Primeira mulher a integrar pelotão de elite da PM no Piauà vai atuar na Copa
14/05/2014 09h52Fonte G1 PI
Imagem: Gil Oliveira/ G1 PIIwalma Matos é a primeira mulher a fazer parte da tropa de elite da cavalaria da PM.
A soldado Iwalma Matos, de 30 anos, fez história ao se tornar a primeira mulher a concluir o curso de Operações de Choque Montado e integrar o pelotão de elite do Esquadrão de Polícia Montada (Epmon) da PM do Piauí. Casada e mãe de uma filha de um ano e meio, a militar, junto com seu cavalo Galante, deverão fazer parte da equipe de policiais da cavalaria do Piauí que vão auxiliar a PM do Ceará, no mês de junho durante a Copa do Mundo de 2014.
Formada em enfermagem, Iwalma Matos confessa que não almejava uma carreira na Polícia Militar, mas ao sair da faculdade precisava de emprego e a mudança de vida ocorreu após fazer um concurso para PM e ter êxito. Sua missão dentro da polícia começou há cinco anos quando passou pelo policiamento ostensivo no Batalhão do Ronda Cidadão e 6º Batalhão de Polícia Militar. Saindo das ruas apenas durante o período da gravidez, quando integrou a equipe de vigilância do guardião eletrônico.
“Foi uma área diferente da minha graduação, mas logo no curso de formação me apaixonei pela profissão e encontrei aptidão militar. Agora quero crescer dentro da corporação e conquistar todas as graduações dentro da instituição”, afirmou.
Quando foi anunciado o edital para o 1º Concurso de Pelotão de Choque da Polícia Montada do Piauí, recrutando militares para integrarem a cavalaria, ela não perdeu tempo e se tornou a primeira “amazona” a integrar uma tropa de elite da Cavalaria da PM do Piauí. “Me inscrevi e aguardei ansiosa para início do curso de formação. No total foram 43 policiais inscritos e desses somente uma mulher. No final apenas 23 conseguiram ser aprovados e agora integram o pelotão de elite”,
Pelotão de Choque
O comandante do batalhão de Polícia Montada do Piauí, major Jamson Lima, revela que o primeiro curso para instituição do Pelotão de Choque da Cavalaria, realizado entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, foi uma grande conquista da Polícia Militar do Piauí.
“Este curso nunca tinha sido realizado no estado Tivemos também uma grande procura de oficiais de outros estados e países. Dos 43 alunos selecionados para o processo de aprendizagem, dois eram oficiais da Polícia Militar do Ceará, dois da PM do Maranhão e tínhamos ainda dois oficiais da Polícia Paraguaia”, destacou o major.
Dos 43 selecionados, apenas 23 pessoas concluíram o curso com êxito. “São 45 dias de preparação intensa. Todos passam por testes técnicos, físicos, psicológicos, foram colocados em situação de estresse e tiveram aulas teóricas e praticas em diversas disciplinas como, psicologia das multidões, gerenciamento de crise, uso progressivo de força, manuseamento de armamento não letal, uso de reagentes químicos, aulas de direitos humanos, além de conhecimento de parte de legislação. Tudo isso para estarmos preparados para agirmos nas mais diversas situações, especialmente durante grande eventos como a Copa do Mundo”, disse o major Jamson, lembrando ainda que o treinamento não foi diferenciado por sexo ou patente militar.
Para a soldado Iwalma, a parte mais difícil do treinamento foi a simples montaria no cavalo. “Tinha uma admiração pelos animais, mas nunca havia feito uma montaria. Era a única do grupo com essa deficiência, mas tive que superar. Aprendi a cair e levantar, após vários tombos, mas tudo faz parte do aprendizado e agradeço muito ao meu fiel parceiro, o galante, que meu deu segurança para montá-lo e hoje consegui integrar a equipe”, ressaltou.
Imagem: Arquivo PessoalIwalma Matos montada em seu cavalo no Quartel da Polícia Militar do Piauí.
Segundo o comandante, a atuação da cavalaria durante os protestos e a presença de militares da cavalaria é vista por duas formas, tanto com admiração e quanto com efeito intimidatório. “Só o barulho dos casco do cavalo no chão já causam um efeito psicológico nas pessoas, que tem um misto de respeito e temor com a tropa. Por exemplo, quando atuei nos protesto do ano passado tem uma foto de um manifestante me entregando uma flor, depois de um tempo é que veio as pedradas”, brincou o major Jamson.
Para Jamson a polícia não deve ser mais vista com truculenta. “As coisas mudaram, a sociedade exige que o policial seja mais preparado e aja de acordo com seu treinamento. Não seremos irresponsáveis de jogar um animal de 600 kg sobre manifestantes”.
Parceiro de trabalho
Aproximação entre o militar da cavalaria e o seu animal é indispensável para realização de um bom trabalho. O comandante explica que todo o treinamento da tropa é feito em conjunto e voltado para dupla, cavalo e cavaleiro/amazona.
"Todos os dois tem que estar preparados. Por exemplo, se formos efetuar um disparo em cima do cavalo ele não pode se assustar, tem que ser preparado para suportar grandes barulhos, como estouro de bombas ou outros sons fortes. Também é treinado para ultrapassar barreiras, mesmo que esteja em chamas ou entrar dentro de água. Tudo conforme o comando do militar que o monta”, descreve o major.
“Durante todo o treinamento, apesar dos tombos, o galante me deu segurança para seguir em frente. É um cavalo muito forte e bonito, sem o trabalho e o preparo dele nosso trabalho não teria êxito”, relata Iwalma.
Atuação na Copa
Sobre a atuação da tropa nas cidades que sediaram jogos da Copa do Mundo de 2014, o comandante destacou que a sua corporação foi procurada pela Polícia do Ceará, para prestar auxílio ao pelotão do estado vizinho.
“Eles souberam do nosso curso e já oficializaram essa convocação através de documentos. Estamos agora, firmando essa parceria e acertando os últimos detalhes para o envio de 18 militares da tropa de elite da cavalaria do Piauí para a cidade de Fortaleza, no Ceará. Vamos atuar no estado caso haja manifestações de rua”, informou o comandante Jamson.
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