Professora faz ceias de Natal há 15 anos e sonha em construir orfanato no Piauí

24/12/2017 09h06

Fonte Cidade Verde

Um terreno no meio no município de Nazária, cidade vizinha a Teresina, foi o local escolhido para erguer o sonho de uma professora e de 100 meninos e meninas que convivem com a exploração infantil. Maria das Graças Hermes da Costa Nunes, conhecida como Irmã Graça, nasceu com o dom de ajudar o próximo e nas quatro décadas dedicadas a ações sociais tirou 5 mil crianças das ruas. A meta agora é construir um orfanato.

Irmã Graça é bastante conhecida por seu trabalho à frente do Centro Integrado da Criança e do Adolescente Cordeiro do Reino (Cincacre) que acolhe crianças da zona Sul da Capital há mais de 15 anos. O sonho de construir o orfanato surgiu também há algum tempo após conhecer a realidade das crianças do município de Nazária, distante 30 km da Capital.

"O que tenho até agora é o terreno, a planta do prédio e alguns milhares de tijolos que foram prometidos. Tivemos algumas promessas, mas nada certo, ou seja, não teve namoro e nem casamento", brinca a irmã se referindo a falta ajuda financeira para a realização do sonho.

A construção do orfanato deve custar em torno de R$ 1 milhão e 800 mil.

"Ainda não tenho nada em moeda para a construção do abrigo. Contudo, eu tenho um alvo e não desvio. Quando comecei meu projeto na Vila Irmã Dulce, ninguém acreditava. Minha meta lá no Cincacre era ajudar 2 mil crianças e já ajudei mais de 5 mil", ensina a professora.

Atualmente, o Cincacre atende aproximadamente 540 crianças e adolescentes que têm acesso a aulas do ensino regular e atividades como dança e música.

"Quero oferecer tudo isso no orfanato e ainda de uma forma mais aprimorada, pois as crianças vão morar lá", sonha a professora.

As histórias de maus-tratos e exploração infantil, inclusive sexual, também impulsionam a professora a não desistir de lutar pelo próximo. Neste mês, ela fez uma ceia de Natal e arrecadou mais de 500 quilos em alimentos, além de materiais de limpeza. Cerca de 800 famílias participaram da ação social que acontece há 15 anos.


Mas o trabalho da irmã não se resume apenas em dar comida para quem precisa. Ela também alimenta esperança.

"Monitoro algumas das crianças que quero levar para o orfanato. Sempre converso com elas, as aconselho....digo que elas vão sair daquela situação e que continuem sendo boas crianças...Dói meu coração vê-las naquela situação", desabafa.

O trabalho da irmã é incansável. Ela confessa que tanta dedicação às vezes causa ciumeira até nos próprios filhos, mas diz que nasceu com vontade de ajudar.

"Quem faz voluntariado ou gosta ou acaba desistindo. Essa vontade de ajudar já nasce com a pessoa. Me sinto muito útil, mas também tão pequena por ainda não conseguir ajudar ainda mais crianças. Queria me dividir em mil para abraçar todo mundo", conta com entusiasmo.