"Preconceito incomoda, tamanho não", diz pai de criança com nanismo
17/04/2016 08h12Fonte G1 PI
"Meu filho é uma criança normal, que precisa de carinho e amor". É assim que o pai Djarlles Pierote define Davi Pierote, de 4 anos, portador de nanismo. Para eles, a maior barreira a ser enfrentada é o preconceito das pessoas e por este motivo a família traz para Teresina a campanha #SomosTodosGigantes, que acontece neste sábado (16), às 18h, no Parque Potycabana, Zona Leste da capital."O preconceito incomoda, tamanho não! Queremos com a campanha mostrar para as pessoas o quanto é importante respeitar os portadores de nanismo, porque isto melhora a autoestima deles. Estamos plantando informação hoje para que em 10 ou 15 anos tenhamos mais acessibilidade e a sociedade esteja mais adaptada para receber pessoas como o David e assim ele consiga viver melhor", falou Djarlles Pierote.
Os pais de Davi descobriram o nanismo do filho durante a ultrassom morfológica, realizada na 32ª semana de gravidez. Na época, os médicos informaram que a criança apresentava membros de um bebê de seis meses, mas não sabiam o grau de nanismo, que tem mais de 400 tipos.
"Na época foi um baque, porque os médicos não tinham muito conhecimento do caso para nos repassar com mais detalhes. Nós pensávamos que nosso filho poderia nascer sem um membro, não fosse andar ou seria inválido. Mas quando o David nasceu, do primeiro momento até hoje, foi de alegria total. Ele é a felicidade da casa", contou o pai.
Imagem: Catarina Costa/G1 PIPai idealizou campanha para combater o preconceito contra o nanismo.
Davi Pierote nasceu com o tipo mais comum de nanismo, a acondroplasia óssea. Ela não tem tratamento hormonal, no entanto, há uma série de acompanhamentos que a criança precisa, como neurológico, cardiológico e ortopedia.
Na busca por informação sobre o nanismo, Djarlles Pierote conheceu outros pais de crianças portadoras da mesma mutação genética do filho e juntos eles decidiram criar a campanha nas redes sociais usando a hastag #SomosTodosGigantes. A ideia era unir forças para combater o preconceito e lutar por acessibilidade, debatendo o assunto a partir de eventos em locais públicos, já realizados em Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e pela primeira vez no Piauí.
"Estudamos sobre o caso do Davi, mas para fornecer uma vida melhor para ele queremos desmistificar aquela ideia de que a pessoa portadora de nanismo deve ser motivo de piada. Ao invés disso, ela pode ser uma pessoa normal, capaz de exercer qualquer profissional, como médico, advogado ou professor", completou Davi Pierote.
Imagem: Catarina Costa/G1 PI
O preconceito na pele
Mesmo com a luta, o pai de Davi revelou passar diariamente por situações constrangedoras, onde o filho vira motivo de curiosidade das pessoas. Em alguns casos, adultos pedem para tirar foto, apontam, o que gera um desconforto para a família.
"Normalmente já temos na veia o instinto de defender o filho e neste caso ele se multiplica por 100. O David ainda está conhecendo o mundo, se desenvolvendo, mas já consegue identificar que as pessoas tem preconceito. Um dia desses ele chegou da escola falando que uma pessoa o chamou de anão. Toda vez que situações como essas acontecem, eu procuro os pais de outras crianças com nanismo para saber como eles lidam com isso", desabafou.
Para fortalecer Davi, Djarlles Pierote preferiu não fazer nenhum tipo de adaptação em casa por causa do nanismo do filho, mas apenas suporte com escadas. Segundo ele, as adaptações poderiam ser feitas, mas na própria sociedade a criança sofreria com a falta de acessibilidade.
"Ele desce da cama, escova e toma banho sozinho. Preferimos criá-lo assim. Somente na escola pedimos algumas adaptações, porque eram circunstâncias que estavam causando problemas ortopédicos para ele, como a cadeira que é mais baixa para possibilitar o Davi fique com os pés encostando no chão. O meu filho é todo perfeito, tem energia mais do que outros da idade dele e não apresenta nenhuma limitação. Ele faz judô, natação e jiu-jtisu, como qualquer outra criança", completou Djarlles Pierote.
Nanismo
Desde 2004, o portador de nanismo foi incluído na Lei da Acessibilidade, que abrange tanto pessoas com deficiência física, como quem tem mobilidade reduzida. O descumprimento da portaria foi debatido em audiência pública realizada ano passado, na Câmara Municipal de Teresina.
O nanismo é uma condição física que afeta uma pequena parte da população, na proporção de um para 25 mil nascimentos. Ele é resultante de uma mutação genética, a qual leva o crescimento esquelético anormal, resultando numa pessoa com estatura entre 70 cm a 1,40 metros.
Mesmo sendo a causa genética, essa deficiência não é uma condição hereditária, isso significa que qualquer casal pode ter um filho com algum dos tipos de nanismo.
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