de energia, o comerciante Valmir Segundo comprou um gerador que custou R$ 1,8 mil. O aparelho é utilizado durante o dia no estabelecimento comercial e no turno da noite, o gerador é ligado para fornecer energia para sua residência.

“Senão fosse este gerador estaria sofrendo com as constantes quedas de energia. O prejuízo acontecia tanto no comércio como em minha casa, pois vários equipamentos foram queimados durante a oscilação de energia. Já perdemos máquina copiadoras, aparelho de televisão. Também temos um custo de R$ 300 mensais com a compra de combustível para colocar no gerador”,
contou.