Projeto do MP mapeia o tráfico de drogas e quer reduzir crimes em cidades do Piauí

16/11/2018 07h40


Fonte CidadeVerde.com

O tráfico de drogas se tornou o maior problema do Brasil. É um negócio ilegal que propaga violência, assassinatos, roubos e movimenta R$ 1,4 bilhão em todo o país. O consumo e o tráfico provocam danos, muitas vezes irreversíveis, gerando custos sociais e econômicos por parte do poder público. As drogas não distinguem cor, raça ou classe social e não se resumem mais aos grandes centros.

Os entorpecentes estão invadindo o interior do Brasil. No Piauí, uma iniciativa do Ministério Público do Estado (MPE) quer impedir, que municípios piauienses se tornem verdadeiras fortalezas do tráfico, como já acontece no vizinho estado do Ceará, invadido por facções criminosas. O projeto "No Alvo, contra o Tráfico de Drogas" vai atuar inicialmente em 7 cidades: Altos, União, Floriano, Barras, Uruçuí, Campo Maior e Esperantina. Nas duas primeiras, ainda em 2018. O ponto de partida foi o município de Altos, a 42 km ao Norte de Teresina. Lá, o MP e os parceiros do projeto como - as polícias civil e militar - já identificaram os principais locais com incidência de crimes.

“Essa ideia é um projeto de segurança pública para prevenir e combater o tráfico de drogas no interior do Piauí em 7 cidades. Em parceria com o núcleo de estatística da Polícia Civil e da Secretaria de Segurança, a gente faz um levantamento da criminalidade local em cima de vários sistemas que a polícia já tem. Em cima disso nós fazemos umas manchas de calor, que nós chamamos de hot spot. Essas manchas mostram a maior incidência dos crimes de roubo, por exemplo”, afirma o promotor de Justiça Sinobilino Pinheiro, do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminais (CAOCRIM), coordenador do projeto.

Imagem: Polícia CivilProjeto do MP mapeia o tráfico de drogas e quer reduzir crimes em cidades do Piauí.(Imagem:Polícia Civil)

Com base nas estatísticas, o alvo do projeto em Altos será o Centro da cidade. “Em Altos, a gente definiu onde o tráfico de drogas está acontecendo e gerando outros crimes. Tem o levantamento de campo, onde a polícia se dirige ao local, entrevista as pessoas, autoridades, para ver se essa impressão do sistema é realmente a que vai ocorrer. Centralizada a região nós vamos fazer um trabalho de combate e vigilância por parte de várias instituições”, acrescenta o promotor.

No último dia 7 de novembro, o MP realizou um workshop no Fórum Desembargador Odorico Rosa e apresentou o relatório estatístico para as autoridades locais como a PM, Guarda Municipal, Prefeitura, dentre outras. “É o ponto de partida. Agora vamos exigir que essas instituições nos apresentem um plano de prevenção e combate até janeiro de 2019”, afirmou o promotor. Participaram do evento, o Promotor titular da 2ª Procuradoria de Justiça de Altos, Paulo Rubens Rebouças, o secretário de Segurança Pública do Estado do Piauí, Coronel Rubens Pereira e a Promotora Carmelina Moura, chefe da Assessoria Especial Administrativa do Procurador-Geral de Justiça.

Na prevenção, o projeto prevê ações sociais nas escolas através da PM, Civil, além do próprio MP. “No nosso caso, temos o Paz nas Escolas. Já no campo do combate caberá à polícia civil com o apoio da Depre e do Greco identificar os possíveis traficantes distribuidores dessa região para que possa instaurar um procedimento investigatório, realizar prisão se for o caso, buscas e apreensões”, detalha.

Segundo o MP, no levantamento da Polícia Civil está claro que há uma migração da criminalidade para o interior do Estado e uma das fortes causas disso é o tráfico de drogas. “Ele alimenta outros crimes como roubos, latrocínios e a vida. Uma coisa gera a outra. A finalidade é fazer com que reduza a criminalidade localizada. Muitas vezes, a gente tem visto isso: a criminalidade localizada por causa do tráfico de drogas representa de 50 a 60% da criminalidade do município todo. Na medida que você faz algo centralizado, a criminalidade tende a cair”, destaca.

O promotor ressalta que a ação principal do projeto é promovida pelo município. “A segurança pública não é armamento e não se restringe à polícia nas ruas. É mais do que isso. É serviço público, regras de trânsito, policiamento próximo da sociedade e não somente de forma ostensiva. Veja o que aconteceu em Medelin na Colombia: engajamento social, empoderamento social. Como as causas são diversas, as soluções também são diversas. Isso tem que vir de vários setores”, lembra.

Criada em 2001, a Guarda Municipal de Altos é composta de 19 policiais atuando em rondas preventivas no município, principalmente em logradouros públicos. Para o comandante da corporação, o projeto do Ministério Público chega para unir forças contra a criminalidade.

“Hoje nós estamos mais focados nas rondas preventivas de prédios, postos de saúde, hospital e logradouros públicos. É muito importante a união das forças, tanto da Guarda, Polícia Militar, Polícia Civil e o Ministério Público também que é uma grande força, um grande aliado contra esses crimes que assolam não só a nossa cidade, mas todo o país. Quanto mais instituições envolvidas nesse trabalho, melhor para a sociedade”, afirma o comandante Raimundo Ferreira.

Segundo ele, o projeto vai iniciar por uma área bastante movimentada e que concentra realmente a maior quantidade de delitos. “O tráfico se instala onde tem a maior concentração de pessoas. No Centro nós temos colégios, bares, pontos vulneráveis e infelizmente o traficante para vender a drogas faz isso: se instala em locais com maior número de pessoas. O trabalho no Centro seria o começo desse projeto”, ressaltou, destacando que em janeiro a Guarda passará a andar armada.

“A nossa Guarda Municipal está passando por uma reestruturação. Já estamos trabalhando a questão do armamento e acredito que a partir de janeiro teremos esse armamento em mãos”,
afirmou.

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