Professores do PI denunciam atraso de salários no 'Brasil Alfabetizado'
07/04/2014 09h29Fonte G1 PI
Professores do Brasil Alfabetizado que atuam em 20 cidades piauienses denunciam que estão há cinco meses sem receber salários. Outra reclamação é que a merenda destinada aos alunos do programa federal prevista para ser entregue no início das aulas, em novembro do ano passado, nunca chegou nas escolas. Segundo uma docente, que não quis se identificar, cerca de 350 professores e 17 turmas de jovens e adultos sofrem com o problema no estado."A bolsa mensal é de R$ 400 referente a 2h30 de aula por dia, que acontece de segunda a sexta-feira nas zonas urbanas e rurais de Floriano e outras microregiões como Guadalupe, Nazaré do Piauí, São Francisco do Piauí, Itaueira e Flores do Piauí. Além dos salários atrasados, estamos tirando dinheiro do nosso próprio bolso para comprar o lanche dos alunos, porque senão eles deixam de frequentar as aulas. Tenho estudante de 75 anos de idade, que já trabalha o dia todo, chega cansado na escola e sem incentivo acaba desistindo do programa", revelou.
Ainda de acordo com ela, a única bolsa depositada foi referente ao mês de novembro e mesmo após cobranças dos professores ninguém deu satisfação. "O programa termina em junho. Em todos esses meses não deixamos de ministrar aula um dia e de enviar a frequência. É inaceitável essa situação", destacou.
Os professores ameaçaram que se nada for feito até o mês de abril deixarão de enviar as frequências, que serve como comprovação das aulas ministradas.
O G1 procurou o órgão responsável pelo programa Brasil Alfabetizado no Piauí. A diretora geral da Unidade de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação, Rosimar Costa, confirmou o atraso nas bolsas, mas de apenas quatro meses, e que o problema está no orçamento federal.
"Somos apenas responsáveis pela seleção e cadastro dos professores no programa, depois apenas ficamos com a função de enviar a frequência mensal por e-mail ao Governo Federal. O próprio Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) deposita o dinheiro da bolsa direto na conta do docente. Não temos culpa do atraso", comentou.
Para Rosimar Costa, o programa possui quatro mil bolsistas em todo o estado que atuam em 202 cidades. Ela declarou saber do atraso de apenas uma parcela da bolsa e não de cinco como denuncia os professores, mas que já entrou em contato com os responsáveis pelo projeto em Brasília.
"Eles informaram que é problema no orçamento e também estão fazendo algumas verificações no cadastro dos docentes e alunos. Às vezes a bolsa é bloqueada porque o professor aparece duas vezes na frequência, como aluno e docente. Isto precisa ser analisado", disse.