Prefeitos de cidades do PI em emergência pela seca fazem apelo: "situação lamentável"
08/04/2025 16h29Fonte G1 PI
Prefeitos de mais da metade das cidades do Piauí em situação de emergência devido à seca se reuniram, na manhã desta terça-feira (8), na sede da Associação Piauiense de Municípios (APPM), em Teresina, para fazer um "pedido de socorro" aos governos do estado e federal.Ao todo, o Governo do Piauí reconheceu, em 2 de abril de 2025, emergência em 129 municípios do estado atingidos pela seca. A Secretaria Estadual da Defesa Civil (Sedec) anunciou uma liberação de R$ 6 milhões para abastecer os moradores dessas cidades com carros-pipas.
Um dos prefeitos que participou do apelo na APPM foi Orlando Costa (PT), gestor de Fartura do Piauí. Ele trabalhava como motorista de carro-pipa antes de assumir a gestão e, em entrevista à TV Clube, se emocionou ao relatar o drama vivido pela população da cidade.
Segundo o prefeito, não há chuvas em Fartura do Piauí desde novembro de 2024.
“A situação é caótica, precária, lamentável. O inverno começa em novembro e, de lá para cá, não choveu. O povo procura por água e cesta básica. Os bichos estão morrendo de sede. Eu fui pipeiro por vários anos e nunca vi o pequeno agricultor pedir água de carro-pipa para dar aos animais”, desabafou o gestor.
O presidente da APPM, Admaelton Bezerra – que também comanda a prefeitura de São José do Piauí – comentou que os prefeitos querem soluções práticas e efetivas, mas, no momento, os cidadãos precisam de medidas imediatas e paliativas.
Entre elas, Admaelton citou o abastecimento das cidades por carros-pipas e a perfuração de poços artesianos, cuja água flui para fora naturalmente.
“Muitos municípios tiveram perdas de mais de 80% da sua lavoura. A classe mais vulnerável realmente não tem nem o que comer, os açudes estão secos. A gente não tem tempo a perder”, enfatizou o presidente.
Além da Operação Carro-Pipa da Sedec, a Secretaria Estadual da Assistência Social (Sasc) anunciou que pretende destinar R$ 400 a cada família afetada pela seca nas cidades incluídas no decreto do governo piauiense, totalizando a quantia de R$ 5 milhões.
Imagem: Reprodução/TV Clube
Moradora pega água suja em açude durante forte seca no Piauí.

Adutora resolveria problema
A construção da Adutora do Sertão do Piauí resolveria, ou amenizaria, o problema de abastecimento de água em períodos de seca em cerca de 51 municípios do Piauí.
Mas, mesmo após nove anos da determinação de sua construção pelo Ministério Publico Estadual (MPPI), apenas a conclusão da 1ª etapa da construção foi anunciada pelo estado.
A adutora foi idealizada ainda em 2013, quando a Superintendência Regional do Serviço Geológico no Piauí (CPRM) apresentou o projeto ao Ministério da Integração Nacional e à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Com orçamento preliminar de R$ 842 milhões, a obra inclui a construção de uma adutora para distribuir a água de 37 poços para 51 cidades do semiárido piauiense, atendendo uma população de 600 mil habitantes.
O projeto prevê que o abastecimento poderia durar 350 anos sem causar dano nenhum ao manancial, segundo o Superintendência Regional do Serviço Geológico no Piauí.
Em Cristino Castro, local onde a construtora teria parte sua localização, a água de um poço tem uma vazão de 700 mil litros por hora e chega a atingir uma altura de até 20 metros.
Em um dia inteiro, a vazão seria suficiente para abastecer uma cidade com 140 mil habitantes, conforme os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS). A população de Cristino Castro é de 10 mil.
O município fica no Vale do Rio Gurguéia, na Bacia Sedimentar do Rio Parnaíba – a terceira maior reserva de água subterrânea do Brasil.
Na região, muitas vezes basta atingir o lençol freático para a água subir sem necessidade de bombas. Isso acontece porque esses aquíferos estão selados e cheios de água.
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