Procurador e sindicalista são ameaçados em grupo de Whatsapp que defende aulas presenciais
24/03/2021 18h13Fonte cidade verde
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O Ministério Público do Trabalho no Piauí acionou a Secretaria de Segurança Institucional do MPT, em Brasília, após tomar conhecimento que um procurador membro da instituição foi citado “de forma preocupante” em grupo de Whatsapp que defende aulas presenciais em Teresina.A polêmica começou quando o Ministério Público do Piauí, provocado pelo Sindicato dos Professores e Auxiliares da Administração Escolar do Piauí (Sinpro), instaurou um procedimento para averiguar a saúde e segurança dos professores que voltaram a ministrar aulas de forma presencial no Estado. O MPT analisa a possibilidade de acionar a Justiça para proibir por 30 ou 15 dias as aulas presenciais no estado, após o COE (Comitê de Operações Emergenciais) divulgar dados que 263 e trabalhadores da educação testaram positivo para Covid-19.
Um print da tela do grupo intitulado “Volta às Aulas Teresina” viralizou no fim de semana nas redes sociais. Na conversa um membro pergunta: “Alguém descobriu quem é esse procurador que está procurado conversa com a gente? Fazem tudo na surdina. Feito cobras”. Na conversa um outro integrante questiona “onde fica a casa do presidente do Sinpro” e completa com “vamos aperriar [SIC] o juízo dele”.
Em nota enviada ao Cidadeverde.com, o MPT garantiu que já está adotando todas as medidas necessárias para localizar autores e neutralizar qualquer risco eventualmente existente, “seja à integridade física, seja à independência de atuação dos membros da instituição”.
O presidente do Sinpro, professor Jurandir Soares, informou que o setor jurídico do sindicato está adotando as devidas providências e criticou a postura dos integrantes do grupo . "Manteremos firmes nossas convicções. Na verdade, este grupo deveria era estar do nosso lado pela campanha de vacinação dos professores", disse. O professor também afirma que percebeu ameaças no perfil da entidade sindical no Instagram.
O Sinpro informou na noite de ontem (23) que as aulas presenciais em escolas privadas do estado ficarão suspensas até o dia 4 de abril. Em reunião "amistosa" com o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Piauí (Sinepe) ficou acertado que as aulas presenciais darão uma pausa por 10 dias a partir de sexta-feira (26), feriado atencipado de Nossa Senhora Aparecida.
Veja nota completa do MPT
Vivemos um momento delicado no qual vigora a intolerância. Muitos não estão observando que, quando se desrespeita os pilares do regime democrático de direito, coloca-se em risco o próprio regime. O Ministério Público do Trabalho como integrante do ministério público brasileiro tem por missão constitucional garantir o cumprimento das normas trabalhistas. Cumprindo sua missão, após denúncia efetuada no Ministério Público do Piauí, foi instaurado um procedimento para averiguar a saúde e segurança dos professores no curso desta epidemia grave que vivenciamos. No cumprimento estrito de seu dever, ainda no início da fase de investigação, quando nem mesmo havia expressado suas conclusões, nem definido qualquer medida a ser adotada, um dos nossos membros foi citado de forma preocupante em grupos de Whatsapp. A segurança de nossos membros é uma das maiores preocupações da nossa instituição. Exatamente para garantir que cada procurador possa atuar de forma independente em defesa dos interesses da coletividade. No momento em tomamos conhecimento desta situação, acionamos a Secretaria de Segurança Institucional do MPT, em Brasília, que já está adotando todas as medidas necessárias para localizar autores e neutralizar qualquer risco eventualmente existente, seja à integridade física, seja à independência de atuação dos membros do Ministério Público do Trabalho no Piauí.