Professor do campus de Picos da Uespi é afastado após denúncias de assédio a aluna em sala de aula
29/10/2024 08h09Fonte G1 PI
Uma estudante de 18 anos da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), no campus de Picos, denunciou ter sido assediada sexualmente por um professor de 60 anos. Segundo o Boletim de Ocorrência (BO) registrado pela vítima, o suspeito a perseguia durante as aulas e chegou a apontar um laser para os seios dela durante uma aula.Em nota, a UESPI informou que a aluna não fez uma denúncia formal. Leia a nota na íntegra no final da reportagem.
Conforme o Diretório Central dos Estudantes (DCE) de Picos, a aluna denunciou o caso na Ouvidoria e o Grupo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (NEVIM). Ao fazer a denúncia, a estudante foi informada que o professor havia sido afastado em razão das queixas. Na nota divulgada à imprensa, a UESPI não cita o afastamento.
Ao saberem que uma aluna havia sido vítima de assédio, no dia 17 de outubro, os estudantes da instituição organizaram uma manifestação e espalharam pelo campus diversos cartazes pedindo o afastamento do professor (foto abaixo). Até então, os estudantes não sabiam quem era a vítima.
Denúncia
A vítima ingressou na instituição apenas há dois meses, no dia 28 de agosto de 2024, e está no primeiro período. E com menos de um mês de aula o assédio começou. O g1 teve acesso à denúncia formalizada pela aluna na ouvidoria no dia 18 de outubro, um dia após a manifestação organizada pelo DCE. E no mesmo dia em que denunciou o caso à Polícia Civil.
O g1 organizou, em uma lista cronológica, as importunações que a aluna relatou à universidade:
- Inicialmente, a vítima relatou que, durante as aulas, era constantemente chamada pelo professor com perguntas e interações. Por isso mudou de lugar na sala, para tentar afastar a atenção, mas as investidas continuaram;
- No dia 19 de setembro de 2024, ela recebeu seis chamadas telefônicas, sendo cinco perdidas e uma atendida. Era o professor, que se identificou e disse que havia ido até o local de trabalho de uma colega de sala da aluna para conseguir o número. O assunto da chamada, segundo a denúncia, eram assuntos da aula anterior;
- No dia seguinte, o professor ligou outra vez, falando novamente sobre a aula do dia anterior. Então a vítima contou a alguns colegas o que estava acontecendo e eles falaram que também notaram o comportamento estranho do docente com a aluna durante as aulas;
- Depois, durante uma aula que a estudante chegou atrasada, seus colegas contaram que o professor questionou a classe se ela iria faltar, porque ainda não estava na sala.
- Em outra aula, em que a aluna sentou no fundo da sala, notou que o professor apontava um objeto para ela. Ao abaixar a vista, notou que ele apontava o laser que utilizava durante as aulas para os seus seios;
- No dia 9 de outubro, conforme a denúncia da ouvidoria, a vítima pediu para que sua mãe a levasse em um psicólogo. A mãe não sabia do que se tratava. A vítima relatou que queria ter certeza que as atitudes do professor era assédio contra ela. O profissional a orientou a contar o que estava acontecendo para sua família;
- Então, no dia 10 de outubro, ela contou o que estava acontecendo para a família. E acompanhada da mãe, foram na diretoria do campus de Picos da Uespi e relataram essas ocorrências para a instituição. A direção do curso informou que a situação seria resolvida imediatamente. No mesmo dia, quando foi para a aula, o coordenador do seu curso informou à turma que o professor em questão havia sido afastado.
Leia a nota da Uespi:
NOTA
A Direção do campus Prof. Barros Araújo, em Picos, vem a público manifestar seu posicionamento diante das recentes informações de assédio envolvendo um professor e uma aluna da instituição.
Em primeiro lugar, reafirmamos nosso compromisso inalterável com um ambiente acadêmico seguro, ético e respeitoso para todos e todas. A Universidade não compactua, em hipótese alguma, com comportamentos que firam os princípios da dignidade humana, como assédio moral, sexual ou qualquer tipo de violência.
É importante ressaltar que a Universidade dispõe de canais institucionais devidamente estruturados para acolher e apurar denúncias de forma séria e responsável. A Ouvidoria e o Grupo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (NEVIM) estão à disposição de todos os membros da comunidade acadêmica para receber denúncias, realizar orientações e garantir o encaminhamento correto das informações, sempre resguardando a privacidade e a segurança das partes envolvidas.
Reforçamos a necessidade de tratar este tema com a máxima sensibilidade, evitando qualquer exposição ou julgamento antecipado, a fim de preservar a integridade e bem-estar da vítima. A Direção do campus mantém-se atenta e comprometida em manter os espaços da universidade como locais de aprendizado, respeito e inclusão.
Importante esclarecer que não houve a denúncia formal, porém, a Direção do Campus realizou os procedimentos e fez os encaminhamentos após ouvir as partes envolvidas.
A Direção do campus reforça o compromisso de aprimorar continuamente suas políticas e ações de combate a qualquer forma de violência ou discriminação, por isso, assim, como aconteceu no início do semestre, o campus irá preparar um novo evento para debater sobre violência contra as mulheres e reforçar que o campus universitário é um espaço de paz, respeito e conhecimento.
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